Concorrência maior divide mercado e força fundos a render mais

Números de fundos e investidores mostra cenário de maior concorrência entre fundos que pode ser bom para o investidor e para o país.
Por  Felipe Medeiros -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Em menos de 8 anos a indústria de fundos de investimentos passou por um crescimento robusto e ao menos em termos de patrimônio líquido, seus recursos mais que dobraram. Entretanto esse não é o único número a chamar a atenção.

De acordo com dados fornecidos pela ANBIMA, entre dezembro de 2005 e junho de 2013 o número de fundos de investimentos em funcionamento no Brasil foi ainda mais impressionante, crescendo cerca de 180% nesse período. Apesar disso, o fator mais intrigante é que o número de investidores desse mercado permaneceu praticamente estagnado como pode ser visto abaixo:

  • Quantidade de fundos: de 4.825 para 13.533, aumento de 180% no período;
  • Quantidade de cotistas: de 10.556.343 para 10.708.511, aumento de 1,44% no período.

Esses dados podem ser, por si só, um forte indício de pulverização do capital aplicado em fundos de investimentos. Inicialmente, esses não parecem ser bons resultados para o país, uma vez que se não houve aumento efetivo no número de investidores de fundos, então os brasileiros continuam a investir mal o seu dinheiro ou sequer investem, o que demonstra dentre outras coisas uma má educação financeira dos brasileiros.

Por outro lado, se avaliarmos a evolução do Patrimônio Líquido total dos fundos para o mesmo período, este subiu de aproximadamente R$ 1,145 trilhão para R$ 2,401 trilhões, o que já é um número impressionante. É como se o Brasil tivesse quase uma Coreia do Sul (PIB de 2011 de US$ 1,116 trilhões) só aplicada em fundos.

Em termos nominais, isso equivale aproximadamente a uma queda de 25% no PL médio dos fundos e um aumento de 107% no PL médio dos cotistas, conforme o gráfico a seguir:

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  • PL médio dos fundos: de R$ 237 milhões para R$ 177 milhões, redução de 25%;
  • PL médio dos cotistas: de R$ 108 mil para R$ 224 mil, aumento de 107%.

Esses dados corroboram com a hipótese referente à pulverização do capital investido entre os fundos e embora o capital médio por investidor tenha aumentado consideravelmente, cerca de metade dessa evolução aconteceu só com os rendimentos dessas aplicações dado que no período a captação líquida foi de apenas R$ 568 bilhões. E é justamente nesse ponto que gostaria de chegar.

Seja bem-vinda concorrência

A justificativa mais plausível para esses valores está na hipótese de que uma maior concorrência entre fundos fez com que os investidores diversificassem mais suas aplicações em busca de melhores resultados, configurando uma indústria mais sólida e menos concentrada. Prova disso é o próprio aumento no número de gestores em atuação no Brasil que passou de 359 para 474 em apenas 2 anos (2011-2013).

As vantagens de uma concorrência maior já são conhecidas pela maioria, ainda assim, nesse caso destaco que podemos esperar ao menos a longo prazo uma redução gradual nas taxas cobradas pelos fundos (como administração e performance) e aumento no retorno médio das aplicações seja por uma redução dos custos ou por um esforço maior empenhado pelos gestores para manter e conquistar novos investidores.

Para o país a principal vantagem é que com uma indústria menos concentrada o impacto de um risco sistêmico deve ser menor. Em outras palavras, se um fundo ou gestor cometer algum equívoco a chance é que os danos sejam menores simplesmente por o dinheiro estar mais diversificado.

Como se vê, essa é uma indústria que vem demonstrando um crescimento consistente mesmo em meio a um cenário completamente adverso desde 2008 com as crises sequenciais. Por outro lado a transformação observada no setor tende a ser muito saudável tanto para os investidores como para o país. Sem dúvidas essa é uma ótima notícia para o investidor e para o país.

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