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Coronavírus em números

Não é possível dizer se o crescimento de casos no Brasil terá uma taxa constante ou exponencial, embora a última hipótese seja mais provável
Por  Matheus Tavares dos Santos -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

No final do dia 22 de março, 336 mil pessoas estavam infectadas, 14.600 morreram e mais de 97.500 se recuperaram da doença. Levando em consideração esses números, a mortalidade atual do coronavírus é de 4.3%; mas se considerarmos neste cálculo apenas os casos com conclusão (óbitos dividido por recuperados), essa taxa passa para 13%.

Esses cálculos são feitos baseados em números oficiais, mas obviamente, existem muito mais casos que ainda não foram diagnosticados ou são leves e assintomáticos que, se considerados, certamente reduzirão a porcentagem de letalidade real do vírus para próximo as taxas estimadas de 3%. Isso quer dizer que existem dezenas de milhares de pessoas com vírus ao redor do mundo que não foram diagnosticadas.

No final de fevereiro, o mundo chegou perto de erradicar a doença

No dia 20 de fevereiro, existiam mais de 56,000 casos ativos do vírus, à medida que a taxa de recuperação era maior que a de novos contágios, no dia 2 de março, esse número já era apenas de 42.000.

Vale ressaltar que casos ativos representam o número de pessoas com a doença em um dado momento presente, ele é medido pelo total de casos menos os casos concluídos – que são os indivíduos que morreram ou se recuperaram.

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O final de fevereiro e início de março foi um período em que casos novos cresceram a taxas menores que dias anteriores. A China, que até então representava mais de 99% dos casos do mundo, estava começando a controlar o coronavírus em seu país enquanto o crescimento nos outros países estava ainda no começo.

A Itália, por exemplo, estava na primeira semana do surto, e o primeiro caso do Brasil e a primeira morte nos EUA tinham ambos ocorrido apenas alguns dias antes. Naquele momento, menos de 30 países tinham o vírus, e muitos dos que tinham, era devido ao cruzeiro Diamond Princess.

Mas ao mesmo tempo, esse foi o período que a doença ganhou um contexto global, ela não estava mais restrita a uma província Chinesa.

O número de casos crescia pouco, apenas entre 1-3% por dia durante a primeira semana de março, mas também foi o período que, em poucos dias, mais de 100 países tinham casos confirmados e o mundo começou a encaminhar para uma crise global.

Mudança de Foco: Da China para o Mundo

Desde o início de março até hoje, o número de casos totais na China cresceu menos de 1.5% de 80 mil casos para 81 mil, enquanto a Itália foi de 1,000 para mais de 59.000 e os EUA de menos de 100 para mais de 32.700.

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Além disso, a China hoje tem apenas pouco mais que 5 mil casos ativos, menos que EUA, Espanha, Alemanha, Itália, Irã e França, que possuem todos mais de 10 mil casos ativos – ou mais de 20 mil, se considerar apenas os 4 primeiros da lista.

A situação hoje: Número de casos dobraram em uma semana

Hoje a China representa apenas 24% dos casos totais do mundo, comparado com 99% há um mês. Em uma semana, o número de casos foi de 169.000, no domingo dia 15, para 336.000, no domingo dia 22.

Mais assustador ainda é que o crescimento diário é cada vez maior, com recordes sendo quebrados todos os dias por 12 dias seguidos. Num período de 15 dias, entre o dia 20 de fevereiro e 5 de março, o mundo teve cerca de 27.500 novos casos, enquanto apenas em um três dias, na sexta-feira, sábado e domingo, tivemos 90 mil novos casos, aumento de quase 37% de todos os casos em apenas três dias.

Matheus Tavares dos Santos Matheus é analista de investimentos em fundos de hedge na maior asset management do mundo. Em cargos anteriores, ele foi trabalhou em um fundo de Venture Capital com foco na América Latina e teve experiencias em bancos brasileiros e norte-americanos assim como na bolsa de valores brasileira.

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