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A crise de reputação corporativa tem um novo e amargo case de estudo: o “Calvo do Campari”. Thiago Schutz, o autoproclamado “coach de masculinidade” e ícone do movimento Red Pill, foi preso em flagrante por agressão e tentativa de estupro contra a namorada.
O que seria apenas uma notícia policial se transformou em um pesadelo de branding para a Campari, que, mesmo sem nunca ter patrocinado o agressor, viu seu nome ser arrastado para o centro de um debate sobre misoginia e violência.
Os dados do Claritor são um retrato digital do desastre. A Reputação Online da marca Campari (Mar Aberto) está em um patamar de 3.9 (em um ranking que vai até 10), um sinal claro de que a associação com o caso contaminou a percepção pública.
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A crise que viraliza a 18 mil views por menção
A crise não é apenas volumosa, ela é viral. O monitoramento mostra que o sentimento negativo domina a conversa, e é ele que se espalha com maior velocidade e engajamento:
- Volume e Sentimento: Das 555 menções totais, 377 são negativas, representando cerca de 68% da conversa.
- Viralização Negativa: A Média de Views por Menção Negativa atinge impressionantes 17.986,9 visualizações, um número que reforça a expansão da crise, já que as menções positivas mal chegam a 10.001,9 views.
- Engajamento Tóxico: O Engajamento Médio por Menção Negativa é de 1.206,8, um número que esmaga o engajamento positivo (271,1), provando que o público está muito mais engajado em condenar a associação do que em defender a marca.
A crise se espalha por diversas frentes, mostrando a capilaridade do problema:
- X/Twitter (70% das menções): O palco principal da crise, com 3.6 milhões de visualizações e 9.6 mil retweets em apenas 389 menções, dominadas pelo sentimento negativo (66,6%).
- Sites de Notícias (12% das menções): O sentimento negativo atinge 90% nas 69 menções em sites, mostrando que a imprensa também está focada na condenação do caso.
- Instagram (17% das menções): A plataforma visual também reflete a crise, com 58% de sentimento negativo nas 97 menções, indicando que a imagem da marca está sendo afetada em todos os canais.
O preço da associação indesejada
A Campari já havia se manifestado em 2023, repudiando as falas misóginas de Schutz. No entanto, a força do apelido “Calvo do Campari” – que surgiu de um vídeo em que ele recusa uma cerveja, dizendo que só bebe Campari – se mostrou mais poderosa do que qualquer nota de repúdio.
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A prisão transformou a associação em uma condenação pública. Personalidades e veículos de grande alcance usaram o nome completo do “Calvo” para noticiar o crime, cravando a marca no imaginário da violência:
- Lázaro Rosa, em uma das menções mais virais (1 milhão de views), noticiou: “NÃO FALHA! Thiago Schutz, o ‘Coach de Masculinidade’ conhecido como Calvo da Campari e ícone do movimento Red Pill, foi preso hoje em flagrante por violência doméstica.”
- A deputada Erika Hilton criticou a soltura do agressor, usando o apelido e associando-o diretamente ao “retrato da misoginia e do machismo que impregna a nossa sociedade”.
O caso é um alerta ácido para o mundo do branding: a marca perde o controle da narrativa quando seu nome se torna um epíteto para um agressor. A Campari, que vende um estilo de vida sofisticado e amargo, agora lida com um amargo muito mais real: o de ter seu nome ligado a um discurso de ódio que culminou em violência.
A crise mostra que, no mundo digital, a reputação não é construída apenas por patrocínios, mas também por associações orgânicas e, neste caso, tóxicas. O desafio da Campari agora é imenso: como desinfetar seu nome de um “calvo” que, mesmo sem contrato, se tornou o rosto da crise mais viral da marca.