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A digitalização já transformou a experiência de compra, venda e aluguel de imóveis com visitas virtuais, contratos digitais e atendimento por chatbots. Agora, o setor avança sobre um de seus maiores gargalos: a originação de terrenos viáveis para grandes negócios imobiliários, sobretudo fora do segmento residencial. Essa etapa inicial do desenvolvimento imobiliário, ainda muito analógica e dependente de cadastros desatualizados e contatos pessoais, é hoje a grande fronteira da revolução tecnológica no setor. Seu impacto tende a ser profundo: ao acelerar e profissionalizar a prospecção de áreas, a tecnologia catalisa todo o processo de desenvolvimento imobiliário.
Plataformas que combinam big data, georreferenciamento e inteligência artificial já conseguem analisar, em segundos, a melhor vocação de cada terreno e sua viabilidade financeira, algo que antes poderia levar semanas.
Um exemplo vem dos Estados Unidos: a Reonomy, empresa do grupo canadense Altus, tornou-se referência ao identificar imóveis comerciais e terrenos ainda “off-market”, ou seja, não anunciados publicamente. Essa capacidade de mapear oportunidades escondidas sinaliza um caminho promissor para o Brasil, onde a prospecção estruturada de terrenos segue sendo um grande desafio.
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Mais do que apenas reunir dados, essas novas inteligências – as artificiais – funcionam como verdadeiras consultoras. Ao cruzar informações de zoneamento, restrições legais, infraestrutura urbana, índices de adensamento e valores comparativos, elas simulam cenários completos de uso e retorno financeiro. Isso gera valor tanto para os proprietários de terrenos, que passam a enxergar diferentes formas de monetizar seus ativos, quanto para incorporadoras e investidores, que reduzem custos, riscos e tempo na análise de viabilidade.
Um exemplo ajuda a ilustrar: imagine uma família na zona norte de São Paulo, dona de um galpão em um terreno de 10 mil metros quadrados, localizado próximo a uma futura estação de metrô. Surge a dúvida: vender o terreno, manter o aluguel do galpão ou procurar interessados em desenvolver um novo projeto imobiliário. Ao cadastrar o ativo na plataforma, recebem em segundos uma análise que mostra como o bairro — antes dominado por galpões — vem passando por um processo de transformação urbana, no qual áreas logísticas estão sendo substituídas por empreendimentos residenciais. A inteligência artificial, então, projeta o retorno em cada alternativa: venda imediata, manutenção da locação ou participação como sócios de uma incorporadora em um projeto de uso misto, residencial e comercial.
Ao desenhar cenários de melhor uso do solo, a inteligência de dados não só apoia decisões de proprietários, incorporadoras e investidores, como também contribui para uma ocupação urbana mais inteligente. Capazes de organizar mapas de zoneamento, dados sociodemográficos e de mercado, essas plataformas favorecem ganhos especialmente relevantes em cidades que ainda não possuem leis de zoneamento digitalizadas e atualizadas.
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A digitalização do mercado imobiliário não para por aqui. A evolução da tokenização imobiliária e o conceito de propriedade digital já começam a ganhar atenção na maneira como investidores e incorporadores se relacionam com os ativos do setor. Esses avanços prometem ampliar o acesso, democratizar investimentos e dar mais liquidez a um mercado historicamente pouco flexível. Mas esse é um tema que merece um olhar exclusivo — e será aprofundado no próximo artigo.