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Tesla e carros elétricos: se essa é a nova tendência, por que Musk não entrega os resultados prometidos?

Carros elétricos têm vantagens com relação aos veículos de combustão interna, como menor manutenção, menos peças, menos poluição, maior aceleração, maior segurança e conforto. Por outro lado, o custo das baterias é uma barreira para o desenvolvimento dessa tecnologia, assim como o tempo de recarga, que em alguns veículos podem demorar até 13h para obter-se 100% de carga, embora apenas 3h para 80%. E falar sobre carros elétricos implica quase que necessariamente em falar sobre o maior expoente dessa indústria: a Tesla, que é uma fabricante de veículos elétricos e que tem ações negociadas na Nasdaq.
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Eu não diria que carros elétricos (CE) são certamente o futuro, mas não dá para negar que são uma parte importante dele. Estamos mudando de um mundo em que a indústria automotiva é dominada por motores à combustão, para um em que os veículos elétricos ganham cada vez mais relevância e atenção.

Carros elétricos têm vantagens com relação aos veículos de combustão interna, como menor manutenção, menos peças, menos poluição, maior aceleração, maior segurança e conforto. Por outro lado, o custo das baterias é uma barreira para o desenvolvimento dessa tecnologia, assim como o tempo de recarga, que em alguns veículos podem demorar até 13h para obter-se 100% de carga, embora apenas 3h para 80%.

Apesar disso, os CE ainda são extremamente dependentes de subsídios do governo. Nos EUA, por exemplo, cada CE recebe incentivos de até US$7,500 somente do governo federal, sem mencionar as vantagens que a cidade oferece e outros subsídios dados pelo estado, em alguns casos. Na Noruega, os subsídios são ainda maiores e incluem isenção de impostos, pontos de recarga gratuitos espalhados pelo país e vagas preferenciais para estacionamento.

Acredito que essa ajuda governamental continuará sendo importante num futuro próximo, enquanto os governos quiserem promover o desenvolvimento dessa indústria. Mas, uma vez atingido um certo nível, esses subsídios terão que cessar ou serem consideravelmente reduzidos. Como o número de carros elétricos deve subir, o volume de receitas dos governos deve cair e todos sabemos como os governos se adaptam a menores receitas.

Enfim, esse é um mercado que vem crescendo bastante nos últimos anos, tal como ilustrado no gráfico abaixo.

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E falar sobre carros elétricos implica quase que necessariamente em falar sobre o maior expoente dessa indústria: a Tesla, que é uma fabricante de veículos elétricos e que tem ações negociadas na Nasdaq.

A empresa, que é conhecida pelo seu excêntrico CEO, Elon Musk, fabrica o Model S, que tem uma autonomia de 335 milhas (cerca de 540km) e custa cerca de US$83.000 (o preço pode subir muito, dependendo das configurações e opcionais). Ela fabrica também o Model X, um SUV lançado em 2015, com autonomia para 295 milhas (cerca de 470km). O preço de um Model X começa em US$84.000, mas, assim como o Model S, seu preço pode ser significativamente mais alto.

Esses carros são realmente de primeiríssima linha. Eu pessoalmente visitei algumas lojas da empresa e fiquei impressionado com o acabamento, pacote de equipamentos e visual. Bom, mas acho que é isso que alguém espera de um carro caro, não é mesmo?

Pois então, as vendas desses carros nunca foram excepcionais.

Mas, enfim, chegamos ao ponto que é o lançamento do carro que, segundo os fãs do CEO, revolucionará o mercado de CE: o Model 3.

O Model 3 foi lançado a US$35.000 e, como os outros modelos, seu preço pode subir substancialmente e atingir quase US$60.000, se todos os opcionais forem incluídos. Sua autonomia é de 350km, menor que a dos outros modelos, mas ainda bem impressionante para um CE.

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Algumas perguntas muito pertinentes devem ser feitas. Por exemplo, se a tecnologia para fabricar o Model 3 é similar à dos outros carros, como a Tesla vai ter lucro vendendo um carro com custo similar a um preço 3 vezes menor que o dos outros?

Isso, sem contar com os problemas que a empresa está enfrentando na sua Gigafactory 1, uma fábrica de dimensões colossais, e com o fato de que várias pessoas estão deixando de comprar os modelos mais caros para adquirir o Model 3, mais barato.

No final das contas, o CE é moderno, dispõe de vários mecanismos sofisticados, baterias modernas e softwares de ponta, mas o processo de fabricação ainda é o mesmo: linha de montagem! E isso está sendo um grande problema para o CEO, que não consegue entregar os resultados prometidos.

Abaixo um gráfico comparativo com os dados estimados pela Bloomberg, obtido por meio de Grant Williams, e as expectativas da própria empresa.

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E isso tudo está acontecendo no mesmo período que os subsídios para a Tesla estão acabando e ainda nem começaram para os competidores. Por falar nisso, o número de competidores não para de aumentar: Jaguar, Audi, BMW e Faraday, para citar alguns, estão vindo ao mercado ainda em 2018. Ano que vem é a vez da Porsche e em 2020 da Volkswagen, Volvo e GM.

Além disso, as baterias, parte importante em um carro elétrico, estão mudando rapidamente. A Toyota lançou um carro movido a hidrogênio, que emite água e gasta apenas 5 minutos para recarregar, confrontando um dos pontos fracos dos carros elétricos: (https://ssl.toyota.com/mirai/assets/modules/carpageallfeatures/docs/MY18_Mirai_eBrochure_Lifestyle.pdf).

Uma análise mais completa da Tesla está disponível no link: https://l2capital.com.br/pt/tesla-yet-again/

Assim como Nikola Tesla, o famoso inventor cuja personalidade excêntrica e objetivos ambiciosos para a ciência fez com que as pessoas pensassem que era louco, parece que a empresa de veículos elétricos que carrega seu nome poderá ter o mesmo fim: bancarrota no final.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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