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Tensão no Oriente Médio pode ser a razão que faltava para destravar o preço do urânio

Consultoria recomenda às usinas que façam contratos de compra de urânio de longo prazo diante do risco da Rússia sair desse mercado
Por  Marcelo López -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Já escrevi antes sobre o maior evento da história da regulamentação do transporte marítimo, mais conhecido como IMO-2020, e o impacto que ele traria ao setor. Gosto das teses que já são fortes por si só, mas que ainda têm alguns extras – alguém aí se lembra das propagandas das facas Ginsu e dos vários “extras” que os compradores levariam de graça ao adquirir aquela maravilha?

Pois bem, as teses de investimento que busco são as teses faca Ginsu, cujos benefícios vão além do óbvio, daquilo que se espera de imediato. Mal começamos o ano e já temos novidades – e boas – com relação aos setores de transporte marítimo e urânio, que são as principais teses de investimento no meu radar.

Após a morte de Soleimani, o Irã prometeu revidar. Como os que me acompanham sabem bem, sempre que há um problema no mundo, minhas teses ganham força. Dessa vez não foi diferente.

O mundo está acordando para o problema do abastecimento de energia e dando mais valor a fontes energéticas como o urânio, que não polui e é mais confiável do que outros tipos de energia consideradas limpas. E o impacto no setor, especialmente após a morte do general iraniano, foi grande.

Não vou me ater aos detalhes, para dar um panorama geral da situação. Basicamente, todos os países no mundo estão proibidos de fazer negócios com o Irã envolvendo energia atômica. A Rússia, país dominante na tecnologia nuclear, recebe dos EUA um waiver, uma espécie de dispensa da restrição, para poder prestar serviços ao país do oriente médio.

Esse waiver, concedido pelo presidente Trump, tem que ser renovado em menos de 30 dias para que o país possa continuar fazendo negócios com o Irã sem sofrer sanção.

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Os russos, contudo, já disseram que não vão deixar de fazer negócios com o Irã, ou seja, se o waiver não for renovado, a Rússia estará “fora” do mercado de energia atômica mundial. Qual seria o impacto disso?

A Rússia controla, direta ou indiretamente, cerca de 60% da produção de urânio do mundo e pouco mais de 40% do mercado de enriquecimento. Tirar um gigante desses do comércio mundial impactaria o preço de forma dramática.

A UxC, consultoria especializada mais famosa do setor, que sempre teve uma visão bem bearish (negativa) sobre o preço do urânio, mostrou aos seus clientes, as utilities donas de reatores nucleares, a magnitude do problema que pode acontecer a qualquer momento em virtude dessa situação. Como os waivers são renovados a cada 3 meses, a UxC recomendou às utilities que aproveitassem o momento para assinar contratos de longo-prazo com as mineradoras.

Como os que acompanham esse blog sabem, a assinatura de contratos de longo-prazo é a chave para destravar o preço do urânio. Não são firmados contratos desse tipo há pouco mais de dois anos e, por isso, não vemos o preço se mexer. Quem não acompanha o setor ou só olha para a superfície, acha que está tudo parado, sem notícias, enquanto por baixo das águas, há uma movimentação enorme.

Enquanto os investidores da bolsa estão sofrendo por causa desse pequeno soluço do mercado, algumas ações do setor de urânio estão disparando. Gosto de teses de investimento que têm baixa correlação com o mercado em geral, retornos assimétricos e alta probabilidade de dar certo em qualquer cenário. Baseado nisso, acredito que o investimento em urânio seja o melhor com o qual já me deparei na vida.

Na próxima semana falarei sobre o impacto do imbróglio no Oriente Médio para o setor de transporte marítimo, mas aí vai o spoiler: está ajudando muito.

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Disclaimer: Esse texto reflete a opinião do autor e não constitui uma sugestão, recomendação, indicação e/ou aconselhamento de investimento. Nenhuma decisão de investimento deve ser tomada com base nas informações ora apresentadas, cabendo unicamente ao investidor a responsabilidade sobre qualquer decisão que venha a tomar.

O autor detém e negocia ativos ligados ao tema abordado em sua carteira proprietária e/ou na de clientes sob sua gestão remunerada.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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