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Paralisação de minas por causa do coronavírus aprofunda déficit de urânio e investimento ficou ainda melhor

Assimetria entre risco e retorno no metal é o melhor já visto
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Ontem fomos notificados de que a maior mina de urânio do mundo ainda em operação (ou segunda maior mina do mundo, já que a de McArthur River é a maior, porém está com as atividades suspensas) vai parar suas operações por pelo menos um mês a partir dessa semana em função da pandemia do Covid-19.

A mina de Cigar Lake, que produz até 18 milhões de libras de urânio por ano, vai suspender suas operações e a empresa dona da mina, a Cameco, vai ter que recorrer ao mercado spot (à vista) para comprar o urânio que já havia vendido. Até o final do ano passado, ela já tinha assinado contratos para a venda de 125 milhões de libras de urânio para os próximos anos e vai ter que encontrar esse material em algum lugar.

Para dar uma ideia do que isso significa, vale lembrar que no ano passado o consumo de urânio foi de cerca de 190 milhões de libras e a produção um pouco abaixo de 140 milhões, ou seja, já houve um déficit significativo entre produção e consumo. Agora, com mais essa suspensão, o déficit, que já era grande, tende a ficar ainda maior.

A Cameco já havia anunciado no ano retrasado que teria que comprar até 12 milhões de libras de urânio no mercado spot em 2019 para honrar os contratos até então assinados, além de reduzir seu estoque. Esse ano, como o estoque já está até abaixo do considerado ideal pela companhia e com mais uma mina suspensa, esse volume pode e deve subir consideravelmente.

Vale a pena mencionar o mercado de conversão, segundo passo na produção do combustível nuclear, e que teve uma alta assustadora desde 2018, de quase 500%. O de enriquecimento também está em alta. O único que ainda não teve uma alta é justamente o de produção de urânio, que é o mercado mais “simples” e promissor de toda a cadeia.

Hoje existem 52 reatores em construção no mundo inteiro, que devem demandar cerca de 22 milhões de libras de urânio por ano pelos próximos 60 ou talvez 80 anos, sendo que, no primeiro ano, a demanda é 3 vezes maior, ou seja, de 66 milhões de libras. Esse volume equivale a pouco mais que à produção inteira do Cazaquistão, que é o maior produtor mundial da commodity, com um market share de 40%. Isso considerando apenas os reatores que estão sendo construídos hoje.

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Lembrando que o urânio é provavelmente a única commodity (e um dos poucos ativos) que não sofreu com o crash dos mercados em fevereiro e março. O call de urânio, que já era muito bom na minha opinião, ficou ainda melhor, com uma assimetria que eu nunca vi entre risco e retorno.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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