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Elevar impostos nos Estados Unidos: seria o primeiro erro de Joe Biden?

Se é inevitável um grande aumento dos investimentos pelo governo americano, qual seria a melhor forma de financiar o pacote econômico da Casa Branca?
Por  IFL - Instituto de Formação de Líderes -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

*Por Marcus Araújo

Já no início do seu mandato, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou ao Congresso a criação de um pacote trilionário de investimentos.

A educação é o principal foco deste novo pacote. Entre outras coisas, ele prevê cobrir dois anos de faculdade de graça para todos, inclusive filhos de imigrantes; pré-escola também de graça para todos, a partir dos 3 anos; US$ 250 por mês para que pais paguem cuidadores para seus filhos; bolsas de estudo e treinamento para professores e subsídios para reduzir o custo do seguro-saúde para famílias mais pobres.

Com todos esses subsídios, estima-se um gasto de US$ 1,8 trilhão. Além disso, Biden já apresentou outro pacote, focado em infraestrutura. Estima-se que, somados, custarão mais de R$ 20 trilhões aos cofres americanos.

Talvez tenha se popularizado a ideia de governos socorrendo suas populações e, por conseguinte, suas economias. Porém, tendo em vista o tamanho do estímulo, estamos frente ao maior pacote de alento econômico da história da economia mundial. E isso tem um custo, certo?

Para pagar por tudo isso, a solução foi aumentar impostos, incluindo quase dobrar as alíquotas sobre os ganhos de capital de pessoas que ganham mais de US$ 1 milhão por ano.

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Acredito que compete ao estado fazer somente as coisas para as quais ele é necessário e para as quais foi instituído, como se preocupar em proteger sua população contra investidas violentas e fraudulentas de bandidos, assim como proteger seu país contra inimigos externos. Param por aí as funções de um governo em um sistema livre.

Porém, como a intervenção vem acontecendo desde outros governos, creio que a forma inicialmente divulgada de se investir em saúde, educação, infraestrutura, através de aumento de impostos, pode ser menos prejudicial para a economia americana do que a tradicional impressão de moeda. Não defendo cargas mais pesadas de impostos, ainda mais no contexto atual de economias fragilizadas pela pandemia do Covid-19, e, sim, reforçar que viabilizar os investimentos propostos pelo pacote econômico da Casa Branca via impressão de moeda, que é a ideia mais comumente aceita, poderia ser ainda mais prejudicial para a economia americana.

De acordo com Ludwig von Mises, há uma grande diferença entre realizar investimentos públicos com impressão de moeda frente a aumento de impostos.

Quando o governo cobra impostos, os cidadãos passam a ter menos recursos para gastar, consumindo o que restar de seu orçamento básico. Devido à recente tributação, não haverá aumento de demanda por produtos e serviços. Pelo contrário, o consumo cairá, pois eles equacionarão seus recursos a fim de honrar seus compromissos. Na outra ponta, o governo terá sua arrecadação para seguir seu plano de investimentos.

Em vez da situação descrita anteriormente, quando o governo utiliza dinheiro recém impresso, há um acréscimo definitivo de recursos em circulação.

Utilizaremos como exemplo um investimento em saúde. Digamos que um hospital de campanha tenha sido entregue: teremos profissionais como enfermeiros, médicos, seguranças, faxineiros, motoristas recém-contratados e que, desde então, estarão mais capitalizados, já que agora estão recolocados no mercado de trabalho.

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Naturalmente, esses profissionais, que agora gozam de pleno emprego, poderão se alimentar melhor, frequentar uma academia, trocar seu carro, passando instantaneamente a consumir serviços e produtos que antes não podiam.  Por outro lado, não há um acréscimo na oferta de serviços e produtos.

Sendo assim, automaticamente, mesmo que não seja percebido em semanas ou meses, a demanda crescente pressionando uma oferta estagnada promove um cenário inflacionário. As pessoas que não conseguirem ter um acréscimo em sua renda mensal, estarão fadadas (no melhor dos casos) a reduzir seu padrão de consumo. No entanto, para uma grande parte delas, isso poderá significar um retorno à miséria, piorada pelo processo inflacionário.

Espero ter deixado claro que a política dos Estados Unidos não é um exemplo a ser imitado por outros países. A própria forma de arrecadação de impostos terá seus efeitos colaterais (fuga de capitais de grandes famílias poderá ser uma delas).

Por outro lado, nos Estados Unidos, apesar desses métodos de tributação, ainda vemos atualmente alguma acumulação adicional de capital que se reverte em investimentos. Permanece ainda, consequentemente, uma tendência à elevação do padrão de vida.

O governo pode considerar que, para arrecadar fundos, a inflação (emitir novos recursos) é melhor que a tributação: esta é sempre impopular e de difícil execução. Por outro lado, foram com medidas populares que se formaram as últimas grandes crises.

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Referências Bibliográficas:

As seis lições/Ludwig von Mises: tradução de Maria Luiza Borges – 7ª edição – São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2009.

*Marcus Araújo é graduado em Engenharia pela Universidade Federal do Espírito Santo, especialista em investimentos certificado pela Ancord, Planejador Financeiro CFP certificado pela Planejar. Atua como Assessor de Investimentos credenciado a XP e é Gestor de unidade da Valor Investimentos, filial São Paulo.

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