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Nos últimos meses, um tubarão antropomórfico de três pernas calçando tênis Nike azuis invadiu as redes sociais, repetindo incansavelmente o bordão “Tralalero Tralala”. Mas não é só a aparência surreal do personagem que chama atenção. Os vídeos costumam ser narrados em um “italiano” gerado por inteligência artificial, cheio de frases desconexas que parecem saídas de um filme do Monty Python em ácido.
Esse personagem, parte de uma tendência conhecida como “brain rot italiano”, se tornou um dos memes mais buscados no Brasil, com um salto de 350% nas pesquisas, segundo dados do Google.
A razão do sucesso está no próprio conceito de “brain rot”, termo que descreve a deterioração mental causada pelo consumo excessivo de conteúdos triviais e pouco desafiadores, especialmente nas redes sociais.
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Em 2024, “brain rot” foi eleito a palavra do ano pela Oxford University Press, refletindo a crescente preocupação com os efeitos da sobrecarga de informações superficiais na saúde mental das novas gerações.
O fenômeno do Brain Rot e o Tralalero Tralala
O sucesso do “Tralalero Tralala” e de outros memes do brainrot italiano evidencia algumas mudanças importantes no consumo de mídia:
- Conteúdo efêmero e viral: Vídeos curtos, de fácil compartilhamento e alto potencial viral, como os do TikTok, atendem a um desejo crescente por entretenimento rápido e imediato.
- Humor no absurdo: A popularidade de conteúdos que desafiam a lógica tradicional indica uma valorização do humor que brinca com o nonsense e o surreal, reflexo de uma geração que cresceu com o absurdo dos memes.
- Engajamento através da participação: Os usuários não apenas consomem, mas também remixam e criam suas próprias versões desses conteúdos, ampliando o alcance e a vida útil dos memes.
- Influência da inteligência artificial: O uso de IA para gerar imagens, sons e até mesmo diálogos surreais mostra como a tecnologia está moldando novas formas de expressão e entretenimento.
O “Tralalero Tralala” é o exemplo perfeito desse fenômeno. Criado por inteligência artificial, o meme combina elementos absurdos e surreais, como animais híbridos e objetos do cotidiano, acompanhados por narrações em “italiano” desconexas.
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Essa estética visualmente caótica reflete o caos informativo e a busca por estímulos rápidos que dominam as redes sociais.
Assim como os vídeos de crocodilos que também são aviões bombardeiros ou cães com corpos de helicópteros, esse estilo explora o bizarro e o aleatório para capturar a atenção de uma audiência saturada de informações “sérias”.
O impacto do Brain Rot nas habilidades cognitivas
Especialistas alertam que esse tipo de conteúdo pode prejudicar a concentração, a memória e o pensamento crítico. Pesquisas indicam que o consumo contínuo de vídeos curtos e memes sem profundidade pode levar a uma espécie de “atrofia neuroplástica”, na qual o cérebro se acostuma a estímulos fáceis e perde a habilidade de lidar com tarefas mais complexas.
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Além disso, estudos da American Psychological Association mostram que esse padrão de consumo pode reduzir a capacidade de processamento de informações e dificultar a formação de conexões neurais profundas, comprometendo habilidades como tomada de decisão e pensamento crítico em situações do mundo real.
Outros personagens do brain rot italiano
O universo do brain rot italiano é povoado por uma variedade de personagens igualmente absurdos e cativantes. Além de Tralalero Tralala e Bombardiro Crocodilo, destacam-se:
- Ballerina Cappuccina: uma bailarina com uma xícara de cappuccino no lugar da cabeça;
- Brr Brr Patapim: uma criatura semelhante a um macaco com pernas de árvore e um nariz desproporcional;
- Lirili Larila: um híbrido de cacto e elefante usando sandálias;
- Boneca Ambalabu: uma rã com pernas humanas e corpo de pneu;
- Tripi Tropi: um camarão com rosto de gato;
- Cappuccino Assassino: uma xícara de café vestida como um samurai;
- Bombombini Guzini: uma gansa com motores a jato;
- Gangster Footera: uma figura enigmática com aparência suspeita e jaqueta de gangster;
- Frigo Camelo: uma geladeira com cabeça de camelo e sapatos gigantes.