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Seu filho pode não abrir um portal de notícias, mas isso não significa que ele esteja alheio ao noticiário. Segundo o Life in Media Survey, 72% das crianças de 11 a 13 anos consomem notícias de alguma forma.
O destaque é esse consumo quase sempre acontece de forma passiva, enquanto navegam no YouTube, TikTok ou Instagram.
Apenas 11% dizem que procuram notícias com frequência. Muitas nem lembram da última vez que fizeram isso de forma ativa.
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Dificuldade em reconhecer o que é notícia
O estudo revela algo ainda mais preocupante: apenas um terço das crianças consegue identificar com segurança se um conteúdo é uma notícia. A maioria não distingue bem o que é fato, opinião ou entretenimento.
Durante um teste, 42% acreditaram em uma manchete fabricada. Isso revela que as crianças elas estão expostas a informação o tempo todo, mas sem o repertório necessário para analisá-la criticamente.
O papel fundamental da educação midiática
A alfabetização midiática precisa deixar de ser um tema secundário. Não se trata apenas de ensinar a diferenciar o que é fake. É sobre formar cidadãos que saibam questionar, buscar fontes confiáveis e entender como a informação molda o mundo em que vivem.
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Hoje, muitos jovens veem jornalistas e influenciadores com o mesmo peso informativo e sem saber quem responde pelo que é dito. Ensinar como se navega num ecossistema de informações tão fragmentado é essencial para fortalecer a democracia.
O estudo mostra que crianças cujos pais discutem notícias em casa tendem a se sair melhor na compreensão do conteúdo. Isso vale mais do que qualquer filtro de conteúdo.
O problema é que muitas escolas ainda não tratam o tema de forma estruturada. Enquanto o algoritmo entrega manchetes, a sala de aula segue em silêncio sobre o que é ou não confiável.
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Compartilhar sem checar virou rotina
O compartilhamento de notícias entre crianças também foi mapeado. Meninos tendem a dividir conteúdos sobre esportes ou fatos curiosos. Meninas, sobre temas sociais ou celebridades. Mas quase todos compartilham sem verificar se aquilo é verdade.
É como se o ato de compartilhar viesse antes do entendimento. Uma lógica que reflete o comportamento de adultos.
Esse hábito, além de reforçar bolhas de informação, contribui para a propagação de desinformação em escala. Quando o conteúdo é repassado com base na emoção ou afinidade, e não na veracidade, cria-se um ambiente no qual o que viraliza nem sempre é o que é verdadeiro molda a percepção de mundo das crianças desde cedo.
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Quando a notícia machuca mais do que informa
Mesmo com essa exposição, apenas 12% das crianças dizem gostar de acompanhar notícias. Mais de um terço relata que o conteúdo as deixa tristes ou ansiosas.
Esse desinteresse não é superficial. É um reflexo direto de como o noticiário chega até elas: pesado, caótico e, muitas vezes, sem tradução para o seu universo.
Quando as notícias entram na rotina sem mediação, apenas assustam quando deveriam informar. As crianças são impactadas por manchetes sobre guerras, violência ou catástrofes climáticas, mas raramente têm contexto para entender o que aquilo significa. Isso gera angústia e uma sensação de impotência.
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Sem espaço para elaborar esses sentimentos, elas acabam se afastando do conteúdo, criando uma relação de rejeição com o jornalismo ainda na infância.
Não basta proteger, é preciso preparar
O Life in Media Survey deixa claro que crianças estão sendo impactadas por informações antes de estarem preparadas para entendê-las. Não dá mais para terceirizar esse preparo.
Se elas já consomem notícias , o papel dos adultos é ajudá-las a interpretar, contextualizar e desenvolver senso crítico. Isso não é opcional.
Não se trata de limitar acesso. Trata-se de abrir conversas. Não é sobre bloquear redes sociais. É sobre desbloquear repertório.