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Por muito tempo, a relação entre publishers e grandes plataformas foi de dependência desigual. As empresas de tecnologia capturavam o valor gerado pelo jornalismo, enquanto os produtores de conteúdo lutavam para manter seus negócios vivos.
Com o avanço da inteligência artificial, o desequilíbrio ganhou uma nova camada em que os modelos de IA usam esses conteúdos para treinar suas capacidades e oferecer respostas prontas, sem necessariamente gerar tráfego ou receita para os criadores originais.
Mas um novo padrão pode mudar essa relação desequilibrada: o Really Simple Licensing (RSL).
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O que é o RSL?
O RSL é um formato de licenciamento administrado pelo RSL Collective, com o objetivo de permitir que publishers exijam pagamento pelo uso de seu conteúdo por empresas de IA, tanto para fins de treinamento quanto de inferência (ou seja, quando a IA utiliza o conteúdo para gerar respostas). Isso significa que, se uma IA estiver aprendendo com as matérias de um veículo ou usando essas informações para responder a uma pergunta, esse uso pode ser monetizado.
O modelo prevê dois formatos principais de remuneração: o pay-per-crawl, que implica pagamento pelo acesso e coleta do conteúdo para fins de treinamento, e o pay-per-inference, em que há cobrança toda vez que a IA utiliza o conteúdo como base para gerar uma resposta.
Mais do que uma questão de remuneração, o RSL devolve aos publishers o poder de negociar. E, talvez o mais importante: permite uma negociação coletiva, ampliando a força de pequenos e médios produtores que, isoladamente, teriam pouca influência sobre as big techs.
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Por que isso importa agora?
O modelo atual é insustentável e com IA generativa respondendo direto no buscador, o tráfego para sites de notícias tende a cair ainda mais. E sem tráfego, não há publicidade. Sem publicidade, não há jornalismo sustentável.
O RSL entra como uma alternativa concreta para garantir que a propriedade intelectual dos publishers seja respeitada e remunerada. Em vez de assistir passivamente à captura de valor pelas IA, o mercado passa a ter uma base para cobrar.
Não resolve tudo, mas é um começo.
O licenciamento não substitui a necessidade de modelos de assinatura, diversificação de produtos ou fortalecimento da relação direta com o leitor, mas é uma frente importante.
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Na história recente do jornalismo, vimos plataformas lucrarem com conteúdo que não produzem. A IA amplia esse cenário e o RSL pode ser o primeiro passo para virar esse jogo.
E, dessa vez, quem produz tem a chance de sentar à mesa com mais poder.