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Se você passou pelo YouTube, Instagram ou TikTok nos últimos dias, deve ter se deparado com ela… uma apresentadora debochada de maiô preto em um cenário muito familiar, mas com tiradas de humor baseado no absurdo.
Marisa Maiô viralizou mais rápido do que a gente é capaz de entender e levantou uma discussão sobre quem é o dono e manda na imagem de um personagem criado por inteligência artificial.
Quem é Marisa Maiô?
Marisa é uma personagem 100% sintética. Criada por Raony Phillips, o mesmo de Girls in the House, outra série símbolo do nosso tempo, ela é a apresentadora de um programa fictício de auditório gerado por IA.
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Seu maiô preto e suas falas ácidas conquistaram a internet. Marisa faz piada, grita, debocha de convidados virtuais e encarna a alma de programas como Casos de Família e Ratinho, só que elevada à potência do absurdo.
Quem é dono da Marisa?
Tecnicamente, Raony é quem deu vida à personagem. Foi ele quem escreveu os roteiros, criou os prompts, alimentou os sistemas de IA e fez a edição dos vídeos.
Mas a imagem da Marisa não foi desenhada à mão. Não foi capturada por uma câmera. Ela foi gerada por um modelo treinado com bilhões de imagens.
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E agora? Quem tem os direitos sobre um rosto que nunca existiu? Sobre um corpo inventado por uma máquina? A IA não pode ser autora. E, mesmo que o prompt seja original, há quem questione se isso configura propriedade intelectual.
Usar a imagem é o mesmo que ser criativo?
Já estão surgindo clones da Marisa Maiô. Gente pegando sua imagem e tentando fazer uma “versão melhorada”. Mas o que torna Marisa especial não é o maiô, nem o filtro, nem a IA. É o texto. É o timing. É a provocação criada por Raony. E só ele é o autor disso.
Neste novo contexto, os criadores vão ter que provar o tempo todo que fazem melhor. Afinal, qualquer um pode gerar algo parecido, mas poucos conseguem fazer com a mesma alma.
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Quem pode ganhar dinheiro com a Marisa?
Hoje, Raony é quem fatura. Já fez publi com a Magalu, viralizou em todas as redes e está sendo cotado para levar a personagem para a TV.
Mas se outro criador usar a imagem de Marisa para vender algo, como provar que é indevido? É homenagem? Ou é só a nova realidade do conteúdo digital? O direito autoral é uma zona cinzenta quando falamos de IA.
A IA não assina, não é autora, não é proprietária. E quem usa a ferramenta fica num limbo legal: criou, mas talvez não possa proteger.
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Essa incerteza legal também abre um novo mercado. Marcas agora têm a possibilidade de criar seus próprios influenciadores virtuais em instantes. Se antes construir uma “Lu da Magalu” levava anos de branding e investimento em personagem, hoje qualquer empresa pode gerar um avatar carismático com voz, opinião e estética sob medida. Uma influenciadora que nunca cansa, nunca erra, nunca envelhece. E que entrega exatamente o que a marca precisa, no tom certo e no horário ideal.
E agora? Como fica a produção de conteúdo?
A criação por IA não é mais promessa, é uma realidade concreta que está mudando como a gente entende a criação e consumo de conteúdo. A velocidade com que se produz conteúdo nunca foi tão alta, qualquer pessoa com acesso a uma ferramenta de IA pode, literalmente, gerar um “programa” novo por dia.
Essa facilidade abre caminho para uma infinidade de cópias, variações e clones que serão tecnicamente bons, visualmente convincentes e com potencial para viralizar tanto quanto os originais.
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E, no meio disso tudo, o criador original precisa correr, se reinventar, mostrar diferença. A relevância não vem mais da exclusividade, mas da consistência, da autenticidade e da capacidade de construir uma voz que se destaque.
Marisa Maiô é um aviso de que estamos inaugurando uma nova fase da criação digital. Uma fase em que a autoria não se mede mais por quem detém as ferramentas, mas por quem consegue dar significado ao que produz.