Dívida não é sinônimo de problema

Você já parou para pensar que estar endividado não significa exatamente que seja algo negativo? É preciso, antes de qualquer coisa, saber se está controlado ou desordenado.
Por  Reinaldo Domingos
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Você deve ter estranhado o título, certo? O que quero dizer é que existem diversas pesquisas que mostram os altos índices de endividamento da população brasileira, no entanto, o significado de estar endividado é interpretado de forma errônea pela maior parte das pessoas, o que nos leva a ideia de que o número de endividados pode ser muito maior do que o apresentado, mas não quer dizer necessariamente que seja uma notícia tão ruim.
 
De forma alguma questiono os métodos das instituições que realizam as pesquisas, afinal de contas, são oficiais e de extrema importância, mas a falta de educação financeira da sociedade como um todo faz com que ocorra essa confusão. A verdade é que o endividamento não é um problema, se for controlado, ou seja, desde que se tenha consciência e se consiga arcar com os compromissos. Caso contrário, pode se tornar inadimplência, e aí sim será algo negativo. 
 
Outro ponto que, muitas vezes, as pesquisas não levam em consideração são as pessoas que estão fora do sistema bancário. Claro que boa parte da população tem conta em banco, possui cartão de crédito, utiliza cheque pré-datado e consegue obter linhas de crédito. Mas e as pessoas que tem conta na padaria, açougue ou mercado para pagar no final do mês, ou ainda aquelas que pegam empréstimos com amigos e familiares?
 
Mas voltando ao assunto do significado de endividamento, se pararmos para pensar, os investidores possuem dívidas, pois comprometem o seu dinheiro – muitas vezes de forma arriscada – para alavancar seus rendimentos.  Ou seja, ter dívida nem sempre é algo ruim. Quem investe em educação – seja própria ou dos filhos – por exemplo, também está assumindo um compromisso, no entanto, é algo que oferece retorno (cultural, profissional e, claro, financeiro).
Mas aí encontramos outro problema: a maior parte das pessoas não sabe ao certo com o que gasta, simplesmente chegam ao final do mês e percebem que não sobrou dinheiro algum – ou pior, seus recursos não foram suficientes e tiveram que usar o limite ou pegar algum empréstimo para cobrir as despesas. Infelizmente, viver acima do seu padrão de vida é a realidade de muita gente; isso é consequência da falta de educação financeira, em conjunto com o culto ao imediatismo e a facilidade de adquirir crédito. 
 
Em primeiro lugar, se você tem/fará uma dívida, saiba se ela é consciente ou não; depois, analise suas finanças para saber se terá como honrá-la (para não se tornar inadimplente). Caso já tenha contraído e veja que não será possível pagar, saiba exatamente qual porcentagem dela você pode bancar sem apertar o orçamento e tente negociar com o credor. Estar ciente e respeitar a sua condição financeira e agir com consciência é o grande segredo.
 
Busque por palestras, livros e cursos que abordem a questão da educação financeira e descubra que, com o dinheiro que tem, é possível viver uma vida confortável e com muito mais realizações. Se tiver filhos, saiba que há escolas que oferecem programas de educação financeira desde o Ensino Infantil ao Médio. Não dê desculpas, procure um caminho para mudar sua vida e comece agora mesmo.

Reinaldo Domingos Reinaldo Domingos é presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), autor de vários livros e criador da Metodologia DSOP de Educação Financeira.

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