Bolsa de Valores em alta– quais os cuidados com essa aplicação?

Por  Reinaldo Domingos
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Nos últimos dias, percebeu-se uma consistente alta nos investimentos em ações das bolsas de valores brasileiras, refletindo, principalmente, o momento político em que estamos vivendo. Isso faz com que um grande número de investidores já se anime a destinar o dinheiro poupado para esse investimento.

Digo isso porque muitos desses já vieram me perguntar o que fazer nesse momento e minha dica é: mantenha a calma e não retire todos os seus investimentos de outras aplicações para direcionar a ações. E, se estiver definido que investirá em ações, apenas escolha muito cuidadosamente em quais irá investir e o quanto de dinheiro destinará a essa linha.

Isso porque, caso o quadro político ou qualquer outra questão altere o clima de euforia, a tendência é que as bolsas voltem a cair, ocasionando prejuízos para quem não é um expert no assunto, já que o investimento em ações é considerado de alto risco, podendo trazer grandes lucros ou até mesmo prejuízos.

Mas mesmo quando se tem prejuízos nas ações em um período, a tendência é que, no futuro, ocorram ajustes no mercado, fazendo com que se recuperem as perdas desse momento e vice e versa. Lembrando que, muitas vezes, na bolsa de valores, os períodos de baixa são interessantes para fazer investimentos, já que é muito mais fácil ter lucratividade em algo que está em baixa e que vai subir do que em algo que já chegou em seu limite. Isso é o principio básico da educação financeira.

Para entender melhor, é interessante detalhar o que são ações: uma empresa tem seu capital social dividido em pequenas parcelas chamadas ações (também chamadas simplesmente de “papéis”). Esse tipo de investimento é indicado para quem quer realizar sonhos de longo prazo (ou seja, acima de dez anos). No Brasil, esse tipo de operação é feita na BM&FBOVESPA, principal companhia brasileira, criada a partir de uma fusão entre a Bolsa de Valores de São Paulo e a Bolsa de Mercadorias e Futuros. Qualquer pessoa pode comprar e vender ações na bolsa. De modo simplificado, quando você compra uma ação, você compra uma porcentagem da companhia em questão, então, a pessoa passa a ser uma sócia da empresa.

Por isso, algumas preocupações são necessárias antes de investir nessa linha de investimento. A primeira pergunta é: quando vou precisar deste dinheiro que irei investir? Isso porque a bolsa é um investimento para longo prazo, isto é, o investidor possivelmente não terá lucro imediato, entretanto em um período de cinco anos, o retorno pode ser muito maior do que outros investimentos disponíveis no mercado. Isso, claro, desde que a pessoa saiba fazer boas aplicações. Por isso, é imprescindível ter uma visão ampla das finanças pessoais.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A pergunta sobre a necessidade do dinheiro é fundamental, pois mesmo existindo casos de investidores que conseguiram grande lucro em um pequeno prazo de tempo, esses são exceções. Em função disto, o investidor não deve comprometer recursos destinados às despesas de primeira necessidade ou gastos imediatos.

Outro aspecto criado em torno do investimento em ações que não corresponde à realidade é que esse investimento não é muito seguro, em função de relatos constantes de pessoas que perderam tudo e criaram dívidas quando realizaram esse tipo de investimento. Contudo, fatos como esses são raros e, geralmente, ocorrem com investidores que estão iniciando sua aventura, sem o acompanhamento adequado.

Investidores de primeira viagem enfrentam diversos problemas por não conhecerem a fundo a hora certa de realizar um investimento, assim, quando eles percebem que um grande número de investidores está comprando uma determinada ação, eles vão atrás desta. Todavia, em alguns casos, eles realizarão essa compra quando essas ações não forem mais interessantes, proporcionando prejuízos.

A questão cultural também impede o investimento de muitos em ações, sendo que, no Brasil, quando se fala na realização de um investimento, a maioria da população pensa logo em caderneta de poupança, não se atentando que esse tipo de investimento tem um retorno muito baixo, sendo apenas uma forma de guardar dinheiro para o futuro e não uma forma de ampliar os seus rendimentos. Já o investimento na bolsa, além de ser uma forma de guardar o dinheiro, se realizado da forma correta, pode garantir um bom lucro.

As ações podem ser compradas de três maneiras. A primeira é por um fundo de investimento, que funciona como um condomínio. Cada um dos seus investidores tem direito a uma cota, que corresponde a uma porção do total de ações que o fundo tem. Cada fundo tem seu próprio estatuto, que informa suas regras e o grau de risco de seus investimentos. Todo fundo precisa ter um gestor certificado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que coordena as compras e vendas de ações. Assim, quando uma pessoa adere a um fundo, deve estar de acordo com sua política de investimento, especificada em seu estatuto.

A segunda é por um clube de investimento, que têm um caráter menos formal que um fundo. Um grupo de amigos ou familiares pode formar um clube, que pode ser aberto, com no mínimo três pessoas, e chegar até um limite de 150.  Diferentemente do fundo de investimento, essa segunda opção não precisa de um gestor certificado pela CVM, mas um representante que dê à corretora a ordem de compra ou venda de ações. Nesse caso, há maior liberdade por parte das pessoas que compõem o clube sobre quanto e onde será investido.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E por fim, existe uma terceira opção, que é individual. Nessa situação, a pessoa controla as ordens de compra e venda de suas ações. Para escolher quais ações comprar, pode contar com os consultores da corretora, que irão tirar dúvidas e ajudar a identificar quais são os bons investimentos para aquele momento.

Assim, mesmo com o cenário assustador apresentado nos últimos dias, reforço: não tenha medo de investir, procure uma corretora certa e reserva parte do dinheiro – nunca mais que 30% – para a realização de seu sonho futuro, com segurança.

Reinaldo Domingos Reinaldo Domingos é presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), autor de vários livros e criador da Metodologia DSOP de Educação Financeira.

Compartilhe

Mais de Finanças em casa

Finanças em casa

Apenas 9% dos brasileiros conseguem pagar as despesas de início de ano

O ano já começou e para não comprometer as finanças logo em janeiro é preciso se planejar, mas diante da situação financeira atual do brasileiro, sabemos que não é simples. Prova disso é uma recente pesquisa divulgada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), apenas 9% dos brasileiros conseguem pagar as despesas de início de ano com o que recebem.
Finanças em casa

Mega-Sena da Virada ou investimento: o que é melhor?

Todo fim de ano a cena se repete: filas enormes para fazer aquela "fezinha" na Mega-Sena da Virada em todas as lotéricas do país. Neste ano, o prêmio é o maior da história, sendo R$ 280 milhões, e por isso muitos apostam também a esperança de resolver, de uma vez por todas, a vida financeira.
Finanças em casa

Saúde Física x Saúde Jurídica: a importância do equilíbrio

Sempre gosto de ponderar que é preciso haver um equilíbrio em tudo o que fazemos e com a nossa saúde não poderia ser diferente. Aprofundo mais essa questão em meu livro Empreender Vitorioso com Sonhos e Lucro em Primeiro Lugar, lançado no fim de Novembro. É imprescindível dar a mesma atenção à saúde física e jurídica. 
Finanças em casa

Planejamento é a chave para as contas de início de ano

Mesmo que a taxa de desemprego tenha diminuído para 11,9% no mês de setembro, ainda são 12,5 milhões de brasileiros sem trabalho de acordo com os últimos números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A falta de renda também se reflete no grande número de inadimplentes – cerca de 63 milhões, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), divulgados neste mês de novembro. Diante deste cenário preocupante, as contas típicas de início de ano das famílias, se não forem analisadas com cautela, podem causar um grande desequilíbrio no orçamento.
Finanças em casa

Conheça os caminhos para empreender de forma vitoriosa

Sabemos que a palavra “empreendedorismo“ sempre esteve muito ligada ao campo empresarial, mas ao longo do tempo percebi que o ato de empreender não se restringe apenas a isso, mas permeia todo o nosso cotidiano. É partindo deste entendimento que o meu novo livro Empreender Vitorioso com Sonhos e Lucro em Primeiro Lugar se desenvolve.
Finanças em casa

Pesquisa comprova: brasileiros ainda dependem do INSS

Quase metade dos brasileiros esperam depender apenas com os recursos da Previdência Social (INSS) para se manter na aposentadoria. É o que atesta uma pesquisa recente do Datafolha, encomendada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima)
Finanças em casa

13º dos aposentados: caminhos para a melhor utilização

Aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começam a receber a partir do dia 27 deste mês a primeira parcela do 13º salário, que corresponde a 50% do valor. Com esse dinheiro extra em mãos, muitos beneficiários podem se perguntar qual o melhor destino: quitar dívidas, consumir ou investir?
Finanças em casa

Maioria dos colaboradores brasileiros enfrentam dificuldades financeiras

Em pesquisa divulgada recentemente pela Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), em parceria com a Unicamp e o Instituto Axxus, revelou-se que apenas 16% dos colaboradores brasileiros são capacitados financeiramente. Já 84% dos entrevistados enfrentam dificuldades para lidar com o dinheiro, sofrem prejuízos ou não entendem de finanças.
Finanças em casa

Não deixe os juros dominarem a sua vida financeira

Nesta semana, uma pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), constatou que no ano passado as famílias brasileiras gastaram R$ 354,6 bilhões apenas com o pagamento de juros. Esse número corresponde a 10% da renda anual, superando os gastos com energia elétrica, planos de saúde e educação, por exemplo.