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Mulheres avançam no setor de seguros com projetos que visam uma sociedade mais justa

No Brasil, a equidade de gênero passou a ser o ponto mais importante das ações de sustentabilidade das seguradoras
Por  Denise Bueno
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Depois de um período de guerra com os homens, agora as mulheres do mercado de seguros trilham uma luta pela igualdade. Não só de forma harmônica, como conquistam o apoio deles para ações que vão de marketing a mudanças estruturais na sociedade. A ousadia e o posicionamento mais radical anos atrás foi essencial para romper barreiras num mercado comandado por homens, digamos, machistas, onde o cinismo com piadas de total mau gosto imperavam.

Longe de ser uma crítica. Assim era o mundo. Todos os segmentos da economia e da política eram dominados por homens. As poucas mulheres empoderadas por um senso extraordinário de Justiça protagonizaram movimentos importantes mundo afora, desde Joana d’Arc, a francesa tida como santa, mártir, bruxa e guerreira, até a cientista polonesa Marie Curie, primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em áreas diferentes: química e física.

Os movimentos demoraram a surtir efeitos de massa. Agora, pouco a pouco, o equilíbrio começa a se estabelecer em quase todo o planeta e o Brasil tem dado passos largos nesta direção. Segundo o Global Gender Gap Report  2022, o Brasil ficou em 94º entre 146 nações na diminuição da desigualdade de gênero. Em 2023 saltou para a 57ª posição.

E os efeitos são sentidos no setor de seguros. Pesquisas no mundo revelaram que as empresas têm maior representação de mulheres nos níveis superiores: uma para cada dois homens. Há uma década, era uma para cada três homens. A exceção está em algumas regiões, como Ásia, com menos de 10% de mulheres em níveis mais elevados.

Nos EUA, 1,7 milhão de mulheres trabalhavam em seguros em 2023, ou seja, 59,4% do total de 2,9 milhões de trabalhadores do setor, segundo o Insurance Information Institute (III). No entanto, a representação varia entre profissões, tais como agentes de vendas (54,9%) e assistentes administrativos das áreas de sinistros e gestão de apólices (80,1%).

No Brasil, a diversidade, especialmente a equidade de gênero, passou a ser o ponto mais importante das ações de sustentabilidade das seguradoras. De acordo com a  4a. edição do estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil, produzido pela ENS (Escola de Negócios de Seguros) e divulgado em 2022 (o próximo será em 2025), havia dois homens em cargos executivos para uma mulher. Em 2012, era 4 por 1.

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O tema foi ganhando força. Em 2022, 56% das seguradoras já praticavam uma política para promoção da igualdade de oportunidades para homens e mulheres. Em 2015, esse número era de 28%, demonstrando outra melhora no setor. Um progresso, mas não o suficiente. Pouco mais de metade do pessoal total das empresas é composto por 54% de mulheres. Elas, no entanto, recebiam 70% do salário dos homens. A conclusão é que houve uma melhora expressiva em termos de inclusão e diversidade da mulher em seguros. Mas ainda há um caminho longo para a equiparação de salários.

Em 2024, certamente, os números tendem a ser animadores. Em todo o mundo, as mulheres, a sua capacidade de tomada de decisão e o seu poder de influenciar as despesas domésticas estão num círculo virtuoso. Elas tendem agora a ganhar mais e a ter melhor controle dos seus bens, ajudando as suas famílias e comunidades a prosperar — ao mesmo tempo que contribuem para o crescimento econômico geral.

Em seguros, há abordagens direcionadas para atender às necessidades das mulheres em todos os níveis: funcionárias, equipe dos canais de distribuição dos produtos e ações para clientes de seguros e de investimentos. O engajamento está em melhorar a capacidade de compreender melhor o mundo feminino e de apoiar a saúde integral, que envolve a saúde física e emocional, bem como as finanças.

No final de fevereiro, duas seguradoras, a FF Seguros e a BMG Seguros, e uma corretora de seguros, a WTW, uniram forças para selecionar 29 mulheres que atuam no setor e que, juntas, escreverão um livro diferente, que será publicado em novembro pela Editora Leader. Sem falar em sacrifícios, dificuldades e superação. A ideia é ter cases inspiradores e transformadores.

“Nossa missão vai além de simplesmente contar cases inspiradores. Nosso objetivo é colaborar para a construção de um futuro em que todas as mulheres tenham a oportunidade de brilhar, independentemente de suas circunstâncias. A nossa proposta é promover a igualdade de gênero e impulsionar grandes transformações sociais”, afirma Isabel Azevedo, chefe de recursos humanos da FF Seguros.

O CEO da WTW, Eduardo Takahashi, patrocina o projeto. “Por mais homens com alma feminina que nos apoiem e nos dêem espaço de fala e oportunidades. Esta parceria marca a transformação que queremos impulsionar no setor, onde não existem lados opostos e nem concorrência. Existe todos unidos por um único propósito: o de impulsionar as mulheres no mercado de seguros em busca da igualdade de gênero e também o incentivo de novas lideranças femininas no setor”, comenta a vice-pesidente da BMG Seguros, Renata Oliver.

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Segundo os apoiadores, além de abordar a igualdade de gênero e de fortalecer ainda mais o mercado de seguros, o projeto e as coautoras estão comprometidos em reduzir as desigualdades sociais. “Acreditamos que ao fornecer às novas gerações femininas acesso a oportunidades e recursos, estamos contribuindo para a criação de uma sociedade mais justa e equitativa”, reforça Isabel.

E uma das iniciativas está amparada na parceria com a Celeiro Vó Tunica, Organização da Sociedade Civil responsável por apoiar meninas adolescentes que estão saindo dos serviços de acolhimento para menores em situação de vulnerabilidade. As jovens apoiadas pelo projeto ganham moradia e têm acesso à alimentação, saúde e educação e são direcionadas e acompanhadas na busca por uma vaga universitária e pelo primeiro emprego.

“As [29 coautoras do livro] propõem-se a desenvolver programas educacionais e mentorias para capacitar e preparar as próximas gerações femininas. Elas investirão seu tempo e conhecimento para garantir que as meninas tenham a confiança e as habilidades necessárias para enfrentar os desafios do mundo profissional e certamente gostaríamos de atraí-las para o mercado de seguros”, conta a diretora da FF Seguros.

A Sou Segura, grupo que se formou há duas décadas no Rio para troca de ideias entre as mulheres que trabalham no mercado de seguros desde temas técnicos a assuntos do cotidiano, ganhou força e hoje conta com o apoio de praticamente todas as seguradoras, corretoras e prestadoras de serviços do setor.

A professora Liliana Caldeira, que assumiu o comando do grupo em outubro de 2023, promete dar continuidade ao trabalho de suas antecessoras. “Seguiremos nas capacitações sejam elas por palestras, treinamentos, podcasts, programas da TV Segura e mentorias. Nossas iniciativas buscam demonstrar efetivamente que lugar de mulher é onde ela quiser estar, e a Sou Segura estará aqui sempre a estimular as mulheres a encontrarem e se posicionarem no lugar que elas escolherem”.

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Assim, hoje, posso afirmar que não mais por marketing, mais sim pela conscientização da importância da alma feminina para os negócios, as empresas do setor de seguros dão um passo fundamental para a diversidade do setor. Crescimento de vendas e de lucro serão apenas consequências do fortalecimento de um posicionamento humano e justo para todos os protagonistas, sejam homens, mulheres, brancos, negros, heterossexuais ou homossexuais.

Denise Bueno Jornalista especializada em seguros, resseguros, previdência e capitalização, é fundadora do blog Sonho Seguro

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