Publicidade
Talvez sem que você perceba, mas sua atenção está sendo vendida como um inventário.
Já reparou quantos anúncios viu hoje? Provavelmente não. E esse é o ponto. A publicidade parou de gritar e passou a se insinuar para você no app de pagar contas, nas sugestões de produtos dentro do carrinho, no push do delivery. Plataformas que nasceram para organizar sua vida, hoje operam como redes de mídia embutidas, monetizando sua atenção inclusive nos momentos mais automáticos do dia.
Foi-se o tempo em que entender clientes melhor servia meramente para atender clientes melhor. Depois de entender a fundo cada cliente, veio um sentimento de posse: entendo tão bem dessas pessoas, que posso vendê-las como inventário de audiência qualificada. “Servimos bem para servir sempre”, agora, soa até ingênuo.
Continua depois da publicidade
Nesse processo, a linha entre utilidade e distração se torna borrada junto com parte do valor da experiência. E dessa forma, relevância vira exceção.
- Leia mais: A métrica mente. Mas todo mundo acredita
O excesso cria uma saturação invisível, em que pessoas continuam vendo as mensagens sem enxergá-las porque pararam de prestar atenção. Algoritmos contra-atacam aumentando frequência, mas quantidade não confere sentido. A relação se torna inversamente proporcional: mais mensagem, menos valor. Umas das métricas que mais se usa é “pessoas impactadas”. Impactadas, será?
O desafio não é só aparecer, mas também somar. Menos ads, mais add. Anunciar, sim, mas com proposta de valor. Contexto, informação, desejo, humor, beleza… até respeito. Porque no momento em que todo espaço vira mídia, o diferencial está em quem não parece publicidade, mas presença útil. Quem nunca viu influencer dizer “isso aqui não é publi” pra elogiar um produto?
Continua depois da publicidade
Entender é sair na frente, sempre. O inventário à venda hoje é maior do que a capacidade de absorção das mensagens. Ou seja: tem oportunidades que é melhor perder. Conquistar atenção legítima vale mais do que qualquer CPM. Vale cliente que volta não por uma oferta empilhada, mas por experiência valorizada.
No fim das contas, o que está em jogo não é nada de novo, é percepção de valor. Se cada ponto de contato com uma marca soa como uma tentativa de monetização, a confiança se desgasta. Mas se o conteúdo que aparece faz sentido, informa, diverte ou ajuda, o anúncio não rouba atenção, mas sim a merece e portanto, a conquista. E essa é uma fronteira da publicidade: não apenas disputar o olhar, mas justificar o espaço que ocupa.