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Por que o Bitcoin ganha força em meio ao caos dos mercados tradicionais

Meu conselho é bastante direto: caso você ainda não tenha comprado bitcoin, considere isso imediatamente
Por  Safiri Felix -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O mundo foi pego de surpresa com os efeitos devastadores da desaceleração econômica provocada pela crise sanitária e pelo confinamento em massa decorrentes do novo coronavírus.

Enquanto isso, investidores, especuladores e empresas participantes do mercado de criptoativos já se preparavam para o evento técnico que reduzirá pela metade a emissão de novas unidades de bitcoin. Conhecido como halving, esse ajuste é programado a cada 210 mil blocos gerados pela rede que processa as transações com bitcoin, ocorrendo a cada quatro anos.

O halving de maio de 2020 será o terceiro e chega cercado de expectativas em relação a qual será o comportamento do preço.

A diminuição de 50% da recompensa financeira para os mineradores, operadores que investem em data centers com alto poder computacional, tornará o bitcoin um ativo ainda mais escasso.

No primeiro ajuste, em novembro de 2012, o bitcoin era negociado na faixa dos US$ 12 por unidade. Um ano depois, os volumes de negociação cresceram exponencialmente, fazendo as cotações marcarem mais de US$ 1 mil pela primeira vez.

Já no segundo halving, em setembro de 2016, o bitcoin era negociado abaixo de US$ 700 e novamente após a redução do fluxo de emissão vimos, em dezembro de 2017, o preço saltar para US$ 20 mil.

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O bitcoin foi apresentado em 2008 no artigo “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System”, sob autoria do pseudônimo Satoshi Nakamoto, cujo identidade é desconhecida até hoje.

O conceito base do bitcoin é permitir que indivíduos ou empresas façam transferências de valores de forma eletrônica, diretamente a outras pessoas ou empresas, sem a necessidade de intermediação de uma instituição financeira.

A rede que valida essas trocas funciona de forma descentralizada, como uma gigantesca planilha compartilhada pelos usuários, na qual as transações ficam registradas de forma imutável e podem ser rastreadas.

Para dar segurança a esse mecanismo, foram criados os dispositivos de incentivo para os agentes que colocam poder computacional para realizar o trabalho de validação dos blocos. Para isso foi estabelecido um estoque total de 21 milhões de unidades, a ser distribuído de forma meritocrática aos validadores.

Atualmente cerca de 80% desse estoque já entrou em circulação e a emissão das unidades restantes se dará de forma programada até 2140. A cada bloco validado, o bitcoin se torna mais escasso, como um ativo de caráter deflacionário.

Essa inovação teve um enorme efeito disruptivo e estabeleceu o conceito de blockchain, uma cadeia de blocos de transações validados por uma rede pública e imune a intervenções externas. A partir de 2015, outros casos de uso foram desenvolvidos utilizando blockchain, mas nenhum chega sequer perto da utilização da rede do bitcoin.

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Antes da eclosão da pandemia do novo coronavírus pelo mundo, a expectativa geral era de uma forte valorização do bitcoin, na esteira das altas de 100% em 2019 e do início de ano promissor. No entanto, em meados de março, o bitcoin chegou a desvalorizar 50% com venda generalizada de ativos de risco e a corrida por liquidez provocada pelo choque da COVID-19.

Rapidamente o bitcoin mostrou força e recuperou o patamar dos US$ 7 mil, com os investidores já se preparando para o choque de oferta previsto para maio.

Para projetar o efeito da maior escassez de bitcoin, precisamos voltar para os conceitos econômicos básicos de oferta e demanda.

O bitcoin pode ser considerado a primeira commodity digital escassa e tem registrado um crescimento consistente de demanda ao longo do tempo. A partir disso podemos inferir que o preço tende a reagir para arbitrar a relação entre os atuais detentores de bitcoin e os futuros interessados.

Diversos modelos de precificação foram sendo desenvolvidos com a evolução do mercado, dentre eles um tem se mostrado especialmente interessante para projetar o preço potencial do bitcoin. O modelo conhecido como Stock-to-Flow (S2F) mede a relação de preço de diversas commodities relacionando a capacidade de produção com a demanda do fluxo comprador. Quando adaptado ao bitcoin, o modelo atesta a perspectiva do principal ativo digital alcançar US$ 100 mil dólares em 2021, refletindo o corte da emissão que ocorre em maio.

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O mercado de criptoativos é por natureza bastante volátil, o que faz com que os operadores já estejam habituados a grandes oscilações ao longo do tempo. O que tivemos de novo, na atual conjuntura, foi o salto da volatilidade dos demais ativos financeiros, marcando os maiores níveis históricos.

Neste momento, muita gente se pergunta: qual será o efeito do halving no preço bitcoin em meio à maior crise financeira dessa geração ?

O potencial de valorização do bitcoin segue inabalado. Em um contexto onde os Bancos Centrais ao redor do mundo já estão usando todo seu arsenal de medidas para injetar liquidez e acalmar os mercados, é fundamental buscar diversificação em ativos anticíclicos, tornando vital a busca por exposição em instrumentos cuja oferta não se altera com influência do afrouxamento monetário.

O ouro deve funcionar como um porto seguro e seu filho rebelde e digital, o bitcoin, tem tudo para se materializar como uma das melhores alternativas de investimento ao longo da década.

Em meio a tanta incerteza, a diversificação é a melhor aposta para proteger seu patrimônio e gerar rendimentos. Por isso, o meu conselho é bastante direto: caso você ainda não tenha comprado bitcoin, considere isso imediatamente. Dentro de um contexto de pouca previsibilidade, não ignore o potencial da escassez digital programada ser uma alternativa em meio ao caos que pode se intensificar.

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Safiri Felix Diretor de produtos e parcerias da Transfero Swiss e ex-diretor executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto). É um dos pioneiros do mercado brasileiro de cripto, começou a investir em Bitcoin em 2013, tendo participado de várias iniciativas envolvendo criptoativos e aplicações em Blockchain.

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