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Os impactos em DeFi do recente crash das criptomoedas

Por  Hashdex -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

*Por Christian Gazzetta

Desde o início de maio, o mercado tem vivido semanas eletrizantes.

Na esteira da transição de política monetária nos EUA, com seus efeitos negativos sobre as classes de ativos com maior risco, uma série de projetos do mundo cripto começou a mostrar suas fragilidades.

Colapso da UST

Um ponto de inflexão foi a quebra do ecossistema Terra: com o apoio de muitas das principais empresas e investidores de cripto, essa blockchain focada em soluções financeiras vinha de uma ascensão meteórica, conquistando crescente adoção e uma capitalização multibilionária, até a queda igualmente explosiva ocorrida no mês de maio.

O UST, principal ativo do ecossistema Terra, era uma criptomoeda com cotação estável em relação ao dólar – uma stablecoin. Seu modelo inovador oferecia incentivos econômicos para que os próprios investidores mantivessem essa estabilidade, criando oportunidades de compra sempre que o preço caísse com relação ao dólar – e vice-versa.

Mas, para funcionar, esse sistema precisava contar com a confiança dos investidores na “volta” para a cotação-alvo – US$1. Nos últimos meses, seus desenvolvedores divulgaram o processo interno de acumular reservas suficientes em BTC para trazer mais segurança à estabilização do UST.

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Entretanto, uma janela de oportunidade se abriu: algum investidor com mais munição do que as reservas da Luna Foundation Guard poderia, simplesmente, apostar contra a stablecoin e se beneficiar com o colapso.

Segundo análises recentes, foi exatamente isso que aconteceu. Com uma combinação de operações financeiras, um ataque à LUNA precipitou uma queda de preço tão relevante que, em poucos minutos, os investidores começaram a se desfazer das suas posições na criptomoeda. A desvalorização não precisou de 24 horas para chegar ao patamar de 99,9%.

Desdobramentos

Assim como evidenciado pela crise de 2007-08, o calcanhar de Aquiles de um sistema financeiro complexo é sua suscetibilidade ao contágio.

Os produtos financeiros com exposição ao UST – com rentabilidades anuais de até impressionantes 20% – geraram perdas vultosas para uma grande massa de investidores, incluindo empresas que contavam com elevado prestígio no mercado cripto, como a plataforma Celsius e o fundo de capital de risco Three Arrows Capital.

Nas semanas seguintes ao colapso, esses e outros atores de destaque sofreram para se estabilizar. A Celsius e a Babel Finance interromperam os saques de seus clientes; a Three Arrows teve uma posição de US$ 400 milhões liquidada; e a corrida por liquidez precipitou a desvalorização do stETH, um criptoativo com lastro em tokens ether em staking.

No setor de finanças descentralizadas (DeFi), o impacto foi sentido com a queda de mais de 60% no valor total em depósitos (TVL). Mas os desdobramentos do colapso também trouxeram sinais de resiliência: apesar das falhas de engenharia financeira trazidas à tona e da grande onda de desvalorizações, o ecossistema de DeFi reafirmou a sua resiliência.

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A performance do CF DeFi Index mostra que o nicho está longe do colapso. Nos 50 dias entre o colapso do ecossistema Terra, em 7 de maio, e a última segunda-feira, 27 de junho, o índice CF DeFi apresentou queda muito semelhante à do Nasdaq Crypto Index, de cerca de 44%.

Performance do CF DeFi Index e do Nasdaq Crypto Index após o colapso da Terra

A queda, apesar de relevante, surpreende pelos componentes do índice, já que 70% da sua alocação representa criptoativos de baixa capitalização, em comparação com o Bitcoin (BTC) – que responde por cerca de 70% do NCI; e justamente do setor que protagonizou o estopim da crise do mercado cripto.

Essa resistência pode ser explicada, ao menos em parte, pela estabilidade das principais tecnologias de DeFi durante o colapso do Terra; pela migração de capital de projetos mais arriscados para as blue chips do nicho, representadas no CF DeFi Index; e pelo aumento de volume trazido pela volatilidade – com o decorrente aumento no total de taxas pagas às exchanges.

No caso da Uniswap, a escalada dessas receitas elevou a exchange ao topo do ranking de receita, superando o próprio Ethereum. A plataforma também foi ajudada pela compra do mercado de NFTs Genie, que pode indicar o caminho para novas fontes de receita na Uniswap.

Aprendizados

Os eventos do último mês corroeram o valor de mercado do ecossistema e assustaram muitos investidores, mas há muito a ser aproveitado dos aprendizados trazidos.

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Um ponto importante, para os próximos ciclos de cripto, é um maior cuidado com os modelos econômicos postos à prova nas últimas semanas – sendo as stablecoins algorítmicas, como o UST, os casos a inspirar maior preocupação.

Outro aprendizado diz respeito à engenharia financeira das instituições atuantes no setor. Embora ainda não se saiba se Celsius, Babel e Three Arrows terão sido as únicas a encarar o risco de falha absoluta, o mercado já entendeu – espera-se – o impacto que exposições otimistas podem ter.

Por fim, destacamos um dos pontos centrais a serem resgatados da crise de 2007-08: o risco de contágio cresce de mãos dadas com a complexidade do ecossistema e com a crescente integração entre as soluções financeiras. Esperamos que, daqui para frente, os desenvolvedores explorem as possibilidades do mercado com cada vez mais atenção aos pontos de contato estabelecidos.

*Redator da Hashdex formado em Economia pela UFRJ, se dedica a aprender e ensinar sobre cripto desde 2017. Nos últimos anos, dirigiu grupos de estudo e palestrou em eventos como a Bitconf, além de organizar debates e palestras com representantes de entidades como IBM, CVM, ITS Rio, Mercado Bitcoin e Foxbit.

Hashdex Maior gestora de criptoativos da América Latina, já desenvolveu diversos produtos de investimento regulados. É pioneira no setor, tendo lançado o primeiro ETF de cripto da B3, a bolsa brasileira, e o primeiro ETF de índice de cripto do mundo, o HASH11, em parceria com a Nasdaq.

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