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Olimpíada, resiliência e saúde mental

Atletas não são super-humanos. Executivos não são super humanos. Todos nós temos que entender que temos fragilidades
Por  Fernando Scherer (Xuxa) -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Olimpíadas chegando ao fim, recorde de medalhas para o Time Brasil, conquistas inéditas e muitas histórias para contar. Mas quero falar sobre o quarto lugar, o quinto lugar.

Nossa rainha do mar, Ana Marcela Cunha, conquistou a inédita medalha de ouro para a maratona aquática e, para ela, aquela que faltava em uma imensa coleção.

Eleita por seis vezes a melhor atleta de águas abertas no mundo, a maior medalhista da modalidade entre homens e mulheres, livro dos recordes. Mas ela queria mais, queria ser medalhista olímpica. Sua primeira participação olímpica foi em 2008 Pequim, com um quinto lugar. Ficou de fora de Londres.

Voltou com tudo em 2016, como favorita, tendo conquistado tudo por onde passou. Mas errou na estratégia de alimentação e amargou um 16º. Sentida, treinou como nunca, trabalhou arduamente.

Tinha a foto da medalha na tela de fundo do celular para sempre lembrar do seu objetivo. Ninguém fez o que ela fez e como ela fez. Ninguém tinha a sensação de pertencimento e merecimento que ela tinha.

Sangue nos olhos, prova perfeita, ouro no peito, presente do oceano.

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E o que dizer de Bruno Fratus? Quarto lugar em 2012, a frustração de 2016 em casa. E o bronze mais dourado que eu já vi.

Uma conquista realmente do amor – não só pelo beijo cinematográfico em sua técnica e esposa (que já entrou na história das Olimpíadas). Mas pelo amor ao nadar. Amor por redescobrir a felicidade em estar em uma piscina treinando. Por entender que ser feliz no processo invariavelmente te leva para o sucesso.

O esporte é um espelho da vida: quando vemos trajetórias de resiliência, de foco, trabalho em equipe, facilmente encontramos paralelo em momentos cotidianos nosso e essas histórias nos inspiram a seguir em frente porque nos vemos nelas.

Eu acredito que Tóquio nos trouxe ainda mais. Nos mostrou a importância do cuidado mental. Ana e Bruno são frutos de uma boa preparação mental, porque a história de construção de suas conquistas trazem consigo certamente momentos de extrema dificuldade (o próprio Fratus já declarou que entrou em depressão depois da Rio 2016).

Simone Biles, ao abrir mão de participar de finais olímpicas, nos mostrou o quanto é importante, mesmo sendo um exemplo de força, expor sua fragilidade de maneira que mostre a todos a importância da saúde mental.

Atletas não são super-humanos. Executivos não são super humanos. Todos nós temos que entender que temos fragilidades e temos que cuidar de nossa mente para seguir em frente, afinal, mente sã, corpo são.

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Fernando Scherer (Xuxa) É nadador, duas vezes medalhista olímpico (bronze nos 50m livre em Atlanta-1996 e bronze no 4x100 livre em Sidney-2000). Foi eleito o melhor nadador do mundo em 1998, campeão e recordista mundial, além de deter sete medalhas de ouro em Jogos Panamericanos. Fora das piscinas, atua como empresário, apresentador, comentarista e palestrante. Também dá cursos digitais sobre excelência, performance e expansão de consciência

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