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Lançada em setembro de 2020 como resposta à alta demanda por numerário durante a Covid-19, a cédula com o lobo-guará tornou-se hoje de circulação rara e é pouco utilizada em transações do dia a dia.
O lançamento da nota de R$ 200, em 2 de setembro de 2020, pelo Banco Central do Brasil, foi uma medida extraordinária diante dos impactos econômicos da pandemia de Covid-19.
Estampada com o lobo-guará — símbolo da fauna do cerrado brasileiro —, a nova cédula teve como objetivo principal dar resposta à crescente demanda por dinheiro em espécie observada nos meses iniciais da crise sanitária.
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Naquele período, o volume de papel-moeda em circulação no país aumentou rapidamente: passou de cerca de R$ 260 bilhões em março para R$ 351 bilhões em agosto de 2020. O movimento foi impulsionado por um comportamento de precaução típico de momentos de incerteza, nos quais empresas e famílias recorrem ao dinheiro físico como forma de segurança. Esse fenômeno, registrado em diversas economias ao redor do mundo, teve efeitos concretos sobre a gestão do numerário brasileiro.
A nota de R$ 200 surgiu, assim, como uma solução de caráter logístico e emergencial. Com ela, o Banco Central buscou facilitar a distribuição de valores elevados e reduzir a pressão sobre a rede de abastecimento de cédulas — especialmente diante dos programas de transferência de renda, como o auxílio emergencial.
No total, foram impressas 450 milhões de unidades em 2020, divididas em quatro séries alfabéticas distintas: AA (50,4 milhões), AH (100,2 milhões), AI (237 milhões) e AJ (62,4 milhões). Não houve novas tiragens nos anos seguintes, o que confirma seu enquadramento como cédula de emergência, categoria utilizada para emissões pontuais em cenários de excepcionalidade.
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Apesar de sua validade legal e presença no sistema monetário, a nota de R$ 200 é hoje raramente vista no comércio ou em caixas eletrônicos. De acordo com estatísticas do Banco Central, havia 144,74 milhões de notas de R$ 200 em circulação em 1º de agosto de 2024, o que representa apenas 32% da tiragem inicial e 1,9% do total de cédulas em circulação no país.
O próprio Banco Central afirma que a liberação das notas ocorre de forma gradual, “de acordo com a demanda”, e que seu ritmo de uso evolui em linha com o esperado. Ainda assim, a baixa utilização coincide com o avanço de formas digitais de pagamento, especialmente o PIX, que democratizou as transferências eletrônicas e reduziu custos de transações para correntistas e pequenos comerciantes.
A escolha do lobo-guará para ilustrar a cédula remonta a uma pesquisa feita em 2001 pelo Banco Central, que buscava identificar representantes da fauna nacional para novas denominações. Ele ficou em terceiro lugar na votação popular — atrás da tartaruga-marinha (R$ 2) e do mico-leão-dourado (R$ 20) — e só foi incorporado ao padrão monetário quase duas décadas depois.