Good Good, o canal de golfe que virou negócio de US$ 45 milhões com estratégia D2C

Marca fundada por criadores atrai capital de risco ao provar que conexão direta com fãs pode gerar receita escalável, novos formatos de mídia e patrocínios no esporte — sem depender de grandes ligas ou direitos de transmissão

Eduardo Mendes

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Em duas publicações datadas do início de 2020 no Substack, Benjamin Grubbs perguntava se os criadores construiriam os próximos unicórnios, e se eles poderiam converter bilhões de visualizações em uma carreira duradoura. Na época, o investidor já não ocupava mais a cadeira de chefe de parcerias com creators do YouTube, onde esteve por seis anos.

Na semana passada, o agora fundador da Creator Sports Capital ganhou os holofotes para comprovar sua tese de cinco anos atrás: o vídeo online é um canal de marketing de marca eficaz para o criador- empreendedor.

A empresa de investimento dedicada a dar suporte a negócios de alto crescimento na economia criadora com foco em esportes emergentes liderou uma rodada de financiamento de US$ 45 milhões para alavancar a Good Good Golf, uma marca de golfe, mídia e estilo de vida, fundada por Matt Kendrick e Garrett Clark.

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Manhattan West Private Equity, Sunflower Bank e Omaha Productions também participaram da rodada, além de outros 50 investidores conectados aos esportes.

Hoje, a Good Good é composta por uma equipe modesta de apenas 25 pessoas responsáveis por gerar 100 vídeos por ano desde 2020, atingindo mais de 500 milhões de visualizações totais. A receita mensal de publicidade oriunda do YouTube bate cerca de US$ 50 mil. Os dados foram revelados, ontem, pelo insider Joe Pompliano no Huddle Up.

O canal contabiliza 1,75 milhão de assinantes, número ínfimo comparado aos 375 milhões de MrBeast e aos 60 milhões do Dudu Perfect, os maiores criadores de esportes do YT. Este dado, porém, torna-se secundário considerando o modelo de negócios no qual a marca apoia-se.

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Em meio à ascensão desta categoria como uma nova classe de ativos totalmente nova e de ligas emergentes com a promessa de reformular como os esportes são consumidos pela audiência jovem, o Good Good alavancou um canal direto ao consumidor (D2C).

A monetização direta com os fãs criou um fluxo de receitas não atrelado à comercialização de direitos/transmissões e venda de ingressos. Rich Johnson, especialista em marcas e esportes, listou algumas linhas de arrecadação da Good Good:

Na visão de Johnson, o modelo de construção do novo tipo de franquia para o esporte não precisará da benção dos gatekeepers.

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“(Dependerá) apenas de relacionamentos diretos com fãs que realmente se importam com o conteúdo”, defendeu.

No início deste mês, Brian Morrissey escreveu sobre como obter o alinhamento certo entre capital e criador será uma tarefa árdua: se a última era da mídia nos ensinou algo, foi que capital de risco e negócios de conteúdo raramente formam uma boa combinação.

“Hoje, o cenário mais dinâmico do setor é impulsionado por criadores independentes que construíram seus negócios de forma autossustentável”, ponderou o especialista em mídia.

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Nas entrelinhas, Morrissey alega que a mídia é um negócio de fachada, usada para abastecer verticais auxiliares com melhor economia ou para propósitos totalmente diferentes, como poder e influência.

Com uma abordagem 360º capaz de transformar a paixão de uma base engajada e fiel em comércio próspero, a Good Good direciona um outro caminho de sucesso em meio à corrida dos capitalistas de risco em torno do setor criador-faz-marca.

É mais um sinal para que marcas, investidores e parceiros de conteúdo considerem além das visualizações e alcance. São métricas simples que podem estar causando alguma espuma nos múltiplos desta indústria.

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Eduardo Mendes

Eduardo Mendes é estrategista em conteúdo e novos modelos de negócio para esportes, mídia e economia criativa. Com quase uma década no jornalismo esportivo, hoje atua com inteligência estratégica e inovação. É cocriador das newsletters The Block Point e Creative Moves, e esteve à frente de projetos como o ecossistema digital do Atlético-MG e os primeiros colecionáveis digitais da T4F.