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Exceto setor de energia, ações dos EUA estão simplesmente “ininvestíveis” agora

Até que os mercados corrijam erros de cálculos, as ações dos EUA simplesmente não podem ser investidas
Por  James Collins -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Enquanto as ações do Snap desmoronavam no pregão de terça-feira em Nova York (fechando em queda de 43%), o desastre já estava nas paredes das empresas de mídia social desde a semana passada.

Ou desde a série de divulgações de lucros deprimentes do primeiro trimestre de 2022 (1T22).

Três pontos-centrais para isso:

1º) Os diretores financeiros começaram a ter uma previsão mais clara dos lucros corporativos para o trimestre na metade do período. Assim, a carta extraordinariamente deprimente do CEO Evan Spiegel aos seus funcionários, que também foi arquivada como 8-K na SEC dos EUA, chegou no 45º dia de um trimestre de 90 dias.

O quadro financeiro do Snap era claro. Observe que isso também se aplica a outras empresas.

Achei muito surpreendente que o analista Dan Ives, da Wedbush Securities e otimista com Tesla, tenha reduzido seu preço-alvo para a ação da montadora de carros elétricos na semana passada em US$ 400 bilhões (levando em conta o valor de mercado).

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Ives fez seu nome ao transmitir informações ao mercado que naturalmente vêm de fontes internas bem colocadas na Tesla.

Claramente, ele recebeu a informação na semana passada de que a produção perdida por interrupção na fábrica da Tesla em Lingang, devido à política de Covid zero na China, seria simplesmente demais para a empresa superar.

Acredito que as entregas globais da Tesla vão diminuir em pelo menos 25% no 2T22 sucessivamente em relação aos 310 mil veículos do 1T22.

Quando o CFO sabe disso, começa a ligar para os analistas. Fui analista de automóveis do Lehman DLJ e do UBS por mais de uma década. Recebia essas ligações.

2º) O negócio de mídia social é apoiado pela publicidade… se os anunciantes estão gastando menos é por causa do medo de uma retração do consumo americano… mas a Target nos disse isso na semana passada.

Assim, à medida que os anunciantes diminuem os gastos, os consumidores – supondo que a publicidade seja eficaz, o que acredito que seja – devem ser menos impactados com lançamentos de novos produtos e menos propensos a comprar.

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As duas compras mais importantes em relação ao tamanho do balanço das famílias nos EUA são casas e carros.

Meu portfólio de modelos short (vendido, apostando na queda das ações) está cheio de OEMs (fabricantes) de carros – Stellantis, Ford e GM. E não acho que a Tesla, mesmo com a sua base de clientes mais abastada, ficará imune a uma desaceleração do consumidor americano.

O short também inclui as construtoras DR Horton e Lennar e os bancos que financiam essas aquisições caras (no caso do short, BAC e WFC.

3º) A lucratividade de qualquer empresa manufatureira é baseada no aumento do volume e, portanto, na melhor absorção dos custos fixos.

Em uma economia dos EUA que provavelmente está em recessão no momento, unidades de tudo serão vendidas em quantidades menores.

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Esta é a principal lição, e foi martelada pela TGT na semana passada. As margens de lucro devem, portanto, cair significativamente nas empresas do S&P 500.

No entanto, de acordo com John Butters, da FactSet, o mercado espera que a margem de lucro do S&P 500 siga em 2022.

De acordo com os insights do consenso de lucro do FactSet:

A atual estimativa de margem de lucro líquido de 12,5% para o segundo trimestre de 2022 está abaixo da estimativa de 12,7% em 31 de março, enquanto a atual estimativa de margem de lucro líquido de 12,6% para o ano de 2022 também está abaixo da estimativa de 12,7% em 31 de março. 

Com base nas estimativas de consenso da FactSet, o S&P 500 apresentou uma margem de lucro líquido de 12,6% em 2021 e esse número também será de 12,6% para o ano de 2022.

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Com pressões sem precedentes na cadeia de suprimentos, menor demanda agregada nos EUA e no exterior, o impacto global nos preços de hidrocarbonetos impulsionados pela invasão da Ucrânia pela Rússia e subinvestimento crônico e custos trabalhistas crescentes em todos os lugares, as empresas dos EUA serão mesmo capazes de manter essas margens? Como?

Para estar comprado em ações dos EUA agora, você tem que acreditar nisso… e não ter nenhum entendimento em economia básica.

Conclusão: até que os mercados corrijam esses erros de cálculos, as ações dos EUA simplesmente não podem ser investidas.

James Collins James Collins é contribuidor da Ohmresearch, com 30 anos de experiência na análise de empresas. Já trabalhou em bancos de investimentos como Lehman, DLJ e UBS. É diretor da Portfolio Guru, LLC e Excelsior Capital Partners.

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