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Ethereum killers: a batalha das plataformas para destronar o Ethereum

A limitação de capacidade do Ethereum fez florescer diversos projetos alternativos à rede
Por  Hashdex -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

*Por Christian Gazzetta

Boa parte das funções essenciais do nosso dia a dia são executadas por programas de computador. Das compras de mercado às contas bancárias, passando pela mobilidade urbana e pelo entretenimento, nossa vida está cada vez mais baseada no mundo online.

Até agora, essas funções geralmente são desempenhadas por empresas em que confiamos para desenvolver e executar os programas computacionais. É o caso dos aplicativos de entregas e de caronas, dos bancos digitais, das plataformas de streaming e das redes sociais.

Foi para mudar exatamente isso que surgiram as chamadas plataformas de contratos inteligentes. Essas tecnologias servem como alicerce para programas de computador que não dependam de empresas, sendo desenvolvidos e executados pelos próprios usuários e por quem mais quiser.

O termo “contrato inteligente”, aliás, se refere justamente a um programa de computador que funciona de forma descentralizada. É a base tecnológica da transição para um mundo em que não precisamos confiar nas empresas que centralizam a criação e operação dos programas que usamos.

O Ethereum e suas limitações

O Ethereum (ETH), primeira plataforma de contratos inteligentes, foi criado para permitir que o futuro da internet seja baseado em tecnologias descentralizadas. Desde 2015, atrai milhares de empreendedores interessados em participar da construção desse novo paradigma, conhecido como Web3.

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A plataforma tem mostrado seu valor: já conta com mais de 3.000 aplicativos e processa mais de 500 mil transações por dia, em média.

Fonte: Hashdex

O problema é que, em sua forma atual, o Ethereum ainda não tem capacidade suficiente para lidar com tamanha atividade – a plataforma não comporta muito mais do que 15 transações por segundo. Desde 2017, quando a grande demanda por um leilão do jogo CryptoKitties congestionou a rede, causando demora nas transações e uma grande alta das taxas, os desenvolvedores buscam formas de lidar com os eventuais períodos de grande demanda.

Esse desafio não é trivial: para os desenvolvedores do Ethereum, aumentar a capacidade da blockchain sem parar o ecossistema construído em cima é como reformar um bonde em movimento. Essa “reforma” terá como principal marco o evento conhecido como The Merge, em que a rede passará a funcionar com uma tecnologia mais escalável.

Por outro lado, a migração da atividade para outras redes é dificultada, principalmente, pela menor confiança em plataformas alternativas, já que estas passaram por muito menos testes do que o Ethereum, e por limitações de compatibilidade entre as aplicações de diferentes redes.

Alternativas ao Ethereum

A limitação de capacidade do Ethereum ficou especialmente clara no chamado DeFi Summer, em meados de 2020, quando as soluções financeiras criadas na plataforma atingiram um público expressivo pela primeira vez.

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Nesse período, as taxas por transação chegaram ao patamar de US$15, tornando impraticável a utilização da rede para operações de baixo valor. Ao longo de 2021, haveria picos ainda mais impressionantes, como quando as taxas médias atingiram os US$ 70 em meados de maio.

Foi nesse contexto que floresceram as principais alternativas ao Ethereum disponíveis hoje, apresentadas abaixo.

BNB Chain (BNB)

Criada pela exchange Binance a partir da tecnologia do Ethereum, mas com menor compromisso com a descentralização.

Foi a primeira blockchain alternativa a ganhar adoção relevante pelos protocolos de DeFi durante o pico de demanda em 2020, especialmente graças a sua eficiência técnica (custos baixos e alta velocidade), compatibilidade com os aplicativos do Ethereum e à grande base de usuários da exchange, estimada em mais de 25 milhões de pessoas.

Desde então, também foi usada para projetos de jogos virtuais em blockchain, seguindo a febre iniciada com o Axie Infinity (AXS), mas tem perdido relevância para plataformas com maior potencial de descentralização.

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Solana (SOL)

Blockchain construída sobre a inovadora tecnologia Proof-of-History, processa uma média de 2.790 transações por segundo com taxas praticamente desprezíveis – o que explica o grande crescimento do seu ecossistema, em especial no que se refere a aplicações financeiras, jogos online e NFTs.

Além da eficiência técnica, conta com o apoio de instituições de peso no mercado, como a exchange FTX, que já levantou fundos milionários para financiar o desenvolvimento de soluções na plataforma. Também é investida pela ilustre gestora de investimentos de risco a16z e validada por grandes instituições como o JPMorgan e o Bank of America, que publicou um relatório projetando que a Solana pode se tornar a “Visa do ecossistema de ativos digitais”.

Cardano (ADA)

Sendo desenvolvida desde 2015 por um dos cofundadores do Ethereum, a plataforma é suportada por um time de peso e uma comunidade apaixonada.

A integridade da rede é garantida pelo mecanismo Proof-of-Stake, com demanda de energia consideravelmente menor do que o Proof-of-Work atualmente usado pelo Bitcoin (BTC) e pelo Ethereum.

O desenvolvimento da tecnologia tem sido sólido, contando com a revisão de especialistas a cada melhoria, mas às custas de maior rapidez: apesar do apelo e do valor de mercado, de mais de US$ 36 bilhões, a plataforma Cardano só passou a rodar contratos inteligentes em 2021 e ainda conta com uma pequena variedade de aplicações.

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Polkadot (DOT)

Sendo construída desde 2016 com a tecnologia Proof-of-Stake, também por um cofundador do Ethereum.

Seu desenvolvimento se baseia na premissa de que nenhuma blockchain sozinha será capaz de suportar todos os casos de uso da tecnologia, o que explicaria a coexistência de diferentes plataformas. Para permitir a interação entre essas blockchains, é constituída por uma rede principal e outras paralelas, chamadas parachains, que focam em nichos específicos.

As primeiras parachains começaram a ser acopladas à Polkadot em 2021, quando se realizaram os leilões das “vagas” para essas redes. Dado o estágio inicial do ecossistema, ainda há pouca usabilidade no ecossistema.

Perspectivas

Além das redes abordadas acima, o ecossistema de plataformas de contratos inteligentes conta com outras alternativas como Algorand, Avalanche, Cosmos e Tezos. A maturidade dessas tecnologias e o crescimento do número de aplicações trarão validações importantes no que se refere às capacidades técnicas das blockchains.

Dado que cada uma conta com vantagens e fragilidades específicas em descentralização, escalabilidade e segurança, é de se esperar a especialização em conjuntos de soluções, como jogos, finanças ou streaming. Nesse cenário, deve aumentar a demanda por protocolos de comunicação entre as redes e por blockchains interoperáveis, como Polkadot.

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Outra tendência provável é a expansão do universo de possibilidades para as aplicações e uma maior complexidade nas combinações, por exemplo, com a criação de bancos digitais completos em DeFi pela composição de soluções de carteiras digitais, empréstimos, seguros, e investimentos em blockchain.

As perspectivas, como um todo, apontam para a diversificação no nicho de contratos inteligentes e suas aplicações. Esperamos um crescimento na quantidade e na maturidade das funcionalidades disponíveis, assim como a consolidação das principais plataformas e das soluções de infraestrutura auxiliares, como o protocolos de armazenamento de dados e de comunicação entre as blockchains.

*Redator da Hashdex formado em Economia pela UFRJ, se dedica a aprender e ensinar sobre cripto desde 2017. Nos últimos anos, dirigiu grupos de estudo e palestrou em eventos como a Bitconf, além de organizar debates e palestras com representantes de entidades como IBM, CVM, ITS Rio, Mercado Bitcoin e Foxbit.

Hashdex Maior gestora de criptoativos da América Latina, já desenvolveu diversos produtos de investimento regulados. É pioneira no setor, tendo lançado o primeiro ETF de cripto da B3, a bolsa brasileira, e o primeiro ETF de índice de cripto do mundo, o HASH11, em parceria com a Nasdaq.

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