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Colômbia tem eleição polarizada e futuro imprevisível

Segundo turno será disputado no dia 19 de junho entre o candidato de esquerda, Gustavo Petro, e o magnata do ramo imobiliário, Rodolfo Hernández
Por  Sol Azcune
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Os eleitores colombianos foram às urnas no domingo (29) para votar no primeiro turno das eleições presidenciais do país. Como nenhum candidato assegurou a maioria, um segundo turno será disputado no dia 19 de junho entre os dois aspirantes com melhor resultado – o candidato de esquerda, Gustavo Petro, e o magnata do ramo imobiliário, Rodolfo Hernández.

O resultado confirmou uma tendência de crescimento de Hernández observada nas últimas semanas da corrida, à medida que o candidato de centro-direita Federico Fico Gutierrez começou a estagnar nas pesquisas. Até então, Fico era considerado o mais provável a disputar segundo turno com Petro, mas mostrou dificuldade em atrair eleitores para além da base conservadora.

Dado o histórico dos protagonistas, surpresas não podem ser descartadas. No entanto, fica claro que a partir de agora o cenário é considerado mais favorável ao empresário que ao senador.

Hernández construiu uma base de apoio por uma campanha principalmente via redes sociais, com foco na luta contra a corrupção e propostas de apelo popular que lhe permitiram atrair eleitores decepcionados com as tradicionais forças políticas do país. Devido ao forte sentimento anti-Petro entre conservadores, a expectativa é que o candidato receba o apoio da maioria dos eleitores de Fico. Na noite ontem, os primeiros movimentos nesse sentido foram observados, quando Fico chamou sua base para votar em Hernández.

Vale notar que Petro recebeu 40% dos votos, Hernández 28%, Fico 24% e outros candidato somaram 6%. Ou seja, se a tendência esperada de migração do eleitor conservador para Hernández se confirmar, o empresário deve ultrapassar o candidato de esquerda por uma margem cômoda.

O futuro agora é desconhecido na política colombiana. Tanto o empresário, que tem curto histórico político, quanto o senador, que representa uma ideologia que nunca chegou à presidência no país, levariam a uma forte mudança na liderança da Colômbia. Suas respectivas vitórias são consideradas derrotas do establishment.

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As últimas pesquisas disponíveis, divulgadas há mais de uma semana devido a embargo da lei local para divulgação na semana da eleição, mostravam um cenário acirrado entre Petro e Hernandez. Por exemplo, em simulação realizada pela pesquisa CNC, os dois candidatos registraram 40,5% de intenção de voto, enquanto 19% dos respondentes indicaram indecisão, que votariam nulo ou não responderam.

Nas próximas semanas, Petro terá o desafio de reformular sua estratégia de campanha, algo que não deve ser nada fácil. Até agora, a estratégia do candidato de esquerda teve base na ideia de que representaria uma oportunidade de mudança e ruptura com o establishment, em oposição ao seu adversário, Fico. No entanto, como Hernández não tem vínculos com forças políticas tradicionais e tem forte discurso anti-establishment, a narrativa utilizada até o momento perde apelo.

É provável que Petro tente usar a falta de experiência ou planos de Hernández a seu favor, principalmente porque o candidato ainda não enfrentou o nível de escrutínio esperado de um possível futuro presidente, já que há pouco não era considerado politicamente viável.Não obstante, apesar de sua falta de experiência na política, Hernández demonstra carisma e habilidade de esquivar de tópicos polêmicos. Não se espera, por exemplo, que o candidato participe de debates, que no país não são obrigatórios.

Devido às rápidas mudanças observadas e às personalidades dos protagonistas, surpresas não podem ser descartadas. No entanto, o curto período de três semanas até a próxima votação e a atual conjuntura favorecem o candidato em ascensão, Rodolfo Hernández.

Sol Azcune É analista política da XP Investimentos com ênfase no cenário internacional. Formou-se em relações internacionais pela universidade SOAS, University of London.

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