A IA me falou que a morte de Odete Roitman custaria R$ 108 mi ao Copacabana Palace

O buzz da novela foi inegável. Mas para uma marca de luxo icônica, que depende da solidez de sua reputação, essa avalanche de exposição é um ativo ou um risco?

Márcio Apolinário

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Como um crime de novela, encenado há décadas, consegue novamente mobilizar o país e transformar um dos hotéis mais tradicionais do mundo em protagonista de memes, piadas e debates? O assassinato de Odete Roitman, personagem icônica de “Vale Tudo”, voltou a ser assunto nacional — e, desta vez, amplificado pelas redes sociais.

Segundo monitoramento do Claritor, o tema “Odete Roitman/Copacabana Palace” gerou uma Reputação Online de 4,0 em uma escala de 0 a 10. Baixa, mas fortemente impactada pela avalanche de memes e brincadeiras.

A reprise do folhetim trouxe de volta a cena mais famosa da teledramaturgia brasileira: o assassinato da vilã nas dependências do hotel que hospedou recentemente Madonna e Lady Gaga. Instantaneamente, o “Copa” se viu no centro das conversas digitais, impulsionado por memes, nostalgia e especulações.

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O buzz foi inegável. Mas para uma marca de luxo icônica, que depende da solidez de sua reputação, essa avalanche de exposição é um ativo ou um risco?

O custo real da crise que não aconteceu

Aqui, minha provocação é: e se o crime de Odete Roitman tivesse sido real? E se o Copacabana Palace tivesse sido associado a uma falha de segurança grave que permitisse o assassinato de uma hóspede bilionária (como está acontecendo nas redes sociais)?

Neste cenário de crise verdadeira, a exposição massiva se reverteria em um dano financeiro e reputacional imediato. Marcas de luxo dependem de ativos intangíveis (confiança, prestígio) que representam até 80% do seu valor.

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Com o objetivo de ter como base dados reais de crises em grandes marcas de luxo (como quedas em valor de mercado de conglomerados como LVMH), pedi para o Gemini me ajudar a quantificar quanto custaria o real estrago à marca:

Componente de CustoSimulação Financeira

Perda de Valor da Marca (Brand Equity)

Perda de 15% do valor intangível

Custos de Remediação e Recuperação

Investimento em PR e segurança (1 ano)

Valor Simulado da Crise

US$ 20.000.000


Convertendo este prejuízo para o mercado nacional, a crise da morte real de Odete Roitman custaria ao Copacabana Palace cerca de R$ 108 milhões.

Mas, que tal voltarmos ao mundo real e fazer uma provocação bem mais legal:

Será que o hotel realmente saiu arranhado com tanta exposição e engajamento na internet ou apenas ganhou um novo tipo de visibilidade?

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A morte de Odete Roitman dentro de um dos endereços mais sofisticados do país criou uma mistura improvável entre glamour e meme. O episódio reacendeu a nostalgia da teledramaturgia e, ao mesmo tempo, inseriu o Copacabana Palace em uma conversa que raramente o inclui: a das redes sociais populares.

Os comentários sobre segurança, ironias sobre a suíte 604 e a avalanche de piadas carregavam, paradoxalmente, um tom de empatia e familiaridade. O público transformou o hotel em personagem — não como vilão, mas como parte do enredo coletivo.

Essa fusão entre ficção e realidade revela algo sobre a forma como o brasileiro consome cultura: mesmo diante da ironia, há admiração por trás da brincadeira. E, no caso do Copacabana Palace, talvez esse tenha sido um dos raros momentos em que ele deixou de ser apenas um ícone distante e passou a fazer parte do imaginário popular contemporâneo.

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O Copacabana Palace no centro da conversa digital

No Instagram, o perfil oficial do hotel também foi arrastado para a conversa. Publicações que nada tinham a ver com a novela foram inundadas por comentários espirituosos, hashtags e referências à cena clássica de Vale Tudo.

O sentimento predominante não foi hostilidade, e sim curiosidade, humor e uma espécie de reverência popular. O Copacabana Palace, involuntariamente, voltou a ser sinônimo de grandeza — não apenas pelo luxo em si, mas pela sua presença simbólica em um dos momentos mais marcantes da TV brasileira.

É como se o público dissesse: “Esse lugar faz parte da nossa história”. O riso, nesse caso, não diminui a marca; o aproxima.

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Quando a alta reputação encontra a cultura pop

O episódio reacende uma discussão interessante sobre o papel das marcas de prestígio na era digital. Por muito tempo, a distância foi um componente essencial do luxo — estar acima da conversa, quase intocado. Mas o ambiente online subverte essa lógica.

Hoje, ser lembrado — mesmo em tom de brincadeira — pode ser mais valioso do que permanecer invisível na bolha da sofisticação. O Copacabana Palace entrou na conversa popular e, de certa forma, isso o rejuvenesceu.

Não é que a “zoeira” digital tenha se tornado uma ferramenta de marketing, mas talvez ela seja um espelho cultural do tempo em que vivemos. O humor virou um idioma coletivo, e estar nele significa existir no imaginário social.

De vilã a ícone: o efeito Odete Roitman na reputação do Copacabana Palace

A associação entre o crime fictício e o hotel não parece ter manchado sua imagem. Ao contrário, o episódio o reposicionou como parte da cultura — um cenário de memórias, histórias e sentimentos que ultrapassam a lógica da marca.

O Copacabana Palace não perdeu o brilho por virar piada. Pelo contrário: ele voltou a ser falado com o mesmo entusiasmo que sempre despertou. A morte de Odete Roitman, no fim das contas, reacendeu uma narrativa afetiva entre o público e o hotel — algo que nem o melhor departamento de marketing conseguiria planejar.

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Márcio Apolinário

Márcio Apolinário é o criador do Claritor, uma plataforma modular de inteligência reputacional que transforma dados digitais em insights estratégicos e planos de ação concretos. Com passagens por veículos de imprensa como iG e Metro Jornal, e empresas como Grupo Santander e Pernambucanas, em seus mais de 20 anos de experiência em comunicação, análise de mídia e reputação, Márcio se dedica a desvendar as complexidades do ambiente online para ajudar personalidades e organizações a proteger e impulsionar sua imagem.