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Talvez você ainda não tenha ouvido falar da banda Velvet Sundown. Tudo bem, ela não toca nas rádios, não fez turnê, não tem clipe com milhões de views no YouTube e muito menos entrevistas na televisão. Mas a banda já soma mais de 500 mil ouvintes no Spotify, com dois álbuns lançados em menos de um ano. O detalhe? Nenhum humano tocou um instrumento, escreveu uma letra ou cantou uma nota sequer. A Velvet Sundown é uma banda gerada por inteligência artificial.
Esse caso não é isolado. Pelo contrário, é um exemplo do que está por vir. Num mundo onde a criatividade sempre foi considerada o último reduto exclusivamente humano, a inteligência artificial está rompendo as cercas da indústria cultural e entrando com força total. E, ao contrário do que muita gente teme, ela não está tirando a alma da arte. Está abrindo espaço para novas expressões, novas narrativas, novas possibilidades.
Quer ver mais exemplos? A tão querida Marisa Maiô — um programa fictício gerado por IA, com roteiro, vozes e imagens criadas por máquinas — virou febre nas redes sociais e ganhou até patrocínio. O projeto, criado como uma sátira nonsense aos programas de auditório dos anos 2000, rapidamente se transformou em um fenômeno de engajamento e discussão sobre os limites da inteligência artificial no humor, no audiovisual e na linguagem popular.
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Sem falar nos memes, que hoje já nascem com apoio de ferramentas como ChatGPT, DALL·E e Sora. Seja para gerar roteiros, imagens surreais ou colocar a voz do Galvão Bueno cantando Taylor Swift, a IA virou o novo pincel que dá vida à criatividade humana.
Sim, é preciso discutir limites. Questões como autoria, direito intelectual e uso ético das ferramentas são mais urgentes do que nunca. Mas enquanto uma parte do mundo ainda reage com medo, outra parte — talvez mais corajosa ou simplesmente mais curiosa — está usando essas novas tecnologias como uma forma de potencializar aquilo que nos torna humanos: a capacidade de imaginar, contar histórias e criar coisas que toquem outras pessoas.
Por isso, mais do que temer a substituição, talvez a gente devesse olhar para esse momento com um pouco mais de fascínio. E se a inteligência artificial não for o fim da criatividade humana, mas o seu próximo capítulo? Uma nova camada de expressão, que descentraliza o acesso à produção cultural, amplia as vozes que podem ser ouvidas e convida até quem nunca se imaginou artista a experimentar o papel de criador.
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Talvez seja isso que a Velvet Sundown e a Marisa Maiô estejam nos mostrando: que a cultura não está morrendo — ela está mudando de forma. E que, nessa transformação, o que vale não é resistir ao novo, mas aprender a coexistir com ele.
Afinal, a arte nunca foi só sobre técnica. Sempre foi, e sempre será, sobre o que nos move.
E nesse sentido, a IA não diminui o humano. Ela amplia.