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O Jogo das Estrelas da NBB e a relação entre esporte e fã

Cada vez mais, o esporte precisa buscar soluções de divulgação e distribuição de seu conteúdo que sejam capazes de atender diversos públicos: a iniciativa da liga brasileira de basquete é um bom exemplo
Por  Cesar Grafietti -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Falamos recentemente bastante sobre inovações no futebol, buscando um olhar sobre os que os clubes podem fazer dentro das suas estruturas.

Inovações na gestão de elencos, pessoas, finanças, novidades na busca de novas receitas. O futebol evolui de forma importante na busca de soluções além do óbvio.

Mas não é só o futebol. Isso vale para todas as modalidades esportivas.

Especialmente considerando o momento em que vivemos, uma pandemia que impede a presença de público nos estádios e ginásios, inovar é praticamente obrigatório se clubes, ligas e federações quiserem manter a relação entre modalidade e torcedores.

Afinal, ficar em casa abriu uma série de possibilidades de entretenimento que eram colocadas em segundo plano em favor do esporte.

Vivemos momentos sem partidas e competições, com jogos e modalidades retornando de forma encavalada e gerando uma overdose de exposição, inclusive com a sensação estranha da ausência de público.

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O esporte sofreu, seja porque o acúmulo de jogos gerou cansaço, lesões e perda de qualidade técnica, seja porque desafiou uma regra básica da economia: a relação entre oferta e demanda.

Mais oferta não significa maior demanda. Se essa oferta vir num bolo de ofertas, então cabe ao consumidor escolher a que mais lhe agrada.

Chegou um momento que o esporte não é tão desejado, especialmente nas partidas e competições que não envolvem diretamente competidores próximos. Como se resolve isso?

Bem, uma parte é questão de tempo, quando as temporadas voltarem às suas agendas normais. A segunda poderia ser uma mudança momentânea de formatos para reduzir o número de jogos, gerar a escassez e manter demanda. Mas é mais complicado fazer isso à medida em que há contratos com TVs a serem cumpridos.

Resta então a necessidade de pensar diferente para atrair a atenção do público.

Falaremos hoje sobre uma dessas possibilidades que é o Jogo das Estrelas da NBB, o Novo Basquete Brasil.

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Assim como o All Star Game tradicional das competições americanas, especialmente o da NBA, o Jogo das Estrelas da NBB é um evento de festa, voltado claramente para o público no ginásio.

Por mais que haja uma interação com a TV, a vibração pelas enterradas e pela partida-show fica no ginásio, não tem jeito.

Por isso, pensar em um evento que não tenha público e seja voltado para a TV é um desafio.

Depois de cancelar a partida em 2020, a NBB resolveu ousar e fazer uma transmissão voltada para a TV em 2021. A partida será disputada no próximo final de semana, nos dias 19 e 20 de março.

Mas ela é o ápice de uma construção que vem ocorrendo desde 2009 e teve um salto de qualidade em 2017, quando a liga resolveu incrementar o evento e gerar cada vez mais experiência aos presentes. Em 2021, a interação sairá das quadras e será com a tela.

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Jogo das Estrelas NBB 2021

Do ponto-de-vista financeiro, o jogo não é um evento que gere lucro. Normalmente, é uma oportunidade de retribuir retorno aos parceiros comerciais e abrir espaço para que novos interessados façam parte do universo do basquete brasileiro, de forma que possa se tornar uma relação de longo prazo.

Mas além da ação de patrocínio, o evento sempre possibilitou relacionamento com o torcedor presente, como no ano em que uma rede de fast food entregou um sanduíche para cada torcedor no ginásio quando uma das equipes chegou aos 100 pontos na partida.

Agora será tudo diferente – e, assim, chegamos ao aspecto da inovação.

No lugar de uma partida entre uma equipe de brasileiros e outra de estrangeiros, que fica modorrenta em determinado momento (assim como na NBA), a NBB resolveu fazer uma disputa efetiva.

Serão quatro equipes, sendo duas com brasileiros, uma com jovens talentos e outra apenas com gringos. Haverá duas semifinais, disputa de 3º lugar e final, com cada partida durando exatamente um quarto de uma partida completa.

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Sai a confraternização e entra a disputa, como forma de manter a atenção durante a todo o jogo.

Além disso, haverá uma parceria com uma empresa de apostas em que os telespectadores, que acompanharão as transmissões pela TV Cultura, ESPN, Facebook e Twitch, participarão de um “jogo preditivo”, no qual responderão a perguntas como “quem fará a primeira cesta?”, “quem chegará primeiro a 10 pontos?”, e assim por diante.

A soma de pontos permitirá ao fã concorrer a prêmios. Interação simples, direta e eficiente com o torcedor no sofá de casa.

Em todas as partidas, os capitães das quatro equipes – Alex, Marquinhos, Shamell e Georginho – vão vestir microfones e haverá interação o tempo todo com o host que acompanhará as partidas pela transmissão no Twitch.

Se não é uma novidade, pois já foi feito na MLS (liga de futebol dos EUA), a ideia terá mais pimenta por aqui, pois a ideia é interagir o tempo todo do jogo e não em momentos específicos, respondendo perguntas dos telespectadores – a ideia é fazer o torcedor se sentir dentro de quadra.

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O interessante é que este modelo será exclusivo do Twitch, mas algumas falas serão aproveitadas pela ESPN, enquanto na TV Cultura e no Facebook devemos ter a transmissão tradicional. Espaços e opções para todos os gostos.

A partida será disputada no ginásio do Pinheiros, com a quadra totalmente “envelopada” com telas de LED que permitirão uma sensação interessante para quem estiver acompanhando a partida em casa. Sem público, é uma forma de gerar interação no ginásio, inclusive.

E tudo isso permite ativações com patrocinadores, de forma que as disputas de enterrada, de habilidades e de arremessos de três pontos também permitam contato entre atletas, telespectadores e patrocinadores.

E mais: haverá doações de patrocinadores para entidades que combatem a Covid, como uma forma de interagir também com a sociedade.

Qual a importância disso tudo?

Cada vez mais, o esporte precisa buscar soluções de divulgação e distribuição de seu conteúdo que sejam capazes de atender diversos públicos.

Trabalhar com gerações distintas ao mesmo tempo demanda uma habilidade enorme na conversa com todas elas. O que se deve evitar é ignorar as novas possibilidades ou olhar apenas para as novas gerações.

Isso porque elas mudam ao longo do tempo, enquanto gerações mais antigas são capazes de desenvolver hábitos que a teoria julgaria incomuns.

Vou dar um exemplo pessoal: meu filho tem 11 anos e assiste a inúmeras partidas de futebol inteiras, analisa o jogo, reclama das substituições, questiona o sistema de jogo dos dois times. E não se preocupa com a famosa segunda tela. Eu tenho 49 anos e assisto às partidas na TV, com um tablet ligado numa segunda partida e o celular nas mãos discutindo os jogos com os amigos.

São dois exemplos que não significam a verdade absoluta, mas ajudam a entender a distância entre um jovem brasileiro da periferia e outro do centro, de um italiano e um americano, um árabe e um oriental, geração Z e Y.

Quem lida com o conteúdo precisa estar atento a todos esses grupos e às implicações dos diferentes modos de consumo.

Haverá excessos, coisas sem sentido que serão vendidas como essenciais. Mas também haverá aquelas mudanças que farão a diferença. Nada como a boa e velha “tentativa e erro” até encontrar o caminho justo. E esse caminho parece ser o da diversidade de opções e entregas, chegando a mais e mais pessoas.

O conteúdo não é fim, é meio. Mas o esporte precisa estar atento, para não perder o bonde – ou o carro elétrico – e ficar à pé no meio do caminho.

Cesar Grafietti Economista, especialista em Banking e Gestão & Finanças do Esporte. 27 anos de mercado financeiro analisando o dia-a-dia da economia real. Twitter: @cesargrafietti

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