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Riqueza e Felicidade (3) | Pertencimento: a grande armadilha

O sentimento de pertencimento é uma grande necessidade humana. Pode esse sentimento ser comprado?
Por  Wilson Marchionatti
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Ter dinheiro para obter prazeres não é suficiente para uma vida feliz, é o que concluímos com os últimos avanços da ciência econômica e psicologia, e também com a observação prática de pessoas que nos procuram.

Há um outro sentimento muito importante que é o do pertencimento, ou seja, sentir que pertencemos de maneira positiva a determinados grupos, que somos queridos de alguma forma.

Mas na moderna sociedade do consumismo e exibicionismo, o dinheiro ganhou tal importância que nos faz acreditar que podemos comprar inclusive o pertencimento. Podemos comprar o status de “elite” ganhando bem, podemos comprar a posição de “pessoa muito importante” com um cartão VIP (very importante people), podemos até comprar nossos minutos de estrelato nas redes sociais, desde que tenhamos “coisas” para mostrar, como uma viagem “inesquecível”, uma festa “tudo de bom”. Tendo isso compramos até uma legião de amigos, que são temporários, condicionais e nem conhecemos direito, mas mesmo denominamos de amigos e lhes damos o poder de aprovar nossa vida. Queira ou não, obtemos assim um pouco de sentimento de pertencimento.

Mas no fundo sabemos, até de maneira inconsciente, que esses sentimentos de pertencimento temporários e condicionais, não são iguais a outros sentimentos que já experimentamos e sabemos que existem, embora raros. Estamos falando do pertencimento à quem nos ama por quem somos, e não pelo que temos no momento, como o cuidado dos pais, uma amizade verdadeira que não tem interesse algum além da diversão (tínhamos muitas desse tipo na infância), o reconhecimento por nosso mérito, como uma nota 10 em prova, e o tão importante auto-pertencimento, auto-estima, ou seja, uma alma não querendo fugir do próprio corpo.

Esses sentimentos são verdadeiros, dependem de nossa essência, e por isso não são compráveis. Nesse sentido o dinheiro não compra a felicidade, e filósofos como Confúcio e Sócrates já nos alertam sobre isso há mais de 2 milênios.

O dinheiro pode até comprar pertencimentos momentâneos, como sentir-se admirado pela beleza, pelo carro, pelo status, mas ao longo da vida esse pertencimento originado do que é material se corrói. A beleza envelhece, o status é transferido a outros, os interesses que mantém uma amizade deixam de existir, e acabamos com a única coisa que sempre nos acompanha: nossa essência. Por isso que um sentimento de pertencimento baseado em essência é único capaz garantir um prolongado estado de felicidade.

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Não esqueça que ainda há uma terceira sensação positiva: a do significado. É o que veremos no próximo post.

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