Diálogo X Trabalho em Equipe

Os traços de personalidade costumam variar muito de pessoa para pessoa, mas, em geral, raramente são percebidas mudanças significativas de estilo ou de comportamento de um mesmo líder ou governante ao longo do tempo. As exceções costumam acontecer em épocas especiais, quando as nações enfrentam grandes crises ou adversidades de muito impacto, como guerras, epidemias ou revoltas, por exemplo. Nestes casos, um mesmo governante...

Rubens Menin

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Os traços de personalidade costumam variar muito de pessoa para pessoa, mas, em geral, raramente são percebidas mudanças significativas de estilo ou de comportamento de um mesmo líder ou governante ao longo do tempo. As exceções costumam acontecer em épocas especiais, quando as nações enfrentam grandes crises ou adversidades de muito impacto, como guerras, epidemias ou revoltas, por exemplo. Nestes casos, um mesmo governante, investido do espírito de estadista, pode modificar seus hábitos e costumes para melhor se adaptar às exigências de situações supervenientes e atender de forma mais eficiente as necessidades das populações sob seu comando. 

Entendo ser exatamente esse o caso da situação brasileira no presente momento, por conta da polarização criada durante o processo eleitoral e, também, pelas dificuldades que teremos que enfrentar no quadro econômico imediato.  Felizmente, enxergo alguns fatores positivos nesse particular, uma vez que a presidente reeleita enfatizou muito durante a campanha, palavras como “mudanças” e “reformas”, tudo isso sintetizado no slogan “governo novo, ideias novas”.
Além disso, a mídia nacional tem destacado a circunstância de que a presidente pretende ativar um diálogo permanente e cooperativo com os diversos segmentos do setor produtivo, diálogo esse que se estenderia também aos integrantes de sua própria equipe de governo. O noticiário produzido nos últimos dias resume essa vontade presidencial na ideia de que serão construídas “pontes” entre a administração e os agentes econômicos e entre a própria presidente e os membros da equipe que ela vier a recrutar para ajudá-la na transposição das turbulências conjunturais e na governança do país. 
 
Todas essas são premonições de bom augúrio, de que teremos um segundo mandato com características menos centralizadoras, com menos intervenção governamental nos mercados e em sua lógica própria de funcionamento, bem como com a prática de diretrizes funcionais que privilegiam o trabalho em equipe. Esse último aspecto é um pouco mais complexo do que se poderia vislumbrar em leitura mais apressada. De fato, para ser eficiente e produtivo, o funcionamento da máquina governamental teria que buscar um paradigma nas técnicas modernas de gestão, organizando um sistema de “governança corporativa”, que inclua, principalmente, os instrumentos de delegação e controle. Nunca é demais lembrar que os diversos estamentos da estrutura governamental precisarão ter autonomia e poder de decisão, ainda que submetidos a regras de controle e lealdade. Sem esses ingredientes, mesmo favorecida com o diálogo interno, a equipe de governo torna-se fraca, perde motivação e passa a desfrutar de baixa credibilidade por parte da população e dos investidores. 
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