Como Proteger a Sua Poupança
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A queda relativa de rentabilidade das cadernetas de poupança – modalidade que vinha concentrando a preferência dos brasileiros comuns e daqueles menos habituados com os meandros do mercado de capitais – está deixando a maioria deles meio desnorteada, sem saber para onde transferir os seus investimentos ou as suas reservas para eventuais necessidades futuras. Em geral, a sociedade brasileira não tem o hábito arraigado da poupança, em qualquer das suas modalidades e, por isso mesmo, tem mais dificuldade que outros povos para lidar adequadamente com esse assunto. Mesmo aqueles que movimentam somas elevadas no mercado de capitais, às vezes se confundem com alguns conceitos básicos e correm riscos muito maiores do que suspeitavam, em alguns ativos menos concretos, especialmente em uma época de incertezas como a que está enfrentando, atualmente, a economia nacional.
Para simplificação, costumo considerar nos meus negócios pessoais e familiares, uma classificação diferente daquela adotada na contabilidade clássica, que divide os ativos em reais (imóveis, metais, obras de arte, participações societárias, máquinas, veículos, etc.) ou financeiros (títulos, apólices, letras cambiais, planos previdenciários, etc.). Prefiro separá-los de forma mais objetiva e simples, dividindo-os nos “concretos” e nos “intangíveis”, considerando, sempre, que os primeiros são aqueles palpáveis que têm um valor intrínseco contido no próprio bem e que, geralmente, podem ser convertidos em moeda corrente sem perdas significativas, enquanto os segundos têm os seus valores estabelecidos arbitrariamente em cada ocasião, ainda que observando critérios de raridade, beleza, confiabilidade, liquidez, natureza, etc. Na minha juventude, ouvi o meu pai contar várias vezes uma anedota bem conhecida e que nunca mais me saiu da cabeça: “Uma família tinha três filhos jovens. O primeiro deles comprou um bonito relógio, pagando por ele 100 moedas. O segundo irmão, vendo aquilo pensou que o valor do relógio deveria ser mesmo muito elevado e tanto fez que acabou por comprá-lo do primeiro irmão por 110 moedas. O terceiro irmão, observando a cena, passou a considerar, também, que a posse do relógio haveria de ser um bom negocio e acabou comprando-o do anterior por 120 moedas. E esse círculo virtuoso continuou, com a troca sucessiva de propriedade entre os irmãos, que, a cada transação, aumentavam 10 moedas ao preço do relógio. Até que um dia, numa queda, o relógio se espatifou no chão e perdeu todo o seu valor. A lástima foi geral, e os três irmãos se lamuriavam em coro: que azar, logo agora que estávamos ficando ricos, o relógio quebrou!” Se pensarmos bem, tem muita gente fazendo raciocínio equivalente, desde os criadores de alguns cavalos de raça, até os colecionadores de pinturas, cerâmicas ou selos. Esses preços são sempre estabelecidos no âmbito de confrarias específicas e acabam correspondendo ao espírito de outra anedota bem conhecida: a do proprietário de um cão de raça, com muita linhagem e premiação, que pedia um milhão de reais para vender seu belíssimo animal, mas que acabou por aceitar a sua troca por dois gatos de 500 mil reais cada um, já que esses também dispunham de invejável linhagem, morfologia exemplar e extensas listas de prêmios.
Brinquei com esses exemplos justamente para realçar um pensamento objetivo e de grande utilidade na nossa conjuntura atual. Existem certas modalidades de investimento que minimizam os riscos, justamente por corresponderem a bens concretos, com valor próprio ou intrínseco. É o caso da compra de imóveis para morar ou para alugar, mercado que conheço de perto, e que tem um potencial de atração muito maior do que as quantidades que se movimentam atualmente. Seja em compras diretas, presentes ou futuras, seja pela aplicação em fundos imobiliários ou clubes de investimentos habitacionais. Aplicações dessa natureza têm a vantagem adicional de resultarem, naturalmente, protegidas da inflação (que é um imposto criado pelo governo, que diminui continuamente o valor da moeda pelo aumento descontrolado de sua emissão, punindo aqueles que poupam em benefício dos que se endividam ou daqueles que vivem dos tributos arrecadados).