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Brasil, o triturador de empresas

Os norte-americanos costumam estar bem conscientes disso e valorizam como se fossem símbolos nacionais, as grandes empresas e iniciativas como o Google, a General Eletric, o Facebook, a General Motors, a Amazon, a Apple e todos os outros pólos do esforço empresarial que alavancam o progresso daquele país. Esse é um dos componentes da explicação para a diferença entre a situação econômica do Brasil e dos EUA.
Por  Rubens Menin
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No último mês de dezembro foram criados 200 mil postos de trabalho nos EUA. No mesmo período foram extintas 150 mil vagas de emprego no Brasil. Por que isso aconteceu? – As causas são muitas e variadas, mas, a grande maioria delas resulta de opções equivocadas ou ineficientes que foram tomadas por aqui, tanto na área política como na econômica. Quem perdeu com isso? – Enganam-se aqueles que acreditam que perderam apenas as empresas e seus donos ou acionistas. Perderam os brasileiros. Perderam salários, perderam renda, perderam a possibilidade de se sustentarem e às suas famílias com um emprego garantido, perderam dignidade, e perderam, principalmente, a chance de prosperarem na busca de um futuro melhor.

Se as conseqüências desse quadro estão sendo tão nefastas, por que se percebe, aqui, ali, acolá e em todas as partes, um certo e difuso sentimento de júbilo com a desgraça das empresas, algumas delas responsáveis, até pouco tempo atrás, pela criação e sustentação de milhares de empregos? Quem pode estar feliz com o derretimento da Petrobras, do seu programa de investimentos e de seus empregos? Por que grande número de brasileiros não se dá conta de que ficamos todos mais pobres – e muito mais pobres, mesmo – com a diminuição do valor patrimonial da Petrobras, sejamos ou não acionistas diretos da Companhia? Já ouvi expressão explícita de júbilo diante da notícia de uma queda acentuada do IBOVESPA, como se a torcida contra a Bolsa pudesse ser lógica em qualquer circunstância.O Brasil está assistindo à maior destruição de valor da sua história e muitos ainda comemoram ou se regozijam com as dificuldades enfrentadas pela SAMARCO (com um futuro duvidoso à frente); com o esfacelamento do BTG Pactual (que está dispensando um time qualificadíssimo de colaboradores, responsável pela atração de grandes investidores para o mercado nacional); com os embaraços das grandes empresas de Construção Pesada (muitas delas em recuperação judicial); com a destruição do parque siderúrgico nacional (e o fechamento ou diminuição operacional de usinas e fábricas). Não há o que comemorar nisso, qualquer que seja a visão ideológica dos brasileiros. São as empresas que criam riqueza, geram trabalho e alavancam o progresso da nação. Os norte-americanos costumam estar bem conscientes disso e valorizam como se fossem símbolos nacionais, as grandes empresas e iniciativas como o Google, a General Eletric, o Facebook, a General Motors, a Amazon, a Apple e todos os outros pólos do esforço empresarial que alavancam o progresso daquele país. Esse é um dos componentes da explicação para a diferença entre a situação econômica do Brasil e dos EUA.

Os brasileiros, como os latino-americanos em geral, foram as principais vítimas da Guerra Fria, quando as grandes potências, por questões estritas de geopolítica e de domínio das suas áreas de influência (mercados cativos), nos puseram a lutar numa briga que não era nossa. Essas potências já se entenderam ou descobriram certo modo de coexistência pacífica. E nós continuamos a lutar a mesma e velha luta, incluindo a disseminação de um forte sentimento antiempresarial responsável pelas atitudes mencionadas nos parágrafos precedentes. Não é raro ouvirmos de algum brasileiro ou latino-americano um comentário depreciativo ou preconceituoso do tipo: “a empresa privada só visa o lucro”, como se o lucro fosse alguma coisa errada e a ser evitada em favor do seu contrário: o prejuízo. O pior de tudo isso, é que esse tipo de preconceito ou sentimento negativo acaba contaminando os agentes políticos e produzindo efeito na gestão da economia. As más opções e a escolha infeliz de estratégias nacionais estão fortemente condicionadas pela existência dessa visão pré-histórica e atrasada. Não podemos continuar condenados por ela. Temos que rever nossos conceitos ou continuaremos a ser um país triturador de empresas (e de empregos, renda e riqueza).

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