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Big techs invadem o mundo financeiro: qual será o papel dos bancos?

Empresas de tecnologia se tornaram parceiras dos grandes bancos - mas até quando essa relação de “dormindo com o inimigo” vai perdurar?
Por  Gustavo Cunha -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Não é de hoje que a posição de hegemonia dos grandes bancos no controle de investimentos, meios de pagamento e crédito está sendo ameaçada. De pequenas fintechs às gigantes empresas de tecnologia, o escopo e diversidade de incursões no mercado financeiro são enormes.

No Brasil, a mais recente dessas iniciativas veio pelo anúncio, na última segunda-feira (15), do WhatsApp permitindo transferências e pagamentos através de sua plataforma. Essa incursão é quase que inevitável.

O mercado financeiro brasileiro é um dos mais rentáveis de mundo e com uma grande escala em termos de clientes. Há anos, os grandes bancos têm retornos sobre capital superiores a 15% a.a. e números de clientes de dar inveja a instituições tradicionais do exterior.

Um mercado com altas margens e com escala é um sonho de consumo de qualquer empreendedor que trabalhe com tecnologia. Daí decorre meu ponto de que o aumento de concorrência no setor bancário é inevitável.

A grande barreira para que isso aconteça está na regulamentação. Essa também era a barreira a ser vencida pelo Uber, quando fez a disruption do setor de táxis mundo afora, com a diferença de que o setor bancário é tido como essencial na economia e é muito mais centralizado, com órgãos de classe mais organizados e fortes e com uma regulamentação muito mais complexa.

Mas essas são somente barreiras a serem ultrapassadas – e nenhuma delas é intransponível. Ainda mais quando temos várias iniciativas apoiadas pelo Banco Central para aumento de competitividade, como o open banking e pagamentos instantâneos (o sistema PIX), por exemplo.

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Falando das big techs, todas elas têm carteiras digitais desenvolvidas (Apple Pay, Google Pay, Amazon Pay, Facebook Pay e Microsoft Pay).

Mas grande parte dessas plataformas são ancoradas nos sistemas tradicionais de pagamentos – ou seja, cartões de débito e crédito. Com isso, ao mesmo tempo em que deixam as questões de regulamentação bancária aos bancos, elas geram uma experiência de pagamento a seus clientes.

Essas empresas não concorrem diretamente com as instituições financeiras, pelo contrário, já que os bancos são grandes clientes na utilização de armazenamento na nuvem, licenciamento de software e outros produtos.

Mas a dúvida é: até quando essa relação de “dormindo com o inimigo” vai perdurar?

Outra grande discussão sobre a incursão das big techs no mercado financeiro tem a ver com a utilização dos dados gerados nas movimentações financeiras.

Pouco ou mal utilizados pelos bancos, esses dados têm um nível informacional importantíssimo para as big techs, que querem controlar toda a experiência do consumidor e oferecer produtos que sejam cada vez mais customizados.

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A Europa é a líder na regulamentação da utilização de dados. Seus princípios têm se espalhado mundo afora, inclusive no Brasil, que tem sua Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) sendo implementada.

Vale dizer que os grandes bancos não estão parados esperando serem devorados. Eles têm feito parcerias com fintechs, adquirido algumas e tentado deixar suas estruturas ágeis o suficiente para o cenário que se apresenta.

As instituições financeiras tradicionais têm a seu favor um conjunto de normas e um regulador que define as regras para que o sistema seja o mais estável possível – e isso não se deve ignorar.

Cada vez mais, o contato com o cliente parece ser o ponto de discussão desse jogo. Muitos analistas preveem que os bancos e instituições financeiras passarão a ser provedores de serviços para as big techs, que terão, então, o controle total da relação com o cliente.

Esse cenário é bastante complexo, para não dizer perigoso. Poucas empresas no mundo seriam as detentoras dessa relação e as demais seriam satélites delas.

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Grandes concentrações, a não ser em setores considerados monopólios naturais (fornecimento de água, por exemplo), normalmente não são benéficas para o consumidor, no longo prazo.

Se chegaremos a esse cenário ou não é difícil prever. Mas que as big techs estão invadindo o mundo financeiro, isso já é uma realidade.

Gostou? Algum ponto que não considerei? Me diga o que achou. 

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Gustavo Cunha Autor do livro A tokenização do Dinheiro, fundador da Fintrender.com, profissional com mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro tradicional, tendo sido diretor do Rabobank no Brasil e mais de oito anos de atuação em inovação (majoritariamente cripto e blockchain)

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