O único conselho do InfoMoney para a eleição é: vá votar no domingo

Site defende que todo cidadão brasileiro exerça seu direito ao voto, mas respeite a decisão da maioria da população

João Sandrini

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

(Agência Brasil)
(Agência Brasil)

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(SÃO PAULO) – Desde 19 de março, quando o InfoMoney se tornou o primeiro veículo de mídia brasileiro a relacionar um movimento de valorização das ações da Petrobras na Bolsa ao desempenho dos principais candidatos nas pesquisas eleitorais, milhares de leitores manifestaram sua indignação com reportagens publicadas aqui, que, supostamente, seriam a prova cabal de que a redação estaria tentando manipular o resultado do pleito em favor de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) ou Marina Silva (PSB). As críticas chegavam de todas as formas: comentários nas reportagens, e-mail aos jornalistas e posts nas redes sociais. E vinham de todos os lados: petistas, tucanos e marineiros. E cresciam à medida que a política virava o principal driver da Bolsa e drenava a atenção do país.

Obviamente ninguém se sente confortável em meio a um tiroteio. Mas o fato de eu responder diariamente os e-mails enviados à redação com acusações de que favorecíamos todos os lados, por si só, já me parece uma prova de que houve imparcialidade no conteúdo publicado nesses últimos meses. É quase um exercício de média simples: se todos os lados nos criticavam, só podia ser porque não estávamos beneficiando ninguém.

Os primeiros a se incomodar foram os petistas. Uma notícia que relaciona a alta da Bolsa à expectativa de alternância de poder e que começa a reverberar por todos os lados – a ponto de ser capa da Veja – com certeza não é favorável à Dilma. Mas escrever que a Petrobras teve valorização de 10% em determinado dia porque Aécio cresceu nas pesquisas não era opinião nem especulação. Era o relato de um fato que não poderia ser omitido dos leitores, em uma correlação tão óbvia quanto dizer que depois da segunda-feira vem a terça. Colocar em dúvida esse movimento de mercado seria tão absurdo quanto um jornalista esportivo corintiano dizer que seu time do coração venceu por 4 a 0 um jogo que acabou empatado.

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Os petistas também se queixaram muito sobre as críticas constantes que economistas e analistas fazem sobre a política econômica do governo. A verdade é que sempre buscamos ouvir economistas pró e contra Dilma. Gente como Delfim Netto, Luiz Gonzaga Belluzzo e Otaviano Canuto foram entrevistados e defenderam a gestão do Ministério da Fazenda ou do Banco Central no InfoMoney. Só não publicamos mais reportagens desse tipo porque quanto mais a economia se deteriorava, menos entendidos das finanças apoiavam o governo.

Depois vieram as críticas de que teríamos aderido à campanha de Marina – outra inverdade. O que não podíamos esconder é que, em dado momento, Marina chegou a ser cotada como favorita para vencer a eleição. Demos a ela destaque e importância proporcionais ao que, naquela hora, pareciam ser suas chances no pleito. Isso em nada valida rótulos como mídia golpista, PIGs e outros comentários que chegaram até a redação.

Desde o final de setembro, no entanto, o que mais tenho respondido são críticas de tucanos, que não se conformam com os resultados errados das pesquisas anteriores ao primeiro turno, com declarações de Lula ou Dilma que são publicadas, com os levantamentos mais recentes que colocam a presidente à frente de Aécio, etc.

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E também muitas críticas pelo site ter aumentado o foco em política e esquecido outros assuntos. Sobre esse ponto, sempre procurei explicar que praticamente o único fato que mexeu com a Bolsa nos últimos meses foram as pesquisas. Uma empresa que soltasse um bom balanço trimestral até poderia ver suas ações se valorizarem em 1% no pregão seguinte. Mas uma pesquisa que mudasse as perspectivas dos investidores em relação aos resultados da eleição sozinha já poderia levar a uma valorização de 10% da Petrobras, dos bancos e de outras grandes empresas da Bolsa. Foi por esse motivo que decidimos que as eleições seriam o foco do noticiário. Os leitores parecem ter entendido e aprovado. O InfoMoney deve chegar a 7 milhões de leitores neste mês, o que, se confirmado, representará um crescimento de quase 350% em relação à audiência obtida em outubro de 2013.

É gratificante ter fornecido informações para tantos brasileiros tomarem decisões, seja na hora de investir ou de escolher o número do candidato que será digitado na urna no domingo. Admito que o debate eleitoral foi dominado pela baixaria em diversos momentos: na propaganda eleitoral na TV, nos debates entre candidatos, nas redes sociais, nas ruas e também em alguns comentários publicados nos nossos textos. Infelizmente ficou claro que o país ainda precisa amadurecer politicamente, mas ao menos a discussão sobre eleições foi para as ruas. Ao invés de debater a novela ou a última rodada do Brasileirão, o povão passou a falar dos prós e contras de Dilma e Aécio no metrô, no trabalho ou na mesa do bar.

Sempre acreditamos que a decisão sobre o voto cabe a cada eleitor. O único direcionamento que o InfoMoney gostaria de passar para o domingo é: vá votar. Cancele outros compromissos ou volte mais cedo da praia para isso. Exerça seu direito de ajudar a escolher o próximo presidente e durma com a consciência tranquila por ter tentado fazer do Brasil um país melhor. Caso seu candidato preferido não seja eleito, respeite a vontade da maioria. Como dizia Winston Churchill, a democracia é pior forma de governo com exceção de todas as outras que já foram experimentadas. Ninguém ganha nada enfraquecendo as ainda frágeis instituições – pelo contrário. O Brasil não vai acabar com a vitória de um ou outro candidato. Países não se suicidam. A população sempre vai se organizar e forçar uma reviravolta quando os líderes enlouquecerem. Pode parecer que não, mas 2018 está logo aí.