Nova York dá adeus a um de seus mais notórios prefeitos

Michael Bloomberg não teve medo de tomar decisões impopulares e colocou a cidade nos trilhos
Por  Leonardo Pires Uller
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SÃO PAULO – A cidade mais influente do mundo foi às urnas hoje e assim se aproxima do fim o governo de um dos prefeitos mais influentes do século XXI até agora. Com um projeto sério de governabilidade, mesmo em momentos de popularidade em alta, Michael Bloomberg não abandonou seu posto para voos políticos de maior alcance, como o governo estadual ou mesmo a presidência dos EUA.

Com grande experiência no setor privado, o empreendedor trabalhou anos em Wall Street antes de fundar na década de 1980 a companhia que leva o seu sobrenome e se tornaria um dos maiores conglomerados da mídia no mundo e assumir a prefeitura de Nova York.

A cidade, sem sombra de dúvida, não será a mesma quando o empresário entregar suas chaves para o novo prefeito. Em 2002, quando Bloomberg assumiu o cargo, a Grande Maçã, como é conhecida a metrópole, atravessava uma de suas piores fases por conta dos atentados de 11 de setembro de 2001. Em 2013, a cidade está com orgulho recuperado e é, mais uma vez, a maior liderança mundial em áreas que vão da economia à cultura.

O segredo para o sucesso? Uma administração pragmática, com objetivos definidos e sem medo de tomar decisões, muitas vezes, impopulares. Bloomberg se aproveitou de todos os anos de experiência no setor privado para realizar uma administração que mudou a feição da cidade. Com a cidade quase falida, o prefeito decidiu não se empenhar na candidatura de Nova York para os Jogos Olímpicos de 2012 a despeito do desejo da população.

Administrador experiente, Bloomberg fez escolhas nem sempre ortodoxas para resolver os problemas da metrópole. Na área da saúde, por exemplo, ao invés de gastar fortunas na construção de hospitais o prefeito optou por atacar o problema por outras vias: declarou guerra à gordura trans, ao cigarro e ao sedentarismo. O resultado? De 2002 até hoje, a expectativa de vida dos nova-iorquinos aumentou em 35 meses.

Bloomberg ainda criou o High Line Park, parque linear sobre uma linha férrea abandonada há anos, evitou uma crise fiscal na cidade após os atentados e manteve o rigor de seu antecessor, Rudolph Giuliani, no combate ao crime.

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O legado do prefeito não se limita a sua cidade. Além de ser precursor de diversas iniciativas de sucesso imitadas ao redor do mundo como a proibição do fumo em lugares públicos, Bloomberg ainda é um dos grandes entusiastas do C40, grupo fundado pelo seu colega londrino Ken Livingstone que reúne 40 grandes metrópoles de todo o globo com o objetivo de reduzir suas emissões de gases poluentes e melhorar o meio ambiente.

Visionário e obstinado, Bloomberg diz adeus à prefeitura de Nova York com um número de acertos e vitórias muito superior ao de erros e derrotas. Seu mandato deve servir de exemplo e inspiração para prefeitos de metrópoles ao redor de todo o globo

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