Aprendeu com Lula? Levy começa 2015 com tiradas que não ficam devendo nada a Mantega
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SÃO PAULO – Quem viu as fotos do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegando ao café da manhã com jornalistas nesta terça-feira (13) pode ter avaliado que ele estaria um pouco incomodado com a visibilidade do novo cargo, até um pouco tímido sobre o que estaria por vir.
Com os olhos arregalados, Levy saiu do carro e caminhou até a sede Ministério da Fazenda, onde teria o encontro com a imprensa.
Porém, se a princípio, ele parecia tímido, a fala dele durante o café foi na direção contrária. Aliás, o ministro relembrou até os tempos do seu ex-chefe Lula (quando Levy era o secretário do Tesouro entre 2003 e 2006).
Isso por que a sua fala foi repleta de analogias futebolísticas, como o ex-presidente da República costumava fazer. Se Lula usava a palavra para justificar as suas nomeações e sobre questões delicadas para o Brasil, como reforma agrária, o atual ministro da Fazenda fez uso de analogias com o esporte bretão para falar sobre a atual situação econômica do Brasil.
Em 2008, no dia da posse de Edison Lobão como ministro de Minas e Energia, Lula criticou quem achasse errado colocar um político num cargo que exigiria, a princípio, um perfil técnico: “fala-se isso como se todo técnico de futebol fosse o melhor jogador”, afirmou.
Agora, a situação é quase oposta: Levy busca se aproximar da linguagem da população e deixar o “economês” de lado ao recorrer a um contexto mais próximo da população.
Levy, o camisa 10
Levy fez uma comparação do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff a um segundo tempo de jogo de futebol. “A gente vai acertar o jogo no segundo tempo para fazer uma analogia canhestra com o futebol. Precisamos sair do zero a zero e arrumar no segundo tempo para começar a fazer gol”. E completou: “estamos entrando no segundo tempo, com uma formação um pouco diferente para fazer gol e também para não levar gol”, disse.
Ainda fazendo analogia com o jogo de futebol, o ministro disse que vai ter mudanças “no jeito de jogar”. “Vai ser uma tarefa comum de governo e no ministério (da Fazenda) restabelecer a confiança, tanto do capital doméstico quanto do capital estrangeiro.
Assim, aqueles que podem ter ficado “órfãos” com a saída do ministro Guido Mantega – e de suas frases divertidas e de efeitos – ficaram aliviados com as falas do ministro já em um de seus primeiros encontros com a imprensa.
Se, logo nos primeiros momentos em que foi anunciado como novo ministro da Fazenda, Levy se mostrou pouco à vontade em responder a questões espinhosas (como no dia do anúncio de que ele seria o novo ministro, dando um sorriso ao invés de responder se “ficava bem para o Brasil” a flexibilização do superávit primário), agora ele parece mais desenvolto para responder as perguntas, mesmo que elas tenham um cunho “polêmico”. Este foi o caso quando ele foi questionado se era um “Chicago Boy” e como ele reagiu durante bate-papo com internautas na última sexta-feira, ao responder as perguntas em um tom informal.
Assim, as frases de efeito que tanto marcaram os mais de 8 anos de ministério da Fazenda no comando de Mantega, passando desde previsões “furadas” sobre o PIB brasileiro e até quando brincou de que “teria uma bola de cristal”, podem continuar, mas de um outro jeito. Quem não se lembra do “PIB piada”, quando o então ministro criticou o Credit Suisse pela previsão de crescimento do PIB brasileiro, mas o resultado foi pior ainda do que o banco suíço esperava? Ou quando ele deixou escapar o exorbitante reajuste do salário mínimo para R$ 788 mil (só que não)?
Pelas primeiras falas do atual ministro, Joaquim Levy, pode-se esperar também algumas frases de efeito. Contudo, espera-se ainda mais que ele atue de modo diferente do que o seu antecessor fez, de modo a cortar gastos e fazer ajustes fiscais. E que Levy não erre tanto as prevsões quanto Mantega.