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África do Sul se despede do maior líder de sua história

Nelson Mandela deixa, em seu legado, não apenas uma sociedade mais justa como também a possibilidade de a população encarar e superar seus novos desafios
Por  Leonardo Pires Uller
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Sem sombra de dúvida, o falecimento de Nelson Mandela trouxe as atenções à África do Sul em uma intensidade que Copa do Mundo alguma poderia proporcionar. Madiba, como era conhecido, foi um homem como poucos foram ou serão.

Na mesma galeria que ele, se encontram pouquíssimas lideranças mundiais com atuação e contribuição para a humanidade incontestável, todas já falecidas também. Talvez, as de maior destaque sejam Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e Martin Luther King.

Realmente, essa é uma lista muito exclusiva. Mandela, ao longo de sua vida, deu sucessivas provas de ética e moral que certamente serão lembradas por muito tempo. Ao assumir a presidência de sua nação, após quase três décadas de prisão por sua atuação política, evitou um caminho revanchista e uma fatal guerra civil, ao contrário, pregou e praticou a tolerância.

Esse é o maior mérito do líder e talvez não exista momento mais adequado que o atual para que a África do Sul mire o exemplo e encare seus novos desafios. A AIDS hoje é um dos maiores problemas da nação: a expectativa de vida de um sul-africano é de apenas 53,4 anos, número espantosamente baixo mesmo quando comparado a outros países em desenvolvimento. Grande parte do resultado se dá por conta da epidemia que a nação sofre. Dados de 2010 afirmam que, naquele ano, cerca de 280 mil pessoas morreram por conta da doença.

Outro grande legado de Mandela foi ter deixado uma democracia realmente plena em seu país, conquista que poucas nações africanas podem se vangloriar. Sua atuação política permitiu que, mesmo com percalços, o país entrasse em uma rota de crescimento e maior distribuição de riqueza.

No entanto, ainda há muito a melhorar. Além da epidemia de AIDS, a educação do país é fraca, a taxa de homicídios é muito elevada, e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da África do Sul marca apenas 0,629, número próximo de países como o Camboja e o Vietnã. Dados que são resultado de muitos anos de colonização e segregação.

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A atuação de Nelson Mandela, definitivamente, colocou o país nos trilhos certos. Mesmo que, em seu mandato, questões como a AIDS, a economia ou a violência não estivessem em primeiro plano, o mérito de ter evitado uma sangrenta guerra civil e mantido uma democracia estável permitiu que seus sucessores tivessem as condições necessárias para elevar o padrão de vida da nação e tenham agora as condições para sanar esses problemas.

Em 2013, certamente, a África do Sul é um país mais justo, igualitário e promissor do que era em 1990, quando Mandela saiu da prisão. Não é por menos que ela foi a nação convidada para ser incluída como quinto membro dos BRICS, grupo que incluí as grandes nações com maior potencial de crescimento nos próximos anos: Brasil, Rússia, Índia, China e, mais recentemente, África do Sul.

Hoje, a África do Sul e o mundo acordaram de luto. Realmente, o mundo tem muito o que agradecer ao grande ser humano que foi Nelson Mandela. Que seu legado inspire líderes de todas as nações e que esse também seja o momento da população encarar os novos desafios que o século XXI trás aos cidadãos sul-africanos.

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