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A resposta de Luiza Trajano contagiou as ações da Magazine Luiza na Bolsa?

Entrevista da dona da varejista no Manhattan Connection viralizou na internet após Luiza "levar a melhor" no debate com os jornalistas do programa
Por  Lara Rizério -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Os pessimistas de carteirinha com a economia brasileira tiveram um forte revés no último final de semana. Em meio a um cenário desenhado por muitos de fraco crescimento econômico, possível rebaixamento de rating ainda antes das eleições, desaceleração do consumo, a empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza (MGLU3), rebateu as “perspectivas sombrias” para o País no último domingo.

Foi no programa Manhattan Connection, da Globo News. O vídeo da entrevista (que pode ser visto no final da matéria) logo se espalhou pela internet e foi alvo de discussões nas redes sociais, entre aqueles que se mostraram favoráveis à Luiza e aqueles que falam que a empresária é “amiga de Dilma” e que tem uma visão muito “poliana” – ou otimista – sobre a atividade econômica brasileira.

O fato é que, em meio às perspectivas predominantemente ruins sobre o Brasil, chama a atenção que uma empresária em um opinião contra a maré tenha ganho a discussão com quatro “pessimistas” com o País, em maior ou menor grau, e valendo ainda de dados econômicos bastante sólidos. Luiza fez questão de ressaltar o copo meio cheio que costuma enxergar na economia, enquanto muita gente prefere ver o copo meio vazio.

Luiza X jornalistas
Rebatendo a afirmação de Caio Blinder de que o “varejo brasileiro está em crise”, a empresária citou os dados do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo) de que o comércio varejista brasileiro cresceu 5,9% em 2013 e que só as redes de lojas vinculadas ao instituto tiveram uma geração de 631 mil empregos. E ainda ressaltou que, diferente dos EUA, Luiza ressaltou o forte potencial para o segmento no País uma vez que, com tantos brasileiros sem os produtos que nos EUA qualquer um tem, o modelo de consumo de massas parece longe de estar esgotado.

E um dos pontos altos do programa foi a discussão de Luiza e o jornalista Diogo Mainardi sobre os dados de inadimplência do consumidor. Mainardi destacou que todos os fatores que determinaram o crescimento do varejo teriam “murchado” em meio à alta dos juros, a diminuição do crédito e o aumento da inadimplência. Por fim, o jornalista questionou: “quando é que você vai vender suas lojas para a Amazon?”

A empresária rebateu as críticas de Mainardi utilizando os dados do IDV, que comprovam a afirmação de que a economia está melhorando no varejo e, após contestações de Mainardi de que os indicadores da Serasa diziam o contrário, Luiza novamente rebateu. Desta vez, afirmando que o que aumentou foi a inadimplência geral focada e que ela poderia passar os dados para o jornalista por e-mail.

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Mensagem enviada
O e-mail foi recebido por Mainardi. E os números mostram: o nível de inadimplência das pessoas físicas fechou novembro de 2013 em 4,5%, com queda de 1,2 ponto porcentual em relação ao mesmo mês de 2012, quando o índice era de 5,7%. Já outra pesquisa, desta vez divulgada pela Serasa Experian, mostra: a inadimplência fechou 2013 com queda de 2%.

Ao apresentar números para justificar o otimismo com a economia brasileira, Luiza deu alento para aqueles que só viam números e estatísticas negativas para o País, ainda mais levando em conta a desconfiança crescente com os dados do governo, que utilizou artifícios de contabilidade “criatividade criativa” em boa parte do ano passado para cumprir as suas metas.

O otimismo vindo de uma empresária, mesmo que o seu setor tenha sido beneficiado com os programas de aceleração do consumo feitos pelo governo (enquanto outros foram prejudicados em 2013), conta como ponto positivo para o Brasil e mostra que nem tudo são “agruras”. O consumo brasileiro continua em alta e ainda há motivos para se apostar na economia nacional, mesmo com todos os problemas.

Ações em alta na Bovespa
Embora a gravação tenha sido feita no domingo, a repercussão da discussão entre Luiza e os jornalistas ganhou notoriedade a partir de terça-feira, quando passou a ser comapartilhada nas redes sociais e ganhou espaço nos veículos de comunicação na quarta-feira. E todo o otimismo parece ter contagiado suas ações na Bovespa: nesta quarta-feira (22), os papéis da varejista terminaram o dia com ganhos de 5,52% – sua maior alta diária desde 23 de agosto do ano passado -, fechando a R$ 8,60, seu maior patamar desde 28 de novembro.

Vale mencionar que hoje foi um pregão predominantemente positivo na bolsa brasileira: em um movimento de repique após 4 quedas seguidas, o Ibovespa – principal índice de ações da BM&FBovespa – registrou alta de 1,56%, a 49.299 pontos.

Talvez uma discussão com jornalistas não seja um “gatilho” tão importante para um investidor comprar ações de uma empresa. Contudo, certamente quem já tinha MGLU3 em carteira deve ter ficado orgulhoso o bastante para segurar por mais um tempo estes papéis em seu portfólio.

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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