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Volatilidade intensa nos mercados pelo mundo. E Eu Com Isso?

Os mercados externos ficaram animados com a celebração do acordo entre os países da América do Norte. Mas a semana foi de um intenso sobe e desce dos mercados
Por  Marcela Kasparian
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Os mercados globais iniciaram a semana com bom humor após a celebração de um acordo comercial entre EUA-Canadá-México. A cada dia que passa, o temor de uma guerra comercial de grandes proporções envolvendo Trump está mais distante – para alívio de mercados.

Na terça, no entanto, o dia foi negativo nos mercados externos. Mais uma vez, o governo italiano gerou tensão nos mercados. Dessa vez, Claudio Borghi, que comanda o comitê de orçamento da Câmara dos deputados da Itália, afirmou que o problema fiscal italiano poderia ser resolvido com uma moeda própria. A fala gerou uma aversão ao risco nos países europeus e fuga de capitais para países mais seguros da Europa.

A quarta-feira, por outro lado, foi positiva para os mercados globais. O cenário melhor foi resultado de uma recente calmaria da Itália com o governo do país cedendo às pressões da União Europeia para redução de sua meta de déficit fiscal.

Seguindo a tendência de volatilidade da semana, a quinta foi negativa nos mercados globais. A tensão lá fora foi causada por uma série de dados da economia que geram uma pressão inflacionária nos EUA. O presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, indicou que o Fed deverá continuar aumentando a taxa de juros devido aos dados divulgados. O mercado reagiu ao panorama de forma negativa, com uma alta dos juros dos Treasuries (títulos americanos de 10 anos), que chegaram a 3,2 por cento – deixando nos níveis mais altos desde 2011.

Nesta sexta (05), os principais mercados do mundo operam no modo atenção depois que uma série de dados macroeconômicos divulgados ao longo da semana mostraram que a economia dos EUA vem vindo forte. O temor do mercado é o de que os números mais fortes gerem uma pressão inflacionária que culmine em um aumento mais forte dos juros do que o esperado por lá.

E Eu Com Isso?

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Os mercados externos ficaram animados com a celebração do acordo entre os países da América do Norte. Mas a semana foi de um intenso sobe e desce dos mercados, visto que a volatilidade tomou conta. O cenário externo, no entanto, foi menos importante para os ativos brasileiros nesta semana pré-eleições.

 

Polarização consolidada

Saiu na noite de segunda-feira (1) a primeira pesquisa da última semana antes da votação do primeiro turno das eleições de 2018. A pesquisa foi divulgada pelo Ibope e surpreendeu especialistas ao constatar um aumento de 4 por cento nas intenções de voto para Jair Bolsonaro e uma estagnação do candidato petista Fernando Haddad. Os resultados foram: Bolsonaro lidera com 31 por cento, seguido de Haddad (21), Ciro (11), Alckmin (8) e Marina (4). O instituto entrevistou 3.010 eleitores entre os dias 29 e 30 de setembro, com margem de erro de 2 pontos para mais ou menos.

E Eu Com Isso?

O resultado veio acima das expectativas, uma vez que as últimas pesquisas vinham demonstrando o candidato do PSL chegando no seu “teto” de votos e Haddad em leve ascensão. Foi o melhor resultado de Bolsonaro na pesquisa Ibope. O mercado reagiu com entusiasmo, e o Ibovespa registrou alta enquanto o dólar teve uma queda significativa.

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Datafolha anima mercado

Após a divulgação do Ibope na segunda-feira, que refletiu no otimismo dos investidores sobre o mercado brasileiro, o Datafolha divulgou pesquisa na noite de terça (2) e confirmou a tendência. O candidato Jair Bolsonaro cresceu quatro pontos percentuais e chegou a 32 por cento. Foi o melhor resultado do militar na pesquisa do instituto. Fernando Haddad, por sua vez, estagnou nos 21 e viu a distância para o primeiro colocado aumentar. Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Marina Silva chegam em seguida, respectivamente com 11, 9 e 4 por cento.

E Eu Com Isso?

Na semana decisiva das eleições, Bolsonaro consegue fôlego para crescer e demonstra que saiu fortalecido das manifestações do fim de semana. É possível que o movimento #elenão tenha provocado efeito reverso e polarizado mais ainda a situação, transferindo votos para o ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro. Outro importante dado é a simulação de segundo turno do Datafolha de ontem: Bolsonaro tem 44 por cento dos votos contra 42 de Haddad, demonstrando empate técnico. Na pesquisa anterior, Haddad tinha 45 e Bolsonaro somente 39. 

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Qualicorp (QUAL3) – Acordo é questionado

A XP Gestão, segunda maior acionista da Qualicorp (com participação de 9%), entrou com um pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que órgão interceda e suspenda o pagamento de 150 milhões de reais ao fundador e presidente da Qualicorp, José Seripieri ‘Júnior’. A decisão do pagamento da quantia foi divulgada na segunda-feira e objetivo seria reter o sócio e presidente nas suas funções na companhia, visto o papel estratégico que o mesmo possui.

E Eu Com Isso?

Na segunda-feira (1), a notícia foi multo mal recebida pelo mercado e as ações da Qualicorp (QUAL3) fecharam em queda de 30 por cento. No entanto, os questionamentos e a possibilidade de reversão da medida polêmica fizeram com que as ações subissem 10,90 por cento.

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O argumento do questionamento da XP é o de que a decisão de pagar ou não pagar o valor para o sócio deveria ter sido aprovado em assembleia com a presença de todos os sócios, e não somente no conselho de administração. Inclusive, a Lei das S.A. (Sociedades Anônimas) determina isso. Além disso, há o fato de que Júnior tem grande influência na companhia e no Conselho de Administração, visto que ele é o fundador e maior acionista, com 15% de participação.

O valor é muito grande e corresponde a quase 80 por cento do lucro dos seis primeiros meses da companhia. 

Na nossa opinião, é provável que a CVM obrigue a pauta ser deliberada em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), no entanto, sem o efeito suspensório do pagamento, como solicitado pela XP.

No entanto, o estrago já está feito: mesmo que o acordo possa ser revertido e colocado em votação dos acionistas, acreditamos que o efeito negativo e a  percepção de risco da empresa poderá ser duradouro, com as ações negociando com desconto devido à governança corporativa.

 

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Casino estuda venda de ativos para reduzir dívida

O grupo varejista francês Casino contratou um banco para avaliar todas as alternativas possíveis para vender ativos e reduzir o seu nível de endividamento. No Brasil, o grupo é o controlador do Pão de Açúcar (PCAR4) e indiretamente da Via Varejo (VVAR11), formada pelas redes Casas Bahia e Ponto Frio.

O Casino admite que apenas a sua operação na França é intocável e que todas as opções de vendas de ativos estão sendo analisadas.

E Eu Com Isso?

O panorama desenhado coloca na mesa as operações no Brasil como possíveis para venda.

A situação ainda é agravada pelo alto endividamento que o Casino possui. A holding controladora tem endividamento líquido de 2,9 bilhões de euros e ativos de 2,2 bilhões de euros. Na última sexta-feira (28), o grupo francês teve a sua classificação de risco (rating) rebaixado pela Moody’s com perspectiva negativa devido ao endividamento.

Sobre o Pão de Açucar, o grupo negou qualquer negociação sobre a venda por parte do Casino. 

A Via Varejo já está à venda faz dois anos, mas ainda sem uma conclusão. Esse é um dos principais catalisadores para a Via Varejo no curto prazo e evento é importante e deve ser monitorado. O processo de venda privada da Via Varejo continua e que uma possível oferta de ações não está descartada.

 

BRF (BRFS3) – Tarpon reduz participação

A Tarpon, que já foi uma grande acionista na BRF, anunciou que reduziu a participação na companhia para 4,95 por cento. O comunicado ocorreu após o fechamento dos mercados na última sexta-feira e é resultado da grande quantidade de resgastes que a gestora tem tomado desde 2017, visto que as polêmicas envolvendo a BRF foram responsáveis por uma boa parte de tais saques.

E Eu Com Isso?

A notícia é positiva para as ações da BRF (BRFS3) no longo prazo, visto que o desalinhamento de interesses entre os sócios ficou evidente nos últimos anos e isso acabou sendo ruim para a geração de valor da companhia.

A redução da participação no capital da BRF representa o fim de uma era que se iniciou em 2013 com Abílio Diniz presidindo o Conselho de Administração da companhia. Um dos principais sócios da Tarpon, Pedro Faria, foi o presidente (CEO) da BRF por um longo período, inclusive foi um dos presos na investigação da Polícia Federal Carne Fraca do início do ano.

Os últimos anos da BRF foram complicados e marcados por uma redução da rentabilidade dos negócios, alto endividamento, alto custo do principal insumo (milho), escândalo da Operação Carne Fraca da Polícia Federal e diversas disputas societárias. O panorama culminou no recente processo de venda de diversos ativos ao redor do mundo em busca da redução da alavancagem da companhia.

 

CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3) – Agência de risco coloca os ratings em revisão

A agência de classificação de risco Moody’s colocou as notas de classificação de risco (rating) da CCR e da Ecorodovias em revisão para possível rebaixamento após o envolvimento das duas empresas na 55ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada na última quarta-feira (26).

A revisão é reflexo do maior risco da qualidade de crédito e operações dos negócios, após operações de busca e apreensão e prisão de executivos das empresas e de suas subsidiárias.

E Eu Com Isso?

A notícia é negativa para o preço das ações da CCR (CCRO3) e da Ecorodovias (ECOR3), pois as investigações afetaram diretamente a reputação das empresas, o que pode incorrer em aumento do risco e do custo de refinanciamento, além de possíveis multas no processo.

O impacto é mais negativo e duradouro para a CCR, que até então tinha a sua imagem mais isenta, mas que agora conta com envolvimento direto do ex-presidente da companhia.

No caso de Ecorodovias, o mercado enxergava uma companhia que com o objetivo de crescer o portfólio de concessões fez investimentos malsucedidos (ex: Porto de Santos) e que tinha uma governança corporativa um pouco fraca.

As investigações envolvem as empresas concessionárias rodoviárias do Anel de Integração do Paraná: Rodonorte da CCR e Ecovia e Ecocataratas, da Ecorodovias.

O caso envolve o ex-governador do Paraná Beto Richa, do PSDB, que pode voltar a ser preso e envolver possíveis acordos de leniência com o Ministério Público.

 

CVC (CVCB3) – resultado operacional

A CVC divulgou bom resultado operacional do terceiro trimestre de 2018, com volume de reservas de 3,48 bilhões de reais, um crescimento de 10,8 por cento em relação ao mesmo período de 2017.

Nos primeiros nove meses de 2018, as reservas confirmadas acumularam 9,7 bilhões de reais, aumento de 9,7 por cento em relação a 2017.

Outros destaques positivos foram o desempenho das vendas mesmas lojas (SSS) com crescimento de 5,3 por cento e forte crescimento das vendas no canal online (Submarino Viagens) de 86 por cento.

E Eu Com Isso?

O resultado operacional da CVC foi bom e esperamos impacto positivo no preço das ações (CVCB3) no curto prazo.

Depois de um segundo trimestre afetado pela greve dos caminhoneiros em maio, a CVC reportou um forte resultado operacional que deve impulsionar a melhoria de margem Ebitda (uma medida de geração bruta de caixa operacional) no trimestre.

Mesmo num cenário de incerteza econômica, com poder de compra e confiança do consumidor represados, a CVC se destaca pela qualidade de execução, desempenho das vendas on-line e bom retorno sobre o capital.

A empresa apresenta bom desempenho nos dois cenários de taxa de câmbio: o turista vai para Miami com o dólar em baixa e viaja para o Nordeste brasileiro com o dólar em alta.

 

Venda de veículos de setembro – dados da Fenabrave

O Brasil registrou a venda de 213,3 mil veículos novos em setembro, um crescimento de 7 por cento em comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado dos nove primeiros meses de 2018, as vendas atingiram 1,84 milhões de carros, um aumento de 14 por cento em relação ao mesmo período de 2017.

A Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos) divulgou nova projeção de crescimento de vendas de veículos em 2018 e espera um crescimento de 12,5 por cento em relação ao ano anterior.

 

E Eu Com Isso?

As vendas confirmaram o bom desempenho das vendas de automóveis e comerciais leves no mês de setembro e no acumulado de 2018, com crescimento da ordem de 14 por cento. A notícia é positiva para as ações do setor automotivo, com impacto direto para Metal Leve (LEVE3), Tegma (TGMA3), Randon (RAPT4), Iochpe-Maxion (MYPK4) e Tupy (TUPY3), ações consideradas small caps, que se beneficiam da recuperação econômica no mercado doméstico.

Com isso, a Fenabrave fez mais uma revisão para cima da projeção de vendas de veículos: crescimento de 12,5 por cento em 2018.

A grande questão do setor é qual será o tamanho do mercado de vendas de veículos, que atingiu o seu ápice em 2012 com 3,8 milhões (o recorde anterior era de 3 milhões de veículos em 2009).

O crescimento econômico, a melhora do nível de emprego e a confiança do consumidor são os principais catalisadores para o crescimento das vendas de veículos no futuro.

 

Bolso cheio

Pelo sétimo mês consecutivo, a poupança voltou a atrair o interesse dos brasileiros, ficando com o saldo positivo de 8,54 bilhões de reais.

De janeiro até setembro, capitação líquida foi de 25,5 bilhões de reais – o melhor resultado para o período desde 2013.

E Eu Com Isso?

Acreditamos que o resultado dessa captação positiva seja um bom dado econômico, mas, sem dúvidas, uma péssima opção para os seus investimentos.

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