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O pior inimigo do investidor

Será que você quer pagar para ver ou prefere investir com tranquilidade? Eu não. Prefiro gastar algumas horas analisando a qualidade dos bancos e desconfiando de altas taxas de retorno oferecidas
Por  Glenda Ferreira
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Em um primeiro momento você pode até achar que não, mas por muitas vezes corremos riscos justamente porque não nos damos conta de que se tratam de riscos.

A afirmação é do Nobel da Economia Daniel Kahneman, especialista em estudos do comportamento do investidor. Ele aponta diversas possíveis razões para a tomada de decisões que não sejam as melhores possíveis – especialmente em situações em que não podemos avaliar o todo corretamente.

Por exemplo: quando há risco, normalmente, evitaríamos a todo custo – mesmo porque a aversão a perder é o que sempre temos em mente: não perder, exceto quando o assunto é peso. Mas durante essa ânsia em evitar um dano, podemos cair no meio da desordem.

E é aí que verificamos que o nosso pior inimigo somos nós mesmos.

É o caso de investidores que buscam por aversão ao risco a todo custo e dedicam todo o seu patrimônio à renda fixa.

Mas, por acreditarem que não sofrerão oscilações, esquecem o efeito da marcação a mercado em seus títulos e desesperam-se ao ver a sua rentabilidade momentaneamente despencando.

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Ou ainda optam por investir em CDBs ou LCIs sem o olhar atento ao emissor. Contando como justificativa unicamente a garantia do FGC.

Mas, afinal o que é e como funciona esse resguardo? Reduz o risco a zero?

O tão falado FGC

O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é uma entidade privada sem fins lucrativos que nasceu da união dos bancos (entram também sociedades de crédito, financiamento, investimento e crédito imobiliário, companhias hipotecárias e associações de poupança).

Atua como um mecanismo de proteção aos investidores em caso de quebra de banco ou corretora, mas inclui também casos de intervenção e liquidação das instituições financeiras.

O modelo iniciou nos Estados Unidos por conta das frequentes crises observadas no país. Em 1933, foi criada a primeira instituição no mundo a prover garantia de depósitos no formato comparável ao que se conhece atualmente, o FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation).

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Por aqui, o recurso é válido para as seguintes aplicações financeiras: conta corrente, caderneta de poupança, depósitos a prazo como RDB (Recibo de Depósito Bancário) ou CDB (Certificado de Depósito Bancário), letras de câmbio, letras imobiliárias, letras hipotecárias, letras de crédito imobiliário, letras de crédito de agronegócio e operações compromissadas de títulos emitidos após 8 de março de 2012 por empresa do mesmo conglomerado financeiro.

(Reparou que a poupança está nesse meio? Pois é, não vale mais usar o argumento de que este é o destino mais seguro para o seu dinheiro já que conta com a mesma garantia que os demais investimentos).

Mas há uma limitação.

A cobertura, como você já deve ter ouvido falar, é de R$ 250 mil (considerando o valor investidos somados os juros recebidos) por CPF ou CNPJ e instituição. Não adiantar ter um CDB e uma LCI de um mesmo banco caso totalizem mais do que os R$ 250 mil, já que não contam as aplicações individuais, mas sim do emissor e conglomerado que pertencem em questão.

Além disso, há a limitação de R$ 1 milhão a cada quatro anos, que foi recentemente estabelecida.

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Até aí tudo bem, não é mesmo?

Mas você já se perguntou se o FGC é tão grande assim capaz de salvar todo o sistema financeiro do país?

Vamos aos dados.

O limite para restituição dos clientes é o tamanho da reserva do FGC. De acordo com o seu último balanço divulgado, o seu patrimônio é de mais de R$ 66 bilhões, sendo R$ 45,9 bilhões de disponibilidades para cobrir eventuais proteções.

De maneira geral, o órgão está preparado para cobrir crises pontuais, de uma ou outra instituição, e não em caso de uma crise generalizada. Há estudos que indicam que a capacidade para cobrir o volume total do sistema não chega a 2%.

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Na crise americana de 2008, por exemplo, o FDIC (a dos EUA) quebrou junto com uma série de bancos e teve que ser socorrido pelo governo também.

Dessa forma, se não tiver recursos disponíveis, não precisa oferecer a garantia. Ao contrário do que muita gente pensa, o FGC não é um seguro. E só reembolsa o depositante ou investidor se houver recursos.

Por isso, apenas a garantia do órgão não deve ser onde você deve depositar toda a sua confiança.

Além de toda a dor de cabeça para reaver o seu dinheiro, você pode perder até alguns meses sem ter rentabilidade.

Mas não tenho dúvidas de que já ouviu muito “dividida o montante em ativos oferecidos por diferentes conglomerados financeiros” por aí.

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Será que você quer pagar para ver ou prefere investir com tranquilidade?

Eu não. Prefiro gastar algumas horas analisando a qualidade dos bancos e desconfiando de altas taxas de retorno oferecidas.

Se você visa a segurança da renda fixa, não há razão para tomar riscos desnecessários e não calculados.

Portanto, nada de manter a confiança extrema no FGC se você pode contar com outras ferramentas para analisar a qualidade e capacidade de pagamento da instituição a qual está investindo.

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