Investimentos: Qual a melhor estratégia diante da volatidade dos mercados?

A conjuntura macroeconômica atual dificulta a formulação de perspectivas para horizontes mais longos

Axel Christensen

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Nos primeiros dois meses de 2025, os mercados financeiros registraram uma crescente volatilidade, reflexo das mudanças fundamentais tanto no ambiente geopolítico, quanto na macroeconomia global. Esse cenário se soma a megaforças, como a inteligência artificial (IA), que estão moldando as perspectivas dos investidores e podem gerar diferentes visões, dependendo do horizonte considerado.

A transformação econômica impulsionada por megaforças pode continuar influenciando as tendências de longo prazo, limitando a convicção sobre as métricas de valorização das empresas, especialmente as do setor tecnológico. Essa situação tem preocupado muitos investidores, uma vez que as ações americanas atingiram máximas históricas. No entanto, é importante reconhecer a dificuldade de determinar a valorização apropriada de uma empresa em meio a um processo de mudança tão profundo, como o impulsionado pela IA.

Por outro lado, a conjuntura macroeconômica atual — com a política comercial dos EUA alcançando os maiores níveis de incerteza em mais de 60 anos — também dificulta a formulação de perspectivas para horizontes mais longos.

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Uma forma de enfrentar o desafio de investir em um ambiente tão incerto é dar maior peso às perspectivas táticas de curto prazo, entre seis e 12 meses. Isso permite maior agilidade para reagir a mudanças inesperadas no cenário, características comuns em momentos de alta incerteza. Por exemplo, um cenário base razoável para este ano é que os lucros das empresas americanas se mantenham sólidos e que os benefícios da IA se expandam para setores além do tecnológico. No entanto, a adoção de políticas econômicas nos EUA que resultem em pressões inflacionárias ou em uma desaceleração da atividade econômica poderia modificar esse quadro, exigindo ajustes nas decisões de investimento — algo que não ocorreria caso o foco estivesse apenas no longo prazo.

Isso não significa, no entanto, que se deva negligenciar o horizonte de médio e longo prazo. As decisões de investimento precisam refletir o potencial das transformações impulsionadas por megaforças, como a IA e a mudança climática. Uma abordagem para essa perspectiva é incluir oportunidades em mercados privados, como dívida privada ou infraestrutura, que se encontram na interseção de diversas megaforças. Esses ativos tendem a ser menos sensíveis à conjuntura econômica de curto prazo, embora não sejam imunes à incerteza de longo prazo. Além disso, são alternativas de investimento complexas, com níveis de risco potencialmente elevados e restrição de liquidez, podendo não ser adequadas para todos os perfis de investidores.

Em resumo, megaforças como a IA e os sólidos fundamentos corporativos até o momento, sustentam um maior investimento no mercado de ações americano, apesar da elevada incerteza política de longo prazo. No entanto, é essencial monitorar eventuais mudanças no cenário para ajustar essa visão conforme necessário. Paralelamente, uma perspectiva de longo prazo permite considerar ativos em mercados privados, desde que alinhados ao perfil de risco e aos objetivos do investidor.

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Axel Christensen

Estrategista-chefe da BlackRock para América Latina