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Uma reflexão simplória sobre a crise energética

Os maiores gastos com a energia não são residenciais, mas a reflexão simplória sobre a crise energética talvez seja válida.
Por  Eli Borochovicius
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Nos meses de dezembro e janeiro faz muito sol, pouca chuva e para evitar problemas de saúde e mal estar, o ar condicionado e umidificador geralmente ficam ligados por mais tempo que o normal. As tradicionais festas de final de ano são inevitáveis e por conta disso, é natural o aumento de consumo de energia com o uso da geladeira, máquina de lavar louças e máquina de pressão para a limpeza da área externa. Além disso, comumente as pessoas ficam mais tempo em casa, seja em função de férias coletivas, seja recesso, consumindo mais energia.

Vale ressaltar que independente da crise hídrica, a consciência ambiental deve imperar e a área externa ser lavada com a água proveniente da máquina de lavar roupas, armazenada em recipiente apropriado.

Tomando como exemplo apenas uma residência, em análise simplificada, o resultado foi um aumento de 111% na conta de energia elétrica. O consumo subiu consideravelmente, mas não foi o único responsável pelo rombo orçamentário familiar já que o preço também aumentou. O kW/h em dezembro custou R$0,44 e em janeiro, R$0,48, aumento de 8%.

Desse jeito as contas não fecham e se faz necessária uma readequação urgente do planejamento financeiro, considerando também o impacto dos demais aumentos como água, combustível, alimentação e educação.

Desconsideremos aqui as atrapalhadas políticas, falta de planejamento governamental bem como todos os indícios de corrupção que assolam o país e que poderiam ser revertidos em projetos de investimento em geração de energia. O fato é que aumentaram os custos, ainda que a revolta aflore.

Uma alternativa interessante para a redução de custos com eletricidade seria um sistema próprio de geração de energia, por meio de painéis solares fotovoltaicos.

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Obviamente não faria sentido adquirir um sistema que atendesse ao pico de energia consumido nesse último mês de janeiro, mas para a média anual, de 600kw/h. Para isso, seriam necessárias 17 placas de 250 Watts ao custo aproximado de R$34.000,00, de acordo com os cálculos realizados em um simulador on line. O investimento certamente seria mais alto em função da necessidade de adequação do espaço para a instalação do sistema, com gastos com mão de obra (pedreiros e pintores) e materiais.

O custo mensal para esse consumo, considerando o custo de R$0,48 o kW/h é, em média, R$287,00. Se considerarmos que o valor do investimento (somente do sistema) poderia estar aplicado a uma remuneração mensal de apenas 0,5%, sendo extremamente conservador e que o custo anual da energia aumentasse em 7%, média alta de inflação, seriam necessários quase 10 anos para pagar o investimento.

Se considerarmos que a maioria da população não dispõe desse recurso à vista e precisaria financiar o investimento, o tempo para o retorno seria majorado.

A dúvida que fica é por que motivo, em meio à crise hídrica e energética, não existe um movimento político no sentido de incentivar o investimento em painel solar fotovoltaico. Incentivos fiscais e liberação de crédito a custos reduzidos poderiam ser uma solução, ainda que intermediária e temporária.

Sabemos que existem esforços no sentido de ampliar os parques eólicos e o uso da energia térmica como alternativa, mas se a estratégia de investimento em energia fotovoltaica funcionar para as pequenas residências, é possível que também funcione para bares, restaurantes, shopping centers, universidades e indústrias.

Por analogia, no passado era inconcebível que as pessoas tivessem computadores em casa e telefones individuais (celulares). Será que o futuro não reserva a geração de energia própria?

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Eli Borochovicius Eli Borochovicius é docente de finanças na PUC-Campinas. Doutor e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, com estágio doutoral na Macquarie University (Austrália). Possui MBA em gestão pela FGV/Babson College (Estados Unidos), Pós-Graduação na USP em Política e Estratégia, graduado em Administração com linha de formação em Comércio Exterior e diplomado pela ADESG. Acumulou mais de 20 anos de experiência na área financeira, tendo ocupado o cargo de CFO no exterior. Possui artigos científicos em Qualis Capes A1 e A2 e é colunista do quadro Descomplicando a Economia da Rádio Brasil Campinas

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