Falar é fácil. Difícil é fazer.
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Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Consumidor (SPC) Brasil em julho de 2015 revela que o brasileiro reconhece a importância de corretas atitudes ligadas ao consumo para a vida em sociedade, mas nem todos praticam. Apenas dois em cada dez brasileiros podem ser considerados consumidores plenamente conscientes.
Ninguém aprende a andar de bicicleta apenas observando. É necessário montar, encontrar o próprio equilíbrio, cair algumas vezes até que se consiga pedalar sem apoio. Aprende-se a fazer o ajuste da altura do banco, guidão e com o passar do tempo, ao adquirir experiência, alguns utilizam marchas e ficam até mais exigentes, buscando inclusive materiais específicos.
Orçamento familiar segue a mesma regra.
Definitivamente não é possível resolver todos os problemas de uma só vez dado que se faz necessário, primeiramente, analisar o cenário atual, encontrar o equilíbrio das contas, para depois fazer os ajustes.
É difícil demais acertar logo de primeira, acredite nisso!
Trago a experiência de sala de aula.
Os alunos passam duas aulas aprendendo a classificar as contas do dia-a-dia de uma família, com direito a exemplos. Na aula seguinte é pedido que separem as contas em despesas fixas e variáveis dado que, nestas últimas, é possível reduzir à medida que se diminui o consumo.
Para consolidar o aprendizado, é dado o exemplo de uma pessoa com receitas inferiores às despesas, exigindo que algumas contas sejam eliminadas e outras reduzidas, visando inclusive, criação de reservas financeiras.
Contas como aluguel, internet, celular, água, gás, energia elétrica, combustível, parcela do carro, academia, escola, enfim, uma série de itens comuns à vida de qualquer pessoa é apresentada para simular as dificuldades financeiras mais comuns encontradas por quem busca soluções para o equilíbrio financeiro.
É incrível como os alunos, ao se depararem com as contas do cotidiano, tem dificuldade em aplicar o que fora aprendido. Os sacrifícios iniciais para “colocar a casa em ordem” parecem desafiadores.
Nas primeiras tentativas, fracassam, mas sentem-se aliviados apenas fazendo com que as despesas se igualem às receitas. Em novas oportunidades passam a identificar supérfluos que possam ser postergados e passam a fazer uma pequena poupança. Ao adquirirem mais experiência, passam a compreender a importância de “se pagar primeiro” e investir. O estágio seguinte é aprender a fazer escolhas mais adequadas ao seu perfil, tanto em termos de consumo, quanto de investimento.
Ser consumidor consciente vai muito além de evitar o desperdício e as compras desnecessárias, pois além da responsabilidade financeira, existem as questões ambientais e sociais.
Como boas práticas ambientais estão doação de produtos em desuso ao invés do descarte, reciclagem do lixo, redução no uso do papel, reutilização de água e compartilhamento no deslocamento ou uso do transporte público. No aspecto social é possível destacar a aquisição de produtos originais dado que empresas legalmente constituídas não promovem trabalho infantil ou trabalho escravo e não incentivam a prática de crimes.
Para as pessoas com saúde financeira debilitada vai uma dica: exercite o planejamento financeiro com ajuda de profissionais qualificados ou busque um curso de educação financeira que permita refletir sobre os hábitos de consumo.
Em condições normais, quem aprende a andar de bicicleta nunca mais esquece. É verdade que passados alguns anos sem uso, apresentará alguma dificuldade pela falta de treino, mas não deixará de se manter equilibrado.
O mesmo vale para o orçamento doméstico. Não se aprende vendo, é necessário praticar.
Já que falar é fácil, difícil é fazer; que tal começar ainda hoje?