Dinheiro é assunto para a criança do século XXI

Embora alguns especialistas julguem que o dinheiro seja um assunto exclusivo de adultos, outros entendem que, para as crianças, é uma forma de inclusão familiar.
Por  Eli Borochovicius
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Para a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, a Educação Financeira é o processo de melhoria da compreensão dos conceitos financeiros visando a identificação de oportunidades e riscos envolvidos, contribuindo com a formação de indivíduos e sociedades responsáveis, comprometidos com o futuro.

Em 2009 o governo brasileiro lançou a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF, com a finalidade de promover a educação financeira e previdenciária nas escolas públicas e contribuir para o fortalecimento da cidadania e a tomada de decisões conscientes por parte dos consumidores.

Houve um despertar, também nas escolas particulares, para a reflexão sobre o papel do dinheiro no ambiente familiar. Por ser um tema novo e que revela a necessidade de mudanças curriculares, especialistas da educação passaram a dialogar sobre os benefícios e dificuldades da educação financeira para crianças.

Por um lado, o tema é visto como uma prática exclusiva dos adultos e o aprendizado precoce das finanças tiraria o encanto dos sonhos infantis, além de concordarem que as crianças não estão preparadas para discutir a complexidade do assunto. Por outro lado, o dinheiro faz parte do cotidiano da sociedade e a educação financeira permite que a criança se sinta incluída nas decisões familiares de forma ativa, contribuindo para o cumprimento dos objetivos previamente traçados no planejamento familiar.

Se as crianças no passado levavam para o intervalo das aulas um pão com manteiga envolto no papel alumínio, hoje carregam cartão de débito pré-pago para consumirem na cantina da escola. No passado, o consumo de produtos importados era extremamente limitado, com o fácil acesso à compra de bens de consumo no exterior, as crianças desfilam nos corredores das escolas com objetos dos mais variados tipos e procedências.

Ainda que o conhecimento das estratégias de investimento e a administração financeira sejam complexos, a introdução de conceitos básicos por meio de atividades e brincadeiras sobre o consumo consciente, planejamento orçamentário e a importância dos impostos para que o governo possa cumprir com as suas obrigações, permite que a criança tenha uma percepção mais clara do seu papel na família e na sociedade, permitindo a construção de um adulto que busque a superação das desigualdades e do respeito ao próximo.

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Desenvolver uma reflexão sobre a melhor forma de equilibrar as receitas e despesas para a vida que cada um escolhe para si não precisa ser tardia. Além disso, é válido lembrar que os juros compostos favorecem os jovens na formação de poupança para a aposentadoria. Essas crianças que recebem educação financeira nas escolas certamente não dirão a mesma coisa que os seus pais: “Por que eu não aprendi isso antes?”.

Eli Borochovicius Eli Borochovicius é docente de finanças na PUC-Campinas. Doutor e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, com estágio doutoral na Macquarie University (Austrália). Possui MBA em gestão pela FGV/Babson College (Estados Unidos), Pós-Graduação na USP em Política e Estratégia, graduado em Administração com linha de formação em Comércio Exterior e diplomado pela ADESG. Acumulou mais de 20 anos de experiência na área financeira, tendo ocupado o cargo de CFO no exterior. Possui artigos científicos em Qualis Capes A1 e A2 e é colunista do quadro Descomplicando a Economia da Rádio Brasil Campinas

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