Veja por que dizer “sim” pode se tornar prejudicial para a carreira

Por trás da aceitação, existe a insegurança de ser repreendido ou mesmo a falta de percepção de que questionar é saudável

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – “Às vezes um ‘não’ bem dito é melhor que um ‘sim’ mal dito”. O ditado lembrado pelo diretor-executivo da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Marshal Raffa, traduz um comportamento recorrente entre muitos profissionais brasileiros, o de dizer “sim” para todos os pedidos, projetos e ordens dados pelos líderes.

O comportamento de aceitar é grave, mas aceitar sem questionar é ainda pior, na avaliação do especialista. “Dizer ‘sim’ é sempre prejudicial para o profissional e para a empresa”, ressalta.

Na avaliação de Raffa, os profissionais não são totalmente culpados por esse comportamento. “É uma questão cultural. Na América Latina, temos dificuldades de dizer não”, afirma. Por trás da aceitação, existe a insegurança de ser repreendido ou mesmo a falta de percepção de que questionar é saudável. “O conflito bem conduzido é positivo”, completa.

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Os prejuízos
Um profissional submisso a tudo o que lhe é apresentado é tão inseguro quanto a sua atuação que aceita, sem questionar, qualquer ideia e projeto, ainda que eles sejam questionáveis.

Para Raffa, a submissão total e inquestionável evita o desenvolvimento do profissional e piora algumas características inerentes a quem se comporta dessa forma. “Esse profissional que diz sempre ‘sim’ não tem opinião própria, nem iniciativa e é pouco criativo”, afirma.

Com isso,o prejuízo não é só dele. “A empresa, no fim, terá um profissional limitado, que não se desenvolve e não tem autocrítica para melhorar seu trabalho”. Por consequência, os resultados da empresa  acabam ficando comprometidos diante de tanta submissão.

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Isso porque um profissional que diz “sim” sempre tem uma lista de projetos para tocar. Para cumprir os prazos, ele trabalha além da conta e acelera o ritmo. Resultado: o trabalho perde qualidade.

Aprendendo a dizer “não”
Para resolver o problema, a alternativa é dizer “não”. “Ele tem que ter bom senso”, diz Raffa. E como fazer isso sem passar a impressão de que está desinteressado? Argumentando. “Não é somente dizer ‘não’, é dizer ‘não’ e ‘porque’”, ressalta.

Nessa hora, até o líder tem papel importante. “Ele tem que se posicionar e sinalizar o problema para o profissional”, acredita. A ideia, segundo Raffa, é incentivar o profissional a ter ideias, a questionar. Só assim ele poderá, diante de uma solicitação, dizer “e se fizermos de outra forma?”.

Para chegar a esse ponto, porém, o profissional precisa aprender a dizer “não”. “O profissional que tem dificuldades de dizer ‘não’ tem de trabalhar esse medo e sair da zona de conforto para ver que as mudanças são inevitáveis”, completa o especialista.