Veja como as empresas receberam a notícia de que a lei de estágio mudou

Maioria das empresas devem manter número de estagiários; 21% reduzirão; e 13% dizem que contratarão mais

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O mercado recebeu bem as mudanças na lei de estágio, afirma a presidente do grupo DMRH e Cia. de Talentos e diretora de Jovens Profissionais da ABRH-SP (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Sofia Esteves.

“As empresas consideraram muitos pontos da lei justos. As grandes organizações, por exemplo, já concediam férias proporcionais aos estagiários. Restam, entretanto, dúvidas quanto à implementação”, diz ela. Uma dessas dúvidas diz respeito ao relatório de atividades do estagiário, que deve ser enviado às instituições de ensino a cada seis meses, no máximo.

Sobre o fato de que, agora, estagiários não poderão trabalhar mais de seis horas por dia, algumas falam em demitir estudantes, já que precisam de profissionais que trabalhem oito horas por dia, ao passo que outras falam em contratar, para suprir a falta ocasionada pela redução da carga horária.

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O que as empresas decidiram

Para descortinar como o mercado havia recebido a notícia das mudanças, a diretoria de Jovens Profissionais da ABRH-SP promoveu uma pesquisa em conjunto com o GCET (Grupo de Coordenadores de Estagiários e Trainees), composto por mais de 80 gestores de RH de empresas de grande porte.

Segundo o estudo, a maioria dos gestores (66%) acreditam que a empresa deve manter o número de estagiários mesmo com a nova lei; 21% responderam que haverá uma redução; e 13%, ao contrário, dizem que contratarão mais.

Quando questionados sobre o que farão com a bolsa auxílio, metade disse que ainda não definiu o valor; 35% das empresas pretendem manter a bolsa, mesmo com a redução da carga horária; e 15% afirmaram que ela será reduzida. Já no caso das empresas que pagam por hora, 70% disseram que haverá um reajuste para que o valor total seja equivalente ao praticado anteriormente; outras 30% ainda não se decidiram.

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Por último, a pesquisa constatou que 70% das empresas ouvidas já têm estágio de seis horas, embora 80% dos contratos sejam de oito horas.

“O que sinto é que uma empresa vai copiar a prática da outra. Por enquanto, muitas não sabem o que fazer. O maior problema é que a lei restringiu a duração do estágio a dois anos e, com isso, acredito que todas as organizações somente pegarão estagiários do terceiro ano em diante, acarretando menos oportunidades para o estudante que está no início do curso”, diz o coordenador do GCET, Abraão Dantas dos Santos Júnior.

Sobre a pesquisa

O coordenador do GCET conta que cerca de 70 grandes empresas com sede em São Paulo, que representam cerca de 18 mil estagiários, responderam à pesquisa. São companhias dos mais variados setores: alimentício, comunicação, farmacêutico, siderúrgico, químico, telecomunicações, bancário, automobilístico, consultorias de Recursos Humanos, entre outros.

Adaptação

Para o VP de Relações Trabalhistas e Sindicais da ABRH-Nacional, Carlos Pessoa, apesar de algumas empresas estarem criticando a lei, no longo prazo, “tudo irá se ajustar”. “A redução da carga horário faz sentido porque, cada vez mais, os estudantes trabalham longe da universidade e, com o trânsito típico da cidade, acabam chegando atrasados na aula”, analisa.

Além disso, em sua opinião, o objetivo do estágio não é substituir a mão-de-obra efetiva, e sim contribuir para o aprendizado do estudante.