Turnover de executivos no Brasil cresce em relação aos últimos cinco anos

Entre 2006 e 2008, 69% das saídas decorreram de sucessões, 19% de demissões e 12% de fusões ou aquisições

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – No Brasil, a taxa média de rotatividade de CEOs (Chief Executive Officers, na tradução, diretor executivo), em 2008, cresceu 4,6 pontos percentuais ante os últimos cinco anos, de acordo com um estudo da consultoria Booz & Company.

A pesquisa levou em conta as 130 maiores empresas brasileiras com capital aberto e receita líquida acima de R$ 500 milhões.

A boa notícia é que, no Brasil, nos últimos anos, a maior parte da rotatividade dos executivos não teve por motivo a insatisfação dos conselhos com relação a suas performances, e sim as sucessões planejadas. Entre 2006 e 2008, 69% das saídas decorreram de sucessões, 19% foram devido a demissões e 12%, a fusões ou aquisições.

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No resto do mundo

O estudo demonstrou que houve um leve aumento de saídas de CEOs em termos globais. Ao analisar as 2,5 mil maiores empresas do mundo, com ações cotadas em Bolsa, a consultoria concluiu que, apesar da ligeira alta da rotatividade de 0,6 p.p. em todo o mundo, na América do Norte e na Europa, esse índice caiu 0,5 p.p. e 1,9 p.p., respectivamente. O resultado pode sinalizar a confiança dos conselhos de administração dessas organizações em seus atuais diretores.

“Os conselhos estão evitando adicionar instabilidade implícita nas trocas de comando à volatilidade e à complexidade do ambiente externo. Porém, embora escolham manter no cargo seus CEOs experientes, a tempestade econômica representa uma ampla oportunidade de testar sua liderança. As decisões dos CEOs estão sendo cada vez mais esmiuçadas, e temos a expectativa de que as taxas de turnover voltem a crescer no mundo todo, quando os conselhos avaliarem a performance dos líderes ao final da crise”, garante o vice-presidente da Booz & Company no Brasil, Paolo Pigorini.

Os motivos para o turnover de CEOs, em todo o mundo, foram bastante consistentes com os resultados obtidos nas edições anteriores da pesquisa. Dos 361 casos de troca de CEOs, a metade teve por motivo a sucessão planejada (por conta de aposentadoria, doença ou mudanças já esperadas). Já 35% deles foram forçados, isto é, o conselho demitiu o executivo por conta da performance ruim, por problemas éticos ou diferenças irreconciliáveis. Por outro lado, 15% foram causados por fusões ou aquisições.

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Apenas para comparar, em 2007, 346 CEOs tiveram de deixar seus empregos, sendo que 49% das saídas foram planejadas, 31% foram forçadas e 20% foram consequências de fusões ou aquisições.

Setores que mais trocam executivos

As indústrias de serviços financeiros e de energia foram as que mais registraram rotatividade de CEOs, em todo o mundo. No setor financeiro, 18% deles perderam seus postos, quebrando o padrão de anos anteriores. O índice de troca forçada alcançou 8,8%, mais que o dobro da taxa histórica de 3,4%.

Por sua vez, no setor de energia, o turnover forçado também atingiu um recorde, com 5,6% das empresas demitindo seus CEOs, versus a taxa típica de 2,7%. O estudo prova a ligação entre a troca de diretores e a incerteza que cerca determinados setores, por conta da crise mundial da economia.

No Brasil, os setores mais afetados foram metalurgia e siderurgia, responsáveis por 23% das saídas de CEOs em 2008, e serviços financeiros, com 15%.

Perfil dos CEOs

A média mundial de idade dos CEOs que ingressaram nas empresas no ano passado é de 52,9 anos, quase dois anos a mais que a média de 51 ao longo da década passada. No Brasil, a idade média dos novos CEOs tem apresentado certa estabilidade, ficando em torno de 49 anos.

Em 2008, quase 20% dos CEOs no mundo todo já ocuparam o cargo mais alto da empresa anteriormente, praticamente o dobro da média mundial de 9,8% verificada em anos anteriores. No Brasil, essa proporção é muito maior: 46% dos CEOs que assumiram em 2008 já apresentavam experiência prévia no cargo.

Por fim, entre os CEOs dos países englobados pela pesquisa, 65,6% já dirigiram um negócio, seja como diretor mesmo, líder de unidade de negócios ou diretor de operações. No Brasil, o índice é semelhante: 65% dos CEOs atuais das empresas pesquisadas já exerceram cargos com responsabilidades sobre resultados. Os resultados denotam o valor dado pelas organizações à experiência do profissional.