Trocar de estágio com frequência e em pouco tempo nem sempre é vantajoso

O mercado pode fazer diversas leituras de um jovem que fez muitos estágios: ele pode querer desafios ou ser instável

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – Ainda que o período da faculdade seja o melhor para que os estudantes tenham experiências diversas no mercado de trabalho, pular de estágio em estágio em um curto espaço de tempo pode prejudicar o início da carreira do estudante, dependendo da área e da empresa onde ele almeja atuar.

Ficar menos de seis meses estagiando em uma empresa, na avaliação dos especialistas consultados – o superintendente do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágio), Carlos Alberto Cavalheiro, e a consultora da Cia de Talentos, Maria Cristina Barbosa -, não é o suficiente para que o estudante faça dessa experiência válida.

“Em menos de seis meses, o estudante não consegue mostrar o que ele sabe e quem ele é. Ele não consegue mostrar resultados”, afirma Cavalheiro. “A partir de seis meses, ele consegue absorver a cultura e os processos da empresa. É um período mínimo”, considera Maria Cristina.

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As leituras do mercado
Apesar disso, a consultora acredita que o fato de muitos estudantes terem várias experiências no currículo não demonstra apenas aspectos negativos. “A leitura que o mercado pode fazer é que esse estudante busca desafios e aprendizado”, afirma Maria Cristina.

De fato, como está em período de experimentação, o estudante pode multiplicar essas experiências e mudar constantemente em busca da vaga de seu interesse. Isso é natural. “O estágio é um período de aprendizado. É ele que oferece embasamento para esse jovem”, diz.

Cavalheiro, por outro lado, alerta os estudantes que exageram no direito de ter novas experiências. “Em dois ou três meses não dá para aprender o trabalho. E isso é preocupante para a carreira desse jovem, porque essas mudanças contínuas podem ser interpretadas como instabilidade”, acredita. “Ele tem de dar um tempo para amadurecer no trabalho”.

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Para o especialista, se a questão for desafios, cabe à empresa estimular esse jovem e acompanhar seu desenvolvimento para que ele permaneça tempo suficiente para aprender algo.

Os especialistas ponderam que as possíveis leituras que o mercado faz do estudante que muda constantemente não são estanques. “Uma empresa mais conservadora pode não contratar esse jovem. Mas uma que tenha um estilo mais dinâmico pode avaliar de outra forma”, considera Cavalheiro.

Antes da mudança
Independentemente da leitura que se pode fazer de um estudante com esse perfil, antes de optar pela mudança, os jovens em início de carreira devem fazer algumas ponderações. “Até parece algo óbvio, mas eles precisam ver o que estão aprendendo na empresa”, avalia Maria Cristina, da Cia de Talentos.

Para a consultora, os estudantes precisam ter visão de futuro e tentar perceber o quanto aquela experiência pode ser válida em decisões profissionais futuras. Para Cavalheiro, do Nube, uma conversa com amigos e professores pode ajudá-los na hora de decidir entre ficar e sair da empresa.

Afinal, se em poucos meses não é possível assimilar experiências concretas, tampouco é suficiente para perceber se o trabalho será válido e agradará o estudante. “Quando o candidato gosta do trabalho e se identifica com a empresa, ele fica mais tempo”, ressalta Maria Cristina.