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Traders revelam: para viver do mercado, técnica não é o mais importante

O InfoMoney conversou com alguns traders experientes que vão compartilharam dicas e conselhos 

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Muitas pessoas querem viver do mercado, como um trader faz. No imaginário delas isso significa deixar de trabalhar no emprego de horário comercial para operar ações de casa durante algumas horas por dia com roupas confortáveis – e ficar rico. Embora exceções como essa existam, não é tão simples ganhar dinheiro com o mercado financeiro.

É verdade que tentar lucrar com a bolsa de valores pode ser uma boa forma de alcançar a independência financeira. E o trading é uma porta de entrada muito atrativa, basicamente porque não é preciso ter uma formação acadêmica específica para começar a operar – qualquer um pode tentar. 

Claro que como em qualquer outra profissão, se tornar bom no trading, a ponto de viver disso, exige muita prática. Não são minutos que farão você compreender a dinâmica do mercado. Para entender como ganhar dinheiro e como funciona a profissão, o InfoMoney conversou com alguns traders experientes que compartilharam dicas e conselhos. 

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Controle emocional é mais importante que tudo para ganhar dinheiro

Muito mais importante que a carreira acadêmica ou a técnica em si, é o controle emocional. Roberto Lombardi, que começou em 1989 e é fundador da corretora Interfloat, afirma que não é preciso ser formado em economia ou administração, por exemplo. “O que é necessário essencialmente para operar é autoconhecimento emocional e disciplina”, diz o trader que é formado em marketing.

Ou seja, a parte técnica para tomar decisão de comprar e vender ações no curto prazo qualquer pessoa pode estudar e aprender, mas nem todo mundo de fato ganha dinheiro. “Somente 10% das pessoas lucram com a bolsa. O que muda para um ganhar dinheiro e o outro não: controle emocional enquanto opera. Saber administrar as emoções é crucial”, complementa Alison Correia, trader que opera há mais de 15 anos e é analista da Rico Investimentos.  

Tão considerável quanto uma boa análise e se posicionar a favor de algum ativo, é como você vai se comportar quanto estiver ganhando ou perdendo dinheiro. “É necessário equilíbrio para quando estiver acertando alongar o ganho e quando errar reconhecer que vai perder e parar de operar o mais rápido possível”, afirma Lombardi. 

Quando se fala em administrar o emocional, trata-se principalmente de controlar ansiedade e saber aceitar a derrota, além de avaliar o risco x retorno apropriado. “Todo mundo chega iludido com o fator ‘ganhar dinheiro’, mas na hora de operar, a postura que as pessoas tomam diante das dificuldades e vantagens muda muita coisa”, afirma Correia.  

Leia também: Trader, gestor, analista: os salários das profissões mais desejadas do mercado financeiro

Os erros na hora de (tentar) viver do mercado

Entre os traders há muito mais casos de fracasso do que de sucesso. E isso se deve a diversos erros que os investidores iniciantes e até mais experientes cometem. Segundo Didi Aguiar, trader há 38 anos e sócio fundador do DojiStar Graphics, as tentativas viram fiascos porque há uma quantidade enorme de pessoas mal-informadas. “Elas acham que basta ter acesso ao mundo digital para virar o ‘papa do assunto’. Caem na lábia de quem fala muito e sabe pouco. Não dá para virar um profissional sem praticar, então não dá para esperar ganhar muito dinheiro logo de cara”, explica. 

O trader vai ter prejuízo, não tem como fugir disso. “Para ganhar é preciso saber perderDe maneira geral, o problema está entre a cadeira e o computador [ou seja, você]. É preciso lidar com certa humildade. As pessoas ganham uma, duas, três vezes e acham que sabem tudo, que nasceram para fazer isso e no segundo seguinte estão quebradas”, afirma Aguiar. 

É comum focar no dinheiro e não no processo. “O retorno das operações é financeiro, mas as pessoas estão tão focadas nisso, que não aprendem o caminho para o sucesso. Têm ganância e prepotência: quando ganham acham que podem arriscar, mas na realidade não têm estômago para aguentar grandes prejuízos. Uma coisa é uma perda de R$ 100, outra é R$ 3 mil”, complementa Correia, da Rico Investimentos. 

Esse excesso de otimismo com os primeiros resultados, acaba com as chances de várias pessoas alcançarem o sucesso. “Não se iluda achando que o mercado é fácil. Viver do trading é muito difícil”, afirma Lombardi.

Não existe fórmula mágica, nem método secreto para lucrar. “Cada um é cada um, ou seja, cada pessoa responde ao risco e ao prejuízo de maneira diferente. Depois que a pessoa aprende, percebe que o que ganha dinheiro é disciplina e atitude”, diz Aguiar. 

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As dicas para o sucesso

Se você quer virar trader precisa saber que é necessária dedicação exclusiva para a operação enquanto estiver em frente ao computador comprando e vendendo ações. Separe algumas horas do seu dia para focar nisso.

Além disso, sempre use recursos que não vão fazer falta caso perca dinheiro. “Por exemplo, jamais pegue o dinheiro reservado para pagar o aluguel ou outra dívida para começar a operar”, diz Lombardi.  

Ele afirma que o trader precisa de uma boa plataforma de negociação e conhecimento de análise técnica, que é capacidade de entender gráficos. Também é preciso acompanhar indicadores econômicos nacionais e internacionais e sempre ficar de olho nos ativos relacionados ao papel – por exemplo, se você opera PETR4, acompanhe sempre o preço do petróleo.

Para começar você pode usar uma plataforma demonstrativa. “Ela simula o mercado real, mas sem usar dinheiro de verdade. Esse sistema dá replays do mercado,  após às 18h. Dá para apertar o play e estudar o mercado. Você pode simular os cenários sem largar o seu emprego, para ver se é isso mesmo que quer fazer, afirma Correia. 

Já Aguiar acredita que usar o simulador não é uma boa ideia. “Tem que testar de verdade com pouco dinheiro. O trader tem o emocional embutido, então a brincadeira no simulado não tem sentido – no fundo ele sabe que não tem risco já que seu dinheiro não está ali”, explica. 

Para ele, é importante encontrar um método que melhor se adequa ao seu perfil. “Você pode começar a operar com uma estratégia já conhecida ou de uma outra pessoa, como espelho, mas com o tempo é natural que você ajuste sua personalidade e necessidades, mudando gráficos e parâmetros para operar”, diz Aguiar.

Em relação ao tipo de ativo que você deve operar, escolha os que efetivamente tenham volatilidade, volume e liquidez, segundo orienta Lombardi. “A partir daí, é preciso administrar o tamanho da posição, ou seja, quantos contratos está operando. Sempre comece com uma posição pequena”, diz. 

Outra dica valiosa é ter foco no prejuízo. “É preciso ter disciplina para operar. Como vez ou outra você vai perder dinheiro, é muito importante que defina um valor máximo no dia para perder e se alcançá-lo pare a operação. É um estoque que deve ser diário, semanal e mensal”, orienta o trader da Interfloat. 

Pressão

Geralmente, um dos tópicos mais abordados quando se fala de trading é a pressão, justamente pelo trader estar mexendo com dinheiro. Para Aguiar, a pressão é derivada da incerteza na operação. “Se estiver confiante você se sente bem. A pressão vem na hora que você está operando em área desconhecida. Está ligado ao emocional: estar perdendo dinheiro significa que você está pior que outros traders”, diz. 

Lombardi afirma que a experiência dá condição de operar sentindo menos pressão. “Essa confiança é consequência da disciplina ao longo dos anos, da capacidade de reconhecer o prejuízo. Quanto mais disciplina, mais confiança. Com o tempo, você pode ser mais agressivo e conseguir resultados maiores”, explica. 

Ele alerta que o trader um pouco mais experiente deve ser agressivo com o tempo,desde que os resultados sejam consistentes e tenha disciplina para quando errar seguir o roteiro e recomeçar

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.