Trabalhadores com data base em maio não repuseram perdas com a inflação

Sindicatos querem garantir empregos; reajustes parcelados e manutenção de benefícios foram grandes conquistas

Equipe InfoMoney

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SÂO PAULO – Como já era previsto o fraco crescimento da economia tem dificultado as negociações salariais das categorias que têm data base no primeiro semestre deste ano. Apesar da desaceleração da inflação nos últimos dois meses, a variação acumulada nos últimos 12 meses ainda é bastante alta, entre 17% e 32%.

Diante disto, a maioria das categorias não está conseguindo repor as perdas acarretadas pela inflação durante as negociações de novos pisos salariais. E, muitos casos, os aumentos estão sendo concedidos em parcelas, sendo complementados com aumentos na participação dos lucros, ou simplesmente trocados pela manutenção dos benefícios.

Dentre as categorias que têm data base em maio podemos citar: trabalhadores da indústria da construção civil, os metroviários, empresas de saneamento e até mesmo os condutores de veículos públicos.

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Reajuste em parcelas

No caso dos trabalhadores da indústria da construção civil (Sintracon) o aumento foi concedido em duas parcelas para um reajuste total de 18,72%. A primeira parcela do reajuste será aplicada já no salário do mês de maio e será de 12%, enquanto o restante deve ser aplicado somente em agosto.

O Sintracon também conseguiu manter alguns benefícios como o fornecimento de cesta básica, mas no que se refere à elevação do vale-refeição, o aumento de R$ 7,50 para R$ 8 será concedido apenas no início de 2004.

Governo paulista não concede reajuste

Outro setor que está sofrendo dificuldades na negociação de reajustes é o de saneamento e proteção ao meio ambiente. Neste caso a maioria das empresas está sob controle estatal e o governo já anunciou que não pretende conceder nenhum reajuste.

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A exceção ficou por conta da Sabesp que tem controle misto, mas mesmo assim o reajuste ficou abaixo do esperado pelos trabalhadores. Enquanto os trabalhadores reivindicavam a correção com base no ICV (Índice de Custo de Vida) do Dieese, que nos últimos 12 meses acumula variação de pouco mais de 18%, o reajuste concedido foi de 14,45%.

Os trabalhadores da Sabesp também pleiteavam a correção dos benefícios, como cesta básica, vale refeição e auxilio-creche, com base no ICV, mas conseguiram apenas a elevação da cesta básica para R$ 85 e a garantia de uma participação nos lucros equivalente a uma folha de pagamentos. Por outro lado, a empresa concordou em garantir a estabilidade no emprego para 98% dos empregados.

Sindicatos lutam pela manutenção dos empregos

Enquanto os motoristas de ônibus conseguiram um reajuste de 10%, os metroviários ainda não conseguiram fechar acordo sobre o assunto e ameaçam com a possibilidade de greve a partir desta terça-feira.

No caso dos motoristas de ônibus além do reajuste salarial também foi concedido um aumento do vale refeição de R$ 7 para R$ 7,5 e a manutenção do pagamento de uma ajuda de R$ 50 para cesta básica, paga através de cartão magnético

Na opinião do economista do Dieese, Jose Silvestre Prado de Oliveira, a maior preocupação dos sindicatos neste momento em que a retomada do crescimento econômico ainda não aconteceu é, sem dúvida, a manutenção dos empregos.

Oliveira lembra que a combinação do fraco crescimento econômico, queda nas vendas do varejo e da indústria, juros altos e alto desemprego, não existe espaço para negociações salariais visando a reposição da inflação, a manutenção do emprego parece ser a maior conquista dos sindicatos.