Taxa de desemprego no Brasil atinge 8,7% no tri até agosto e renova máxima pela 4ª vez

O aumento da taxa decorre do contínuo aumento da busca por trabalho num momento de baixa confiança na economia e inflação elevada

Reuters

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RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO – A taxa de desemprego do Brasil atingiu 8,7 por cento no trimestre finalizado em agosto e renovou o maior patamar histórico da série iniciada em 2012 pela quarta vez, destacando a deterioração do mercado de trabalho com queda do rendimento real em meio ao cenário de recessão no país.

No trimestre até julho, a taxa medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua havia sido de 8,6 por cento. O resultado também mostrou forte piora ante os três meses até agosto do ano passado, quando a taxa foi de 6,9 por cento, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O aumento da taxa decorre do contínuo aumento da busca por trabalho num momento de baixa confiança na economia e inflação elevada.

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“O mercado de trabalho não está gerando vagas mas está havendo alta expressiva na procura por trabalho. O que se viu em agosto foi um mercado que não absorve a população desocupada criando uma pressão no mercado”, apontou o coordenador da pesquisa no IBGE, Cimar Azeredo.

No trimestre até agosto, a população desocupada, que inclui aqueles que tomaram alguma providência para conseguir trabalho, subiu 7,9 por cento sobre o trimestre imediatamente anterior, para 8,804 milhões de pessoas, nível histórico mais alto.

Sobre o mesmo período de 2014, houve aumento de 29,6 por cento no número de desocupados, também maior nível da série, o que significa 2 milhões de pessoas a mais procurando emprego.

Nos três meses até agosto, somente o emprego com carteira assinada caiu 3 por cento na comparação com o ano anterior, o que representa 1,089 milhão de pessoas.

Já a população ocupada ficou estável nos três meses até agosto, chegando a 92,128 milhões de pessoas ante o trimestre anterior, representando um aumento de 0,2 por cento sobre o mesmo período do ano passado.

“O mercado de trabalho não gera vagas para quem está em idade de trabalhar nem para quem está indo para a força de trabalho. A perda da estabilidade faz com que mais gente vá ao mercado”, completou Azeredo.

O IBGE usa a comparação com o trimestre imediatamente anterior ao período anunciado para evitar repetição de dados.

O nível de ocupação, que mede a parcela da população ocupada em relação àquela em idade de trabalhar, atingiu 56,0 por cento no trimestre até agosto, queda de 0,2 ponto percentual em relação aos três meses até maio.

Já a renda média real habitual recuou 1,1 por cento nos três meses até agosto em relação ao trimestre até maio, a 1.882 reais. Na comparação com o mesmo período de 2014, houve aumento de 1 por cento.

Diante do quadro de recessão e inflação e juros elevados, o mercado de trabalho vem definhando desde o início do ano, com a confiança abalada dos empresários dificultando a criação de vagas. O cenário ainda é agravado pela forte crise política, que aumenta a insegurança.

Pesquisa Focus do Banco Central junto a uma centena de especialistas projeta contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,02 por cento neste ano e de 1,43 por cento em 2016.

Na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, que leva em conta dados apurados apenas em seis regiões metropolitanas do país e será substituída pela Pnad Contínua no começo do próximo ano, a taxa de desemprego do Brasil repetiu em setembro a taxa de 7,6 por cento do mês anterior, mas sem indicar melhora no atual cenário.

O Brasil fechou em setembro 95.602 vagas formais de trabalho, no pior resultado para o mês desde o início da série histórica em 1992, de acordo com dados do Ministério do Trabalho.